A possível saída de Buffett da Kraft Heinz representa um desafio para as ações de macarrão com queijo.

Frustração com a Desfusão da Kraft Heinz

Warren Buffett expressou sua frustração em relação ao desmantelamento da fusão da Kraft Heinz, um acordo que ele cuidadosamente estruturou há uma década. Essa insatisfação gerou a percepção entre muitos analistas de Wall Street de que a única opção restante para o chamado "Oráculo de Omaha" seria se desfazer das ações da empresa.

Buffett comentou em entrevista à CNBC na terça-feira: "Certamente, não foi uma ideia brilhante unir as duas empresas, mas não acho que separá-las resolverá o problema." O investidor de 95 anos questionou os custos adicionais de US$ 300 milhões gerados pela divisão, a longa duração do processo e o fato de que os acionistas não foram consultados sobre a transação.

Participação da Berkshire Hathaway

A Berkshire Hathaway, conglomerado de Buffett, é a maior acionista da Kraft Heinz, com uma participação de 27,5%. O desempenho da Kraft Heinz representa uma raridade nas décadas de sucesso de Buffett, pois o valor das ações da fabricante de macarrão e queijo e linguiças Oscar Mayer caiu quase 70% desde a fusão em 2015. Contudo, os prejuízos foram, em certa medida, compensados pelos bilhões de dólares em dividendos que a Berkshire recebeu ao longo dos anos.

No relatório de ganhos do segundo trimestre, a Berkshire reavaliou o valor de sua participação na Kraft Heinz, reduzindo-o em US$ 3,8 bilhões.

Preocupações sobre a Separação

Originando uma pressão adicional sobre as ações, Buffett, que geralmente atua como um investidor passivo, revelou que seu sucessor, Greg Abel, já havia manifestado preocupações sobre o acordo de separação à Kraft Heinz na semana anterior, mas essa posição não alterou a situação, mesmo vindo de seu maior acionista. Buffett afirmou que fará o que for melhor para a Berkshire. Ele também mencionou que, caso a Berkshire seja procurada para vender suas ações, não aceitará uma oferta em bloco a menos que outros acionistas recebam a mesma proposta.

Em uma nota enviada a clientes, a TD Cowen afirmou: "Esperamos que a posição instável da Berkshire continue a pressionar as ações." Esses comentários reforçam a visão de que a participação da Berkshire representa uma sobrecarga para o papel, dada a probabilidade de que a empresa saia de sua posição.

Venda das Ações

Ainda é incerto como aBerkshire poderá se desfazer dessa posição problemática. Como detentora de mais de 10% das ações, se a Berkshire decidir vender seus papéis no mercado aberto, estará sujeita à regulamentação que exige a divulgação de qualquer venda dentro de dois dias úteis.

Don Bilson, diretor de pesquisa focada em eventos da Gordon Haskett, acrescentou: "Além de quaisquer preocupações que os investidores possam ter com o próprio plano, eles também devem lidar com a possibilidade de que Buffett agora decida se desfazer de suas ações." Segundo ele, a solução para essa grande sobrecarga criará mais um obstáculo para as ações da companhia.

Reação do Mercado

As ações da Kraft Heinz caíram 7% na terça-feira, após o anúncio formal da separação e a manifestação de decepção por parte de Buffett. A fabricante de ketchup, com sede em Pittsburgh, agora registra uma queda de 12% acumulada no ano, após uma diminuição de 17% em 2024.

A separação resultará na criação de duas empresas: uma se concentrará em molhos, patês e refeições com longa conservação, enquanto a outra incluirá itens básicos da América do Norte, como carnes Oscar Mayer, queijos Kraft e Lunchables.

Histórico da Fusão e Saída de Investidores

Em 2015, a Berkshire se uniu à firma de private equity brasileira 3G Capital para fundir a Kraft Foods com a H.J. Heinz. A 3G Capital, depois de anos reduzindo sua participação na Kraft Heinz, retirou-se silenciosamente do investimento em 2023, contribuindo para a desvalorização da companhia.

O JPMorgan observou em uma nota esta semana: "Acreditamos que a percepção de uma sobrecarga em relação aos acionistas está vindo à tona."

O cenário apresenta um quadro desafiador para a Kraft Heinz, refletindo um movimento de desvalorização das ações e uma necessidade de reestruturação significativa em suas operações.

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