Alteração na Projeção do Corte da Selic
A projeção para o início do corte da Selic foi modificada de dezembro para março, conforme comunicado pelo ASA. Esta mudança foi motivada por uma razão inesperada: a pressão política do governo Lula para um afrouxamento monetário no Brasil não se apresentou com a intensidade prevista pelo diretor de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk.
Pressão Política e Cenário Atual
Kanczuk comentou, em entrevista ao programa Capital Insights, que "não vimos pressão política sobre o BC". A parceria entre a CNN Money e a Broadcast proporciona uma plataforma para discussões sobre o cenário econômico nacional e internacional, com o programa indo ao ar todas as quintas-feiras às 19h.
Kanczuk, ex-diretor do Banco Central e ex-secretário do Ministério da Fazenda durante o governo Temer, destacou que as condições macroeconômicas atuais não são ideais para uma redução da taxa básica de juros.
Condições do Mercado de Trabalho e Expectativas Econômicas
O diretor do ASA enfatizou que, apesar da desaceleração no mercado de trabalho, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as expectativas econômicas ainda não estão ancoradas. Ele observou que a taxa de juro neutro no Brasil se mantém alta, em virtude do desajuste fiscal, com uma taxa real de 8% segundo os cálculos do ASA.
Impactos nas Contas Públicas e Credibilidade do Ministério da Fazenda
Kanczuk alertou sobre as implicações do atual cenário "expansionista", prevendo que os efeitos se manifestarão até 2027. Ele comentou: "2027 é a bagunça total e não sabemos o que vai acontecer". No ano seguinte, o diretor acredita que os ativos financeiros ainda contarão com alguma proteção advinda do fluxo de investimentos estrangeiros no Brasil. Contudo, ele observou que a credibilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi prejudicada.
Relações Internacionais e suas Consequências
Kanczuk mencionou que os problemas nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil têm um impacto limitado na economia em geral. Segundo ele, "o impacto é mais político e afeta a popularidade do governo". Entretanto, a preocupação maior reside na relação entre os Estados Unidos e a China. Dependendo do desenrolar das negociações, um acordo entre essas duas potências pode gerar efeitos amplos e significativos no cenário econômico global.
Além disso, Kanczuk disse que o nível de incerteza aumentou consideravelmente devido ao estilo de governança errático de Donald Trump. Contudo, ele observa que a população se habituou a essa situação e "não dá mais bola" para as declarações do presidente americano.
Análise do Mercado Financeiro Americano
A incerteza, segundo Kanczuk, deixou de ser um fator crítico, pois, "com isso, o risco dos EUA sumiu". Ele indicou que o mercado financeiro não se abalou da maneira que muitos esperavam, numa situação que poderia ter sido mais complicada.
Formação do Federal Reserve e do Banco Central Brasileiro
Uma preocupação importante para Kanczuk é a nova formação do Federal Reserve (Fed). Ele destacou a necessidade de se proteger em relação à hipótese de que Trump possa influenciar claramente a política do Fed, embora esse não seja considerado seu cenário base.
Por fim, ao considerar a formação do Banco Central brasileiro, Kanczuk espera uma mudança no perfil dos futuros diretores. Ele mencionou que os dois atuais diretores, reconhecidos por sua rigidez, podem ser substituídos por novos membros que tendem a ser mais favoráveis ao corte de juros.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br