## Queda das ações da Ferrari
As ações da **Ferrari** caíram mais de 14% na quinta-feira, 21 de junho de 2024, após a montadora de carros de luxo revisar suas expectativas para o ano fiscal e para 2030 e reduzir suas ambições de eletrificação.
Os analistas expressaram desapontamento com as novas previsões, afirmando que estas não atenderam às expectativas do mercado.
## Atualização das previsões financeiras
A fabricante de carros esportivos, localizada em Maranello, na Itália, afirmou durante seu evento de Capital Markets Day (CMD) que espera uma receita líquida de pelo menos 7,1 bilhões de euros (aproximadamente 10,7 bilhões de dólares) para este ano, um aumento em relação à previsão anterior de mais de 7 bilhões de euros.
A previsão de receita líquida é de cerca de 9 bilhões de euros em 2030, e a empresa visa um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de pelo menos 3,6 bilhões de euros até 2030.
O preço das ações listadas em Milão da Ferrari caiu até 14,7% com as novas informações. As ações da empresa listadas nos Estados Unidos também sofreram uma queda, superando 13,3% durante o pré-mercado.
Os analistas do Citi comentaram em uma nota de pesquisa que a nova orientação da Ferrari “fica abaixo das nossas estimativas de cenário de menor crescimento” e reflete uma postura conservadora da gestão da empresa.
Além disso, eles acrescentaram que “dada a nova orientação, embora conservadora, implica em uma limitação na alavancagem operacional ao longo do ciclo que se aproxima, acreditamos que há riscos para ambas as previsões de EPS consensuais e múltiplos a curto prazo”.
## Mudanças nas metas de eletrificação
Em uma atualização separada, a Ferrari anunciou que pretende que seu portfólio de modelos de carros esportivos em 2030 seja composto por 40% de veículos a combustão interna (ICE), 40% de híbridos e 20% de veículos totalmente elétricos.
A empresa informou que a meta revisada, que é uma redução em relação ao objetivo anterior de 40% de vendas de veículos elétricos até o fim da década, decorre de uma abordagem centrada no cliente e na adaptação ao atual contexto do mercado e suas previsões de evolução.
Essa mudança de direção ocorre enquanto a montadora italiana revelou detalhes sobre a tecnologia que alimentará seu primeiro veículo elétrico. A Ferrari apresentou o chassi e o trem de força prontos para produção do modelo “elettrica” durante um workshop de tecnologia e inovação, afirmando que iniciará as entregas desse modelo no final de 2026.
O veículo completo está previsto para ser lançado em uma estreia global no próximo ano.
“Com a nova Ferrari elettrica, reafirmamos nossa determinação em progredir unindo a disciplina da tecnologia, a criatividade do design e o ofício da fabricação,” disse John Elkann, presidente executivo da Ferrari, em um comunicado.
## Ambições elétricas e o cenário do mercado
Nos últimos meses, várias montadoras globais reduziram suas metas de vendas de veículos elétricos, citando fatores como a falta de modelos acessíveis, um avanço mais lento do que o esperado na instalação de pontos de recarga, e uma competição intensa proveniente da China.
Por exemplo, a Volvo Cars, da Suécia, abandonou seu plano amplamente promovido de vender apenas veículos elétricos até 2030, afirmando em setembro do ano passado que precisava ser “pragmática e flexível” diante das condições de mercado em mudança.
A Ferrari, que viu seu número atual de clientes ativos crescer para 90.000, um aumento de 20% em relação a 2022, também anunciou que planeja lançar uma média de quatro novos carros por ano entre 2026 e 2030.
Analistas do JPMorgan mostraram-se otimistas após os anúncios encerrados no plano estratégico da Ferrari para 2030. Eles expressaram grande confiança na capacidade da gestão de executar seu plano de longo prazo, dado que atualmente a demanda supera amplamente a oferta.
Além disso, eles indicaram que a empresa se beneficia do estilo de liderança de seu CEO, Benedetto Vigna, que desafiou a organização a capitalizar sobre a colaboração para aumentar a velocidade com que adota inovações. Um iminente lançamento de supercarros também pode ter o potencial de impulsionar os lucros, acrescentaram.
— *As informações foram complementadas por Michael Bloom, da CNBC.*
Fonte: www.cnbc.com