Banco Central e Política Monetária
O Banco Central (BC) deve aguardar um “longo período” para sinalizar qualquer orientação futura referente ao ritmo e ao momento de flexibilização monetária. Essa afirmação foi feita pelo economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita.
Expectativas para a Reunião do Copom
A expectativa, tanto por parte do banco quanto do mercado, é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa Selic em 15% ao ano na reunião marcada para setembro, que ocorrerá nesta terça-feira (16) e quarta-feira (17). Durante esse encontro, será anunciada a decisão sobre a taxa de juros.
Segundo Mesquita, a escolha pela estabilidade dos juros é resultado de uma combinação entre a cautela em um cenário externo ainda incerto e a percepção de que os efeitos defasados da política monetária ainda estão em ação.
Fatores que Influenciam a Decisão
Apesar de alguns avanços, como a recente valorização do real em um contexto de dólar mais fraco e a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos, ainda existem fatores que pesam sobre a decisão do BC. Entre esses fatores estão a deterioração das contas externas e a inflação que permanece acima da meta quando ajustada pela sazonalidade.
O Itaú ressalta que as expectativas de inflação, conforme medidas pelo Boletim Focus e refletidas nos ativos financeiros, apresentaram uma leve queda, mas ainda estão distantes da meta estabelecida.
Sinais da Economia
No que se refere à atividade econômica, os sinais permanecem mistos. Enquanto o mercado de trabalho se mostra resiliente, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao segundo trimestre e pesquisas setoriais reforçam a percepção de uma desaceleração gradual da demanda interna.
Para Mesquita, o Banco Central parece estar adquirindo confiança de que a economia avança em consonância com suas projeções, o que diminui a necessidade de alterações na taxa de juros no curto prazo. Nesse contexto, o Itaú mantém sua estimativa de que o início do ciclo de cortes na Selic deve ocorrer apenas no primeiro trimestre de 2026.
Riscos de Redução Antecipada
Ainda que a previsão de cortes esteja mantida, o economista reconhece que os riscos de uma redução antecipada aumentaram. Uma valorização mais acentuada do câmbio ou uma desaceleração mais significativa nas atividades econômicas podem levar o Copom a iniciar o processo de corte ainda em 2025.
Por outro lado, caso a autarquia revise suas estimativas referente ao hiato do produto, indicando uma economia em aquecimento superior ao esperado, a flexibilização da taxa de juros poderia ser postergada.