FIIs de papel: CDI ou IPCA?
Em um contexto marcado pela taxa Selic a 15% ao ano, que resulta em uma elevação significativa do CDI para o maior nível em quase duas décadas, além da inflação ainda em patamares elevados, muitos investidores que aplicam em fundos imobiliários de papel enfrentam uma dúvida recorrente: qual indexador escolher?
A Melhor Estratégia
De acordo com Flávio Cagno, sócio e gestor da Kinea, que participou do evento FII Experience 2025, realizado em São Paulo no dia 22 de fevereiro, não existe uma única melhor opção, mas sim uma combinação adequada. Cagno observou que há quatro anos o fundo KNCR11, que é pós-fixado, não era bem visto, mas atualmente a situação se inverteu. Ele sugere, como estratégia, "montar uma pizza: um pouco de IPCA e um pouco de CDI".
Segundo o gestor, essa abordagem de diversificação, que considera a alocação de FIIs atrelados a diferentes indicadores, tem sido a metodologia utilizada pela Kinea.
“Na verdade, não há um único melhor. Temos que considerar essa combinação. Por esse motivo, mantenho vários fundos na Kinea e segmentamos nosso portfólio dessa forma, para que os cotistas tenham a responsabilidade de suas escolhas”, enfatizou Cagno.
FIIs de Papel em Alerta
Durante o painel, foi discutido também o risco de crédito, um tópico relevante para os fundos de papel, que predominantemente investem em dívidas imobiliárias. Artur Carneiro, fundador da Éxes Investimentos, destacou que o mercado de FIIs está em um processo contínuo de amadurecimento, ressaltando que o risco de crédito "é latente e pode ocorrer".
Carneiro complementou sua análise afirmando que "os grandes bancos frequentemente têm lucro em suas operações, mas também registram perdas". Ele trouxe à tona o recente problema enfrentado pelas Lojas Americanas, que ilustra que dificuldades de crédito podem surgir até em grandes organizações, assim como em setores como o agro.
Crise de Confiança
Rodrigo Possenti, gestor da Fator Asset, endossou a visão de Carneiro, indicando que existe uma crise de confiança em parte do mercado. Essa crise teria sido provocada por alguns FIIs que alocaram recursos em ativos que atualmente enfrentam dificuldades.
"Quando o mercado cresceu e os fundos imobiliários começaram a ganhar destaque, algumas teses de high yield (que são de maior vulnerabilidade) passaram a ser mais arriscadas do que eram historicamente", comentou Possenti.
A Lição aos Investidores
Diante desse cenário, a lição para o investidor torna-se evidente: a diversificação e a cuidadosa análise da estrutura dos fundos são fundamentais para mitigar riscos. Cagno alertou que, "neste período de alta dos juros cobrados no Brasil e da crise de confiança, os riscos associados aumentam, demandando, portanto, uma análise abrangente e detalhada."
O investidor deve estar atento a esses fatores e ponderar suas decisões com cautela, especialmente em um ambiente desafiador como o atual. A combinação de estratégias diversificadas pode ser a chave para um desempenho satisfatório em investimentos imobiliários, especialmente em um contexto econômico volátil.
Fonte: www.moneytimes.com.br