Com moagem menor e dívida maior, empresa considera a venda de ativos.

(Imagem: Divulgação)

A moagem de cana-de-açúcar da Raízen (RAIZ4), a maior processadora mundial de açúcar e etanol, deve ficar mais próxima da parte inferior da orientação anual (guidance) para a safra 2025/26, devido a condições climáticas adversas. Ao mesmo tempo, a companhia avalia a venda de usinas a fim de gerenciar um aumento considerável em seu endividamento.

Previsão de Moagem e Desafios Climáticos

A Raízen havia projetado anteriormente uma moagem de 72 milhões a 75 milhões de toneladas para a temporada 2025/26. Este volume representa uma queda em relação à safra 2024/25, que foi de 78,2 milhões de toneladas. Essa, por sua vez, já havia apresentado diminuição em relação a 2023/24, quando foram processadas 84,2 milhões de toneladas.

Durante a teleconferência de resultados realizada na quinta-feira (14), Phillipe Casale, executivo da área de Relações com Investidores da Raízen, comentou as implicações de uma piora na qualidade da cana, consequência de um ano complicado que foi marcado por seca e queimadas, seguidos por chuvas ao longo deste ano, já com a colheita em andamento.

Segundo ele, o guidance já indicava um “desafio maior” quanto à disponibilidade da matéria-prima para este ano. “Portanto, hoje, acho que devemos mirar um pouco mais no ponto médio para baixo, considerando todos esses desafios”, declarou Casale durante a teleconferência.

Ações em Queda

As ações da Raízen, que é também uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, estavam em queda de mais de 10% perto do meio-dia, alcançando uma mínima histórica. Essa desvalorização ocorreu após a divulgação do balanço do primeiro trimestre da safra 2025/26, que mostrou um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, além de uma considerável elevação na dívida líquida, que subiu para R$ 49,2 bilhões, em comparação a R$ 31,6 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Casale afirmou que a moagem reduzida de cana afetará a produção de açúcar no Brasil, que é o maior produtor e exportador global, mesmo com o setor direcionando mais matéria-prima para a produção de açúcar. “Acredito que isso também terá impacto sobre a produção de açúcar e etanol no Brasil”, disse ele, destacando que a demanda por biocombustíveis se mantém firme, especialmente após o recente aumento na mistura de etanol anidro na gasolina, que passou de 27% para 30%.

“No etanol, temos notado que o comportamento dos preços já reflete não só o aumento da demanda devido à implementação do E30, mas também um mix menor e uma produção reduzida de etanol que o Brasil deverá ter neste ano”, destacou Casale.

Desinvestimentos Estratégicos

O CFO da companhia, Rafael Bergman, comentou que a “jornada” de desinvestimentos para melhorar a estrutura de capital da empresa prosseguirá. Ele mencionou que a Raízen já vendeu a usina Leme e a MB, além de ter hibernado a usina Santa Elisa.

“Valorizamos o segmento de açúcar, etanol e bioenergia. É um setor que consideramos estratégico e que acreditamos que poderá se tornar mais rentável ao longo do tempo”, afirmou Bergman.

Segundo ele, uma das maneiras de impulsionar a rentabilidade passa por desinvestimentos. “No caso da Santa Elisa, a operação não é rentável o suficiente devido à sua localização, mas pode ser vantajosa para outras empresas”, ponderou.

Independentemente das vendas de ativos ou hibernações, a Raízen considera que essa jornada também envolve ganhos de eficiência e produtividade agrícola. “É importante ter um portfólio mais enxuto e com sinergias, que seja fundamental para nós”, completou o executivo.

Bergman também ressaltou que a Raízen não pretende abrir mão da escala em seus negócios. “Eventualmente, não precisaremos de 27 usinas para alcançar a escala desejada que otimize as operações e garanta uma presença significativa no mercado”, concluiu.

Uma eventual redução no número de usinas ainda deixaria a Raízen com um portfólio “gigante”, observou. “Esse trabalho é de médio prazo e envolve ganhos de eficiência e produtividade.” O CEO da Raízen, Nelson Gomes, ao iniciar a teleconferência, enfatizou que a empresa tem um “plano robusto” para aumentar a produtividade agrícola nos próximos trimestres e anos.

Desempenho da Moagem

A moagem da Raízen diminuiu 20,7% no primeiro trimestre da safra (de abril a junho), em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 24,5 milhões de toneladas. É importante notar que, na temporada anterior, as condições climáticas favoreceram um início antecipado da colheita.

Opções de Capitalização

O CFO ressaltou que a Raízen, uma joint venture entre a Shell e a Cosan, terá um período de dois a três anos de transformação operacional e simplificação do portfólio. Ele mencionou que a aceleração desse processo pode envolver uma capitalização da empresa.

As discussões atuais incluem a possibilidade de um aporte de capital que poderá envolver acionistas atuais ou novos, embora ainda não haja certeza sobre a realização dessa potencial operação, de acordo com o CFO. “Esse planejamento precisa ser coordenado com a Shell e a Cosan para que possamos avaliar os mecanismos que agilizem nossa jornada e reduzam os riscos na execução de um plano que, do ponto de vista operacional, apresenta clareza e alta probabilidade de sucesso”, afirmou Bergman.

No entanto, ele não forneceu detalhes adicionais sobre a capitalização no momento.

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