Intervenção do Banco Central da Argentina
Venda de Dólares
O Banco Central da Argentina realizou, na sexta-feira, dia 19, a maior venda de dólares em um único dia nos últimos seis anos, visando usar suas reservas para sustentar o peso. A entidade atendeu a uma demanda elevada de investidores que estão cautelosos devido à instabilidade política no país.
A última intervenção do banco central somou US$ 678 milhões, sendo a maior desde outubro de 2019. Com isso, o total vendido nas últimas três sessões chegou a US$ 1,1 bilhão.
Administração da Liquidez
O banco tem procurado controlar a liquidez na parte superior de sua banda de câmbio flutuante. O ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que a venda de reservas continuará, dado que o peso atinge mínimos históricos.
"Vamos vender até o último dólar (das reservas do Banco Central) no topo da banda", declarou Caputo em uma entrevista ao vivo na quinta-feira, dia 18.
Cenário de Deterioração do Mercado
O cenário de deterioração no mercado financeiro evidencia o crescente ceticismo dos investidores em relação às próximas eleições de meio de mandato, que ocorrerão em outubro. Estas eleições podem retirar do presidente Javier Milei o suporte necessário no Congresso para implementar sua agenda de reformas.
Desempenho do Peso
Na mesma sexta-feira, o peso argentino no mercado atacadista permaneceu estável a 1.475 por dólar, próximo ao teto da banda permitida após as intervenções do Banco Central. No entanto, no mercado informal, a moeda caiu para uma mínima histórica de 1.520 por dólar, apresentando uma desvalorização superior a 6% na semana.
Histórico de Intervenções
O banco central não realizava intervenções desde meados de abril, após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor de US$ 20 bilhões, que inicialmente diminuiu as restrições sobre o câmbio.
Previsões sobre Reservas
Analisando o ritmo atual das vendas de dólares pelo Banco Central, especialistas do BancTrust & Co. alertam que esses valores poderiam resultar em uma diminuição das reservas de cerca de US$ 10 bilhões até as eleições. Isso representaria aproximadamente 70% dos fundos já disponibilizados pelo FMI, aumentando a probabilidade de que o país abandone o esquema de bandas cambiais antes da votação marcada para o dia 26 de outubro.
Embora as reservas internacionais totais do Banco Central estejam em US$ 39,26 bilhões, analistas indicam que as reservas cambiais líquidas para intervenções são estimadas em apenas US$ 6 bilhões.
Riscos e Impactos
Especialistas alertam que a continuidade das vendas de dólares pode acelerar o esgotamento das reservas, o que comprometeria os pagamentos da dívida de curto prazo. Além disso, isso poderia levar a uma elevação na emissão de títulos para cobrir lacunas de financiamento.
Caputo reiterou a atual estrutura da taxa de câmbio e afirmou que o governo está se esforçando para assegurar os pagamentos da dívida que vencem em janeiro. Ele prometeu que informações sobre os detentores de títulos seriam divulgadas assim que os detalhes fossem finalizados.
Confiança do Investidor
O risco-país da Argentina, uma medida da confiança dos investidores, atingiu o nível mais elevado desde agosto de 2024, com flutuações ao redor de 1.500 pontos-base.
Contexto Político
Os cidadãos argentinos irão às urnas em outubro para renovar parte da Câmara dos Deputados e do Senado, em um cenário de incertezas sobre como o governo se recuperará de possíveis reveses eleitorais, especialmente na província de Buenos Aires.