As ações financeiras globais sofreram uma queda acentuada na sexta-feira, 17 de outubro de 2025, em razão de novas preocupações relacionadas à qualidade do crédito nos Estados Unidos. Esse cenário desencadeou uma liquidação em bancos regionais, gerando inquietação entre os investidores e reascendendo os temores sobre os padrões de empréstimos que estão sendo praticados.
### Exposições ao Risco de Crédito
A suscetibilidade do setor financeiro a duas falências recentes no segmento automobilístico dos EUA levantou novas questões sobre risco de crédito. Isso ecoa a incerteza que se seguiu após o colapso do Silicon Valley Bank, ocorrida há mais de dois anos, um evento que evidenciou vulnerabilidades associadas às altas taxas de juros e às perdas em títulos.
O que começou como uma onda de vendas na Bolsa de Valores de Nova York rapidamente se espalhou pelos mercados da Ásia e da Europa. Os mercados, que já demonstravam sinais de sobrevalorização, foram impactados, pois alguns analistas sugerem que esses altos ganhos podem indicar a formação de uma bolha. No início do pregão, as ações dos bancos europeus caíram em média 2,5%. O Deutsche Bank (TG:DBK) e o Barclays (LSE:BARC) viam suas ações despencarem mais de 5%, enquanto o Société Générale (EU:GLE) recuou 4,6%. Em Frankfurt, o Citigroup (NYSE:C) observou uma queda de 5,5% em transações de volume reduzido, e o JPMorgan Chase & Co. (NYSE:JPM) registrou uma queda de 3%.
O ETF SPDR S&P Regional Banking apresentou uma queda de 2,4% no pré-mercado, estendendo assim sua maior baixa diária em um período de seis meses. O Zions Bancorporation (NASDAQ:ZION) também viu suas ações caírem, com perdas de 1,7%. Na região da Ásia-Pacífico, setores bancários e seguradores foram severamente impactados. Bancos como Tokio Marine Holdings, Mizuho Financial Group e Mitsubishi UFJ Financial Group apresentaram uma queda quase de 3% cada, enquanto o QBE Insurance Group despencou 9%.
### Grande Queda dos Bancos Regionais nos EUA
O índice que mensura o desempenho dos bancos regionais dos Estados Unidos caiu 6% na quinta-feira, após a revelação de problemas distintos por parte de dois bancos menores. O Zions Bancorporation (BOV:Z1IO34) anunciou que registraria um prejuízo de US$ 50 milhões associado a dois empréstimos comerciais e industriais em sua unidade da Califórnia. Simultaneamente, o Western Alliance Bancorporation (NYSE:WAL) (BOV:WABC34) informou que havia ingressado com uma ação judicial alegando fraude contra o Cantor Group V, LLC.
James Rossiter, chefe da estratégia macro global da TD Securities, comentou sobre o impacto dessa situação, afirmando que as vendas observadas nos bancos dos EUA durante a noite afetaram os mercados asiáticos e europeus assim que eles abriram.
Além disso, analistas de Wall Street notaram que a situação enfrentada pelo Zions traz à tona preocupações semelhantes às que surgiram com a recente falência da fabricante de peças automotivas First Brands. Esse caso expôs lacunas na supervisão de credores e gerou debates sobre a transparência existente no mercado de crédito.
Comentários de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase (BOV:JPMC34), também foram destacados. Ele alertou sobre a crescente inquietação nos mercados de crédito após as falências da First Brands e da instituição financeira de alto risco Tricolor. Dimon afirmou: “Quando você vê uma barata, provavelmente há mais, então todos devem ser avisados”.
### O Crescimento do Crédito Privado
As falências já mencionadas direcionaram a atenção dos investidores ao crédito privado, um mercado que tem crescido rapidamente, mas que possui limitações em sua regulamentação. Nos últimos anos, as empresas acumularam dívidas crescentes nesse setor, e muitos investidores agora se questionam se isso poderia sinalizar o início de uma repetição das turbulências que marcaram o ano de 2023, quando o colapso do Silicon Valley Bank provocou uma liquidação global de ações bancárias.
Apesar de grandes bancos nos Estados Unidos terem reportado lucros satisfatórios recentemente, a persistente incerteza econômica, aliada a altas avaliações de mercado, tem tornado os investidores mais sensíveis a notícias negativas.
### Sentimentos dos Investidores
De acordo com Vasu Menon, diretor administrativo de estratégia de investimentos do OCBC Bank, a renovação das preocupações relativas aos bancos regionais dos Estados Unidos pode intensificar ainda mais o nervosismo em mercados que já enfrentam uma barreira de preocupações para administrar.
Apesar da queda significativa experimentada nesta sexta-feira, o ano tem sido favorável para as ações bancárias. Até o presente momento, as ações bancárias europeias apresentaram uma valorização de cerca de 40% ao longo do ano.
Fonte: br.-.com