Banco do Brasil frustra com redução de 60% no lucro do segundo trimestre de 2025.

Banco do Brasil apresenta resultados do segundo trimestre de 2025

Banco encerra temporada de resultados dos grandes bancos na B3 com lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, bem abaixo das expectativas; inadimplência e provisões mais altas pressionam balanço.

Desempenho financeiro

São Paulo, quinta-feira (14/08) — O Banco do Brasil (BOV:BBAS3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre de 2025 (2T25). Este resultado representa uma queda significativa de 60% em relação ao mesmo período do ano passado e ficou aquém da expectativa projetada de R$ 4,99 bilhões, conforme consenso da LSEG. Essa performance decepcionante impactou negativamente analistas e investidores na bolsa de valores.

Fatores que influenciaram o resultado

A queda no lucro é atribuída, em grande parte, ao expressivo aumento nas perdas esperadas com empréstimos, que subiram 89,3% no primeiro semestre, totalizando R$ 31,6 bilhões. A inadimplência, especialmente nas carteiras de agronegócio e de micro, pequenas e médias empresas, contribuiu para essa deterioração, assim como o aumento de 4,7% nas despesas administrativas.

Crescimento da carteira de crédito

Apesar do desempenho negativo em termos de lucro, a carteira de crédito expandida do Banco do Brasil alcançou R$ 1,24 trilhão, um crescimento de 11,2% em comparação com o ano anterior e de 1,3% em relação ao trimestre anterior. O destaque foi para o segmento empresarial, que viu um aumento de 14,7% na carteira de pessoa jurídica, totalizando R$ 468 bilhões, seguido pelo agronegócio, que cresceu 8%, atingindo R$ 404,9 bilhões.

  • A carteira de pessoa jurídica cresceu 14,7% no ano, totalizando R$ 468 bilhões — sendo R$ 271 bilhões para grandes empresas e R$ 75 bilhões no segmento governo. Na comparação trimestral, o aumento foi de 1,8%.
  • A carteira de pessoa física atingiu R$ 342,6 bilhões, alta de 8% em 12 meses e 2% no trimestre. O crédito consignado, por sua vez, registrou crescimento de 8,6% no ano e de 2,5% no trimestre, totalizando R$ 145,2 bilhões.
  • O crédito não consignado chegou a R$ 47,3 bilhões (+11,2% em 12 meses e +3,8% no trimestre) e o cartão de crédito alcançou R$ 60,76 bilhões (+13% e +2,9%, respectivamente). O financiamento imobiliário, no entanto, apresentou leve queda de 0,2% no ano, somando R$ 47,7 bilhões.
  • Na carteira do agronegócio, o crescimento de 8% em 12 meses resultou em um total de R$ 404,9 bilhões, embora tenha havido uma contração de 0,3% em relação ao primeiro trimestre. O Banco do Brasil desembolsou R$ 225,8 bilhões no Plano Safra 24/25.

Margens e receitas

O Banco do Brasil informou que sua margem financeira bruta totalizou R$ 25,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, uma redução de 1,9% em comparação ao mesmo período de 2024. Contudo, na comparação trimestral, houve um aumento de 4,9%.

A margem com o mercado experimentou uma queda dramática de 51% em 12 meses, atingindo R$ 2,8 bilhões, enquanto a margem com clientes cresceu 12% no mesmo intervalo, alcançando R$ 22,3 bilhões.

O resultado da Tesouraria ficou em R$ 8,2 bilhões, uma redução de 24,7% em relação ao segundo trimestre do ano anterior. O Banco explicou que, devido à Resolução nº 4.966/21, houve uma migração do resultado da carteira de títulos e valores mobiliários privados com características de crédito da Tesouraria para a linha de Receitas Financeiras de Crédito, desde o início de 2025. A Tesouraria do BB abrange ganhos com juros, hedge fiscal, derivativos e instrumentos que compensam variação cambial, entre outros.

Receitas detalhadas

As receitas provenientes de prestação de serviços somaram R$ 8,8 bilhões no trimestre, apresentando uma queda de 1% em relação a 2024, mas um incremento de 4,7% em relação ao início do ano. A seguir, detalhamos as principais fontes de receita:

  • Operações de crédito e garantias: alta de 82,3% no trimestre, mas queda de 30% no ano.
  • Administração de fundos: alta de 10% em 12 meses, totalizando R$ 2,6 bilhões.
  • Receitas com conta corrente: queda de 18% no ano, totalizando R$ 1,8 bilhão.
  • Seguros, previdência e capitalização: aumento de 3,2%, totalizando R$ 1,5 bilhão.
  • Banco de investimento: R$ 200 milhões (-5,9% em 12 meses), englobando resultados da joint venture UBS BB.

Inovações no crédito consignado

No segundo trimestre, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 4,53 bilhões em novos créditos consignados privados, uma modalidade lançada em março de 2025. Foram realizadas mais de 433 mil operações, com uma taxa média de 2,83% ao mês e prazo médio de 29 meses. Essa nova linha elimina a exigência de convênio direto entre o banco e a empresa para a oferta de crédito consignado aos funcionários, o que, segundo a instituição, deve triplicar o tamanho dessa carteira nos próximos anos.

Perspectivas futuras

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, destacou que 2025 será um ano de ajustes para a retomada do crescimento. “Projetamos um lucro entre R$ 21 e 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para gerar valor aos acionistas, mantendo um relacionamento próximo com os clientes, o uso intensivo de tecnologia e a capacitação de nossos funcionários,” afirmou.

Reação do mercado

No pregão desta quinta-feira (14/08), as ações BBAS3 encerraram o dia em alta de 2,90%, cotadas a R$ 19,84, após oscilações entre R$ 19,07 e R$ 19,96. Apesar do ganho no dia, o papel acumula uma queda significativa no comparativo anual, considerando que atingiu R$ 30,04 na máxima de 52 semanas. O baixo desempenho registrado deve impactar a percepção do mercado na reabertura do pregão nesta sexta-feira (15/08).

O Banco do Brasil no contexto financeiro

O Banco do Brasil é uma das maiores instituições financeiras da América Latina, com uma forte atuação em crédito ao agronegócio, varejo e corporate, além de oferecer serviços como investimentos, câmbio, seguros e meios de pagamento. Seus principais concorrentes na B3 incluem Itaú Unibanco (BOV:ITUB4), Bradesco (BOV:BBDC4) e Santander Brasil (BOV:SANB11).

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