Café brasileiro alcança recorde de exportações em 2022 e estima colheita histórica para 2026, mesmo com aumento de tarifas – Times Brasil

O Setor Cafeeiro Brasileiro e a Volatilidade Internacional

O setor cafeeiro brasileiro enfrenta um cenário de volatilidade no mercado internacional, mas mantém um otimismo em relação aos desafios impostos pelos Estados Unidos. Apesar do aumento da tarifa para 50% sobre produtos brasileiros, o desempenho do café nacional continua positivo, com três safras consecutivas apresentando preços acima da média. Em maio, o valor do grão alcançou um recorde de 451 centavos de dólar por libra-peso, e em 26 de agosto, foi negociado a 395,05 centavos, cifra bem superior aos 261,05 centavos registrados no mesmo período do ano anterior.

Crescimento das Exportações e Expectativas para 2025/2026

Em 2024, as exportações brasileiras de café atingiram um recorde, com 50,5 milhões de sacas. A previsão da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para a safra 2025/2026 estima uma produção de 55,7 milhões de sacas, representando um aumento de 2,7% em relação ao ciclo anterior. De acordo com Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), o setor está capitalizado e investindo em produtividade para atender à crescente demanda, especialmente de países asiáticos e europeus.

Crescimento do Consumo Internacional e Impacto das Tarifas

Um dos principais destaques é o avanço do consumo na China, onde três milhões de consumidores e redes de cafeterias atraem milhares de novos clientes diariamente. Ferreira comentou que, mesmo diante das restrições dos Estados Unidos, a busca global por café permanece firme. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, apontou esse cenário como justificativa para a exclusão dos produtores de café do programa Brasil Soberano, destinado a setores mais vulneráveis às tarifas.

Nas lavouras, há uma renovação dos cafezais, e a expectativa é por uma safra recorde em 2026. Ferreira enfatizou que o estoque remanescente das colheitas anteriores ainda ajuda a atender à demanda, mas a produção futura será determinante. A área cultivada cresceu 0,3% em 2025, totalizando 412,6 mil hectares, com um aumento de 5,3% nas áreas em formação.

Ferreira também afirmou que o desafio do setor é comunicar ao mundo as práticas sustentáveis do Brasil, destacando que o Código Florestal do país impõe a preservação de 20% a 80% da área, dependendo do bioma. Ele acredita que o protocolo do café brasileiro, por sua história e representatividade, permite que o setor navegue em um cenário geopolítico complexo, influenciado por guerras e tarifas americanas.

Diplomacia e Perspectivas de Exportação

Ferreira ressaltou que a solução para as tarifas deve ser buscada por meio do diálogo diplomático. Ele observou que, inicialmente, a tarifa de 10% era baseada na reciprocidade, mas a recente aplicação de 50% não reflete essa lógica e deve ser tratada em nível de diplomacia entre os governos brasileiro e americano, com apoio também do setor privado.

Para 2025, a expectativa de exportação é de cerca de 40 milhões de sacas, abaixo do recorde de 2024, devido à redução dos estoques e à normalização da oferta em outros grandes produtores, como Vietnã e Indonésia. Ferreira acredita que o Brasil pode novamente superar o recorde de exportação, considerando que a demanda global cresce 2% ao ano, o que representa um aumento de dois milhões de toneladas em um consumo mundial superior a 170 milhões de sacas.

Sobre o mercado asiático, Ferreira enfatizou o potencial crescente da China, que atualmente consome seis milhões de sacas. Ele destacou que a maior rede de cafeterias na China atrai três mil novos clientes por dia, destacando a formação de uma cultura de consumo de café em um país com mais de um bilhão de habitantes.

Ferreira aconselhou os produtores a manterem atenção aos custos de produção, enfatizando a importância de administrar os gastos. Ele alertou para a necessidade de não se deixar levar por vendas acima do custo em anos excepcionais, mas sim buscar uma média de preços ao longo das safras.

Custos e Volatilidade do Mercado

Em relação ao custo de produção, Ferreira explicou que cada produtor tem suas particularidades e destacou que o governo federal reduziu o preço mínimo do robusta e do arábica, apontando esse ajuste como o custo real de produção. Ele indicou que, atualmente, o custo de um conilon bem produzido não deve ultrapassar R$ 500 por hectare, enquanto um arábica não deve exceder R$ 800 por hectare.

Ferreira prevê um ajuste para baixo nos preços à medida que o mercado se adapta à oferta e ao comportamento dos fundos de investimento. Ele observou que a tendência atual do mercado é um ajuste de preços para baixo, influenciado pela ação rápida dos fundos, que podem antecipar altas e liquidar posições compradas quando percebendo uma queda no mercado.

Sobre a volatilidade, Ferreira a classificou como sem precedentes, destacando que em 48 anos atuando no setor de café, nunca presenciou um cenário tão volátil. Ele explicou que essa volatilidade é influenciada por fatores que indicam uma produção possivelmente recorde em 2026 e pelo fato de indústrias e supermercados fora do Brasil terem estoques adquiridos a preços altos, levando o mercado a adotar uma postura cautelosa nas compras.

Exportações e Novas Legislações

No que se refere ao comércio internacional do café na safra 2024/2025, Ferreira comemorou o desempenho brasileiro, que totalizou 50,4 milhões de sacas exportadas, um novo recorde. Esse crescimento se deve à nova legislação da Europa, a EUDR, que entra em vigor em janeiro de 2026, fazendo com que importadores europeus aumentassem significativamente suas compras do Brasil, resultando em um aumento de 48% nas exportações brasileiras.

Com os olhos voltados para 2026, a expectativa continua sendo de uma safra recorde, impulsionada por investimentos em renovação e plantio das lavouras. Ferreira avaliou que uma oferta maior não implica, necessariamente, em queda nos preços, visto que a demanda seguirá acompanhando o crescimento. Ele reforçou o papel do Cecafé em apoiar produtores, abordando questões ambientais e representando o café brasileiro no cenário internacional.

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