Transformação nas Relações com Investidores
Os departamentos de Relações com Investidores (RI) estão passando por uma transformação significativa em suas operações. Este momento pode ser comparado ao início do milênio, quando surgiram as primeiras páginas de internet dedicadas a RI.
Contexto Anterior: Antes da Internet
Antes do advento da internet, as empresas eram obrigadas a informar dados financeiros, como resultados trimestrais, e fatos importantes à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e às principais agências de notícias, aguardando a divulgação dessas informações. Essa prática gerava ineficiências e, frequentemente, assimetrias de informação entre investidores. Com a formalização da publicação de dados nas páginas de RI, as empresas melhoraram sua eficiência e transparência, ampliando sua capacidade de comunicação com um maior número de investidores, especialmente ao oferecer informações em português e inglês.
A Revolução da Inteligência Artificial
Atualmente, a disseminação de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) representa uma mudança tão significativa quanto o surgimento da internet. O trabalho do profissional de RI exige precisão, e, com o tempo, o volume de informações oficiais e financeiras das empresas cresce exponencialmente, tornando difícil a tarefa de informar os investidores. Por exemplo, considere a quantidade de fatos relevantes e resultados trimestrais divulgados por uma empresa como a Petrobras (PETR4). Em vez de dedicarem tempo a contatos e prospecção de investidores, os departamentos de RI precisam navegar em um vasto oceano de informações, um processo que consome tempo e esforço e reduz a eficácia do profissional de RI.
A Nova Contribuição das Tecnologias
As novas tecnologias, portanto, são uma avançada ferramenta e não uma ameaça ao emprego dos profissionais de RI. “Os recursos de Inteligência Artificial não vão substituir os profissionais de RI. Pelo contrário, vão permitir que eles tenham mais contato com investidores e realizem atividades mais estratégicas, deixando a burocracia a cargo da IA”, afirma Marcelo Siqueira, fundador da empresa de tecnologia SUMAQ.
A SUMAQ planeja lançar o SUMAQ NextAI, um sistema de IA que foi desenvolvido com a tecnologia Reap. Este sistema tem como objetivo auxiliar os profissionais de RI por meio da automatização e organização do fluxo de informações que as companhias precisam enviar aos investidores, incluindo relatórios anuais, formulários de referência, fatos relevantes, atas e demonstrações financeiras.
Interface Amigável e Qualidade da Informação
O sistema de IA apresenta uma interface amigável. Em vez de buscar dados manualmente, o investidor, analista de ações, gestor de recursos ou profissional de imprensa pode realizar perguntas, sendo que o sistema oferece respostas prontamente no idioma do usuário, com mais agilidade do que um profissional de RI. Assim, em vez de perder tempo repetindo as mesmas respostas, o profissional pode se concentrar em tarefas mais relevantes, enquanto a IA cuida das atividades repetitivas.
De acordo com Siqueira, a plataforma assegura respostas de qualidade, pois utiliza apenas informações oficiais: dados registrados na CVM ou no Banco Central. “Com base nesse conjunto de informações controladas, a inteligência artificial responde de maneira imediata e em linguagem natural, mesmo às perguntas mais complexas de investidores, jornalistas e analistas de mercado”, explica ele. Isso garante integridade e consistência, eliminando o risco de “alucinações” costumeiramente observadas em modelos de IA que utilizam fontes abertas da internet.
Outras Vantagens da IA
Há outras vantagens a serem consideradas. A primeira é que o sistema tem a capacidade de aprender. As áreas de RI podem monitorar as perguntas mais frequentes recebidas, identificar demandas recorrentes e aprimorar as respostas geradas pela IA, garantindo uma evolução contínua da comunicação, sem perder o controle sobre o conteúdo. A segunda é a escalabilidade: a IA possibilita a interação com centenas de investidores simultaneamente, em diferentes idiomas. “Isso amplia o alcance da companhia e democratiza o acesso às informações”, afirma Siqueira.
A tecnologia não é exclusiva para companhias listadas. Ela também pode ser aplicada em empresas de capital fechado que desejam disponibilizar dados institucionais para clientes, parceiros e investidores em potencial.