Estudo das Stablecoins no Mercado Cripto
As stablecoins, criptoativos que são lastreados em ativos do mundo real, como ouro e dólar, estão conquistando cada vez mais espaço e relevância dentro do mercado de criptomoedas. Atualmente, o valor total desse segmento ultrapassa a cifra de US$ 300 bilhões. Entre os principais jogadores está a Tether Holdings, que é uma das maiores detentoras de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, com quase US$ 120 bilhões em suas reservas.
Crescimento e Volatilidade
Apesar do crescimento notável, as stablecoins têm um caráter inerentemente estável. Surge então a pergunta: é viável lucrar nesse cenário?
Palestra no Evento Crypto Times
Em um evento ocorrido na sexta-feira, 24 de outubro, promovido pelo Crypto Times e mediado pelo editor-assistente do Money Times, Renan Sousa, os especialistas Guilherme Prado, Country Manager do Brasil da Bitget, e Valter Rebelo, especialista em criptoativos na Empiricus, abordaram as previsões e as possíveis estratégias para obter lucro e proteger investimentos no universo das stablecoins.
Valter Rebelo destacou que, para investidores em criptomoedas, as stablecoins não servem apenas para manter um caixa de liquidez, mas também uma reserva dolarizada, permitindo que os investidores se protejam da volatilidade do mercado.
Rebelo ainda mencionou que existem casos dentro do segmento de finanças descentralizadas (DeFi) que permitem uma exposição mais direta a essa tecnologia. Além disso, mencionou a possibilidade de adquirir ações relacionadas a esse nicho, como as da Circle, que obteve um desempenho significativo. Nos últimos seis meses, a empresa vinculada ao mercado cripto, que realizou um IPO neste ano, alcançou um retorno impressionante de oito vezes.
O especialista enfatizou que esse mercado está se consolidando cada vez mais e que há uma estratégia intencional por trás da aprovação e fomento a essa indústria, focando na criação de demanda para os Treasuries americanos.
Para os investidores que buscam exposição ao dólar, as stablecoins também se apresentam como uma alternativa atrativa.
Aperfeiçoamento da Estabilidade
Guilherme Prado mencionou que considera a stablecoin como um “erro que deu certo”. Ele explicou que, no início, as pessoas que negociavam bitcoin e desejavam aventurar-se em outra criptomoeda, como o Ethereum, encontravam dificuldade em mensurar seus lucros. Assim, as stablecoins surgiram como uma ferramenta para facilitar esse equilíbrio, sendo adotadas pelas corretoras para estabilizar as operações.
Com o avanço do mercado de criptomoedas, esses ativos foram adquirindo novas funções que se mostraram ainda mais rentáveis e interessantes.
Prado observou que em países em desenvolvimento, especialmente na região do Cone Sul, há um grande desafio relacionado à inflação. Em locais como Argentina, Turquia, Brasil e, de certa forma, Venezuela, a adoção de stablecoins se intensificou, servindo como uma ferramenta para exportar o uso do dólar por meio de tecnologia.
Oportunidades de Lucro com Stablecoins
Segundo Prado, a maneira mais direta de ganhar dinheiro com stablecoins é investindo em ativos que geram rendimento, como os títulos do Tesouro norte-americano, e emitindo tokens na mesma proporção. Além disso, as corretoras, como a Bitget, oferecem retornos ao usuário. Existe também a categoria denominada Yield Stablecoins, que distribui uma parte significativa desse rendimento para os usuários.
Porém, um importante desafio persistente é a distribuição, conforme destacado pelo especialista. “Quem entra primeiro no mercado geralmente acaba dominando. Hoje, a Tether é o principal player. A Circle também se destaca, sendo uma empresa listada na bolsa e que busca ampliar sua participação, mas a competitividade é bastante desafiadora”, analisou Rebelo.
Risco Sistêmico e Tether
Um dos grandes pontos de debate no mercado refere-se ao fato de a Tether ser uma das maiores compradoras de títulos do Tesouro norte-americano, uma situação que poderia representar potenciais riscos sistêmicos em caso de descompassos financeiros.
Entretanto, Rebelo minimizou essa preocupação, lembrando que a empresa já passou por auditorias de grandes firmas de contabilidade e dispõe de uma sólida margem financeira, o que lhe confere estabilidade.
Ele ressalta que a Tether foi pioneira, tokenizando o dólar e expandindo suas operações em áreas regulatórias nebulosas. Nos dias de hoje, a Tether é vista como uma das estruturas mais lucrativas do setor, contando com cerca de 100 funcionários e uma receita que supera a de muitos bancos de médio porte.
Fonte: www.moneytimes.com.br