1º dia de Copom agita a agenda local; temores de paralisação nos EUA afetam os mercados

A agenda econômica e seus impactos no mercado financeiro

A presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Bloomberg Green Summit está em foco para os investidores. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado se prepara para votar o Projeto de Lei 5.473/2025, que propõe o aumento da taxação de apostas e a elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) aplicada a instituições financeiras.

O Tesouro Nacional realizará leilões para a venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, que são títulos públicos com rendimento vinculado à inflação) e de Letras Financeiras do Tesouro (LFT, que são títulos pós-fixados com rentabilidade atrelada à taxa de juros). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, está programado para uma reunião com ministros em Belém (PA), no contexto dos preparativos para a COP30.

A Embraer divulgou seu balanço referente ao terceiro trimestre, que mostrou uma queda de 76% no lucro líquido ajustado. Já os resultados do Itaú e da CSN serão publicados após o fechamento do mercado. No cenário internacional, as atenções também se voltam para as declarações de Michelle Bowman, vice-presidente de supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), em meio a divergências sobre a gestão das taxas de juros entre os membros do banco central americano.

Além disso, serão acompanhados os discursos de Sarah Breeden, dirigente do Banco da Inglaterra (BoE), e de Joachim Nagel, membro do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do Banco Central da Alemanha. Vale ressaltar que, devido à interrupção das atividades do governo dos EUA, não serão divulgados o relatório Jolts (que trata sobre a abertura de novas vagas de trabalho), dados da balança comercial e informações sobre encomendas à indústria. No entanto, os balanços da AMD, Super Micro Computer e da seguradora AIG estão programados para serem apresentados após o fechamento das bolsas em Nova York.

Na esfera política, eleitores em Nova York, Nova Jersey, Virgínia e Califórnia se preparam para votar na escolha de um novo prefeito, dois governadores e na aprovação ou não de uma proposta de redistribuição de distritos eleitorais. A China também irá divulgar os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) compostos e de serviços referentes ao mês de outubro.

Índices principais do mercado de ações e suas projeções

Bolsas globais em queda devido a incertezas sobre juros e paralisação do governo americano

Os índices futuros da bolsa de Nova York apresentam quedas nesta terça-feira, influenciados pelas incertezas a respeito de novos cortes de juros nos Estados Unidos, complementados pela expressiva queda de 7,28% da Palantir Technologies no pré-mercado. A paralisação do governo Trump, que completou 35 dias, igualando o recorde da interrupção anterior em 2018-2019, também contribui para o clima de incerteza entre os investidores.

O líder da maioria no Senado, John Thune (Republicano), sinalizou que não há apoio suficiente para encerrar o filibuster, ressaltando que “não há vencedores” em uma situação de paralisação. O presidente da Câmara, Mike Johnson (Republicano), informou ter discutido com Donald Trump sobre as implicações do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), que está sendo afetado pela paralisação.

A diretora do Fed, Lisa Cook, observou que a interrupção governamental distorcerá dados econômicos, mas reafirmou a perspectiva de um tom “moderadamente restritivo” na política monetária.

Os juros dos Treasuries (títulos da dívida dos Estados Unidos) estão em queda; o dólar, por sua vez, valoriza-se em relação às principais moedas, enquanto as bolsas europeias também estão recuando, destacando a queda de 9% da Telefónica nos mercados madrilenhos.

Reunião do Copom para definição da taxa Selic

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participa nesta terça-feira da primeira sessão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrerá entre 10h e 12h. A reunião continuará à tarde, das 14h às 17h30. A expectativa do mercado é que a taxa Selic se mantenha em 15% ao ano, conforme indicou o Boletim Focus divulgado nesta semana.

Projeções para a produção industrial em setembro

As previsões indicam que a produção industrial deverá recuar em setembro, conforme a análise de indicadores antecedentes. A mediana das expectativas do mercado aponta para uma queda de 0,4% na produção industrial em setembro, em comparação com uma alta de 0,8% registrada em agosto. As estimativas variam entre uma redução de 0,9% e um aumento de 0,2%.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, projeta um recuo de 0,7% para a produção industrial em setembro. Essa projeção leva em conta dados de indicadores antecedentes, como o recente resultado do índice dos gerentes de compras (PMI) e a confiança da indústria, conforme medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “Em conjunto, os dados sugerem uma retração da indústria em setembro”, comenta o economista.

Desempenho das commodities e reflexos nos ADRs de Vale e Petrobras

Os contratos futuros de petróleo estão em baixa, enquanto o mercado avalia o plano da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que prevê um aumento na produção de 137 mil barris por dia em dezembro, mantendo a oferta estável no primeiro trimestre de 2026. Nesta manhã, o preço do barril do WTI para dezembro caiu 1,67%, alcançando 60,03 dólares. O Brent para janeiro recuou 0,92%, cotado a 63,89 dólares.

Em relação às commodities, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, registrou uma queda de 1,71% no contrato futuro para entrega em janeiro de 2026, com cotação a 775,5 yuans, o que equivale a 108,87 dólares por tonelada. Os American Depositary Receipts (ADRs) da Vale (VALE3) desvalorizaram 1,97% no pré-mercado de Nova York. Os ADRs da Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram uma queda de 0,76%.

Expectativas para o Ibovespa no dia de hoje

A aversão ao risco no cenário internacional, unida à queda dos preços do petróleo e do minério de ferro, deve resultar em uma realização de lucros na B3, após o Ibovespa ter fechado ontem aos 150.424 pontos, estabelecendo um novo recorde e marcando a nona valorização consecutiva.

Esse movimento foi impulsionado por ganhos em Nova York e pela expectativa de um sinal de corte na Selic a ser anunciado no comunicado do Copom nesta quarta-feira. Os juros futuros podem sofrer uma queda com a diminuição dos retornos dos Treasuries, enquanto a diminuição dos preços das commodities e incertezas sobre as taxas de juros nos EUA podem impactar o câmbio.

No âmbito fiscal, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) estima uma arrecadação de até R$ 18 bilhões entre 2026 e 2028 com o projeto de taxação de apostas e da CSLL. A Câmara dos Deputados aprovou, por um expressivo placar de 360 votos a 23, a exclusão de até R$ 3 bilhões em gastos de defesa do cálculo da meta fiscal para 2025.

Esses dados, entre outros, estarão sob a atenção dos investidores e poderão influenciar as negociações na bolsa de valores brasileira, impactando o índice Ibovespa durante o dia de hoje.

Fonte: einvestidor.estadao.com.br

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