Saldo da Carteira de Crédito
O saldo total da carteira de crédito deve ter registrado um crescimento de 0,7% em agosto, sendo impulsionado pela carteira de recursos direcionados, que deve ter avançado 0,9%, de acordo com a Pesquisa Especial de Crédito divulgada pela Febraban.
Esse resultado sugere que o ritmo de expansão anual da carteira deve continuar mostrando uma ligeira desaceleração, recuando de 10,7% para 10,3%. A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Crédito do Banco Central e baseia suas projeções em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central deve publicar os números oficiais no dia 29 de setembro.
Carteira Direcionada
Pessoa Jurídica
Conforme o levantamento, a carteira de Pessoa Jurídica Direcionada deve continuar a apresentar números positivos, com uma estimativa de crescimento de 1,2%. Esse aumento é sustentado por programas governamentais e recursos disponibilizados via BNDES. Com isso, espera-se que o ritmo de expansão anual dessa carteira acelere, passando de 16,1% para 16,3%, o que representa um patamar bastante elevado.
Pessoa Física
Já a carteira de Pessoa Física Direcionada também deve mostrar expansão no mês, estimada em 0,8%. Contudo, esse aumento está abaixo do registrado no mesmo mês do ano anterior, com o ritmo de crescimento em 12 meses diminuindo de 10,7% para 10%. Essa acomodação é atribuída principalmente ao desempenho menos robusto do crédito rural, que sofreu com um aumento na inadimplência do setor.
Crédito Livre
No que diz respeito ao crédito livre, a pesquisa aponta um crescimento de 0,5% no mês, mantendo uma tendência de desaceleração. A carteira de Pessoa Física Livre deve ter avançado 0,7% em agosto, preservando um ritmo de crescimento anual praticamente estável em 12% (ante 12,1%).
Por sua vez, a carteira de Pessoa Jurídica Livre deve continuar sua trajetória de desaceleração. Com uma alta projetada de 0,2% em agosto, o ritmo de expansão em 12 meses deve cair de 5,8% para 5,0%. Essa redução reflete uma política monetária contracionista e o aumento das alíquotas do IOF sobre operações de Pessoa Jurídica, excetuando-se o risco sacado.
De acordo com Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, os números de agosto reforçam a percepção de uma desaceleração mais ampla do crédito. Ele destacou que o crédito livre, que é mais sensível às políticas monetárias, tem apresentado uma trajetória clara de perda de vigor, principalmente nas operações voltadas para empresas que sentem os efeitos do recente aumento da alíquota do IOF.
Sardenberg também salientou que, para as famílias, o movimento de crédito permanece contido, com o crescimento ainda elevado, mas sustentado por uma deterioração na composição da carteira, que agora conta com uma maior participação de linhas de maior risco, o que é um fator a ser monitorado.
A exceção a esse cenário se dá com o crédito direcionado às empresas, que continua a ser alimentado por programas públicos e recursos do BNDES, alcançando níveis elevados de crescimento. Isso contribui para atenuar a desaceleração do total de crédito. Contudo, esses estímulos não devem ser suficientes para evitar que a carteira total continue a perder fôlego ao longo do segundo semestre.
Concessões de Crédito
As concessões de crédito provavelmente observaram uma retração mensal de 4,0% em agosto, conforme indicado pela pesquisa. Após o ajuste pelo número de dias úteis, esse resultado representa uma expansão de 5,1% na margem.
A alta ajustada no mês é influenciada principalmente pelo significativo volume de operações com recursos direcionados, que cresceu 24,2%.
Quando comparadas com agosto de 2024, e levando em conta a eliminação dos efeitos sazonais, as concessões apresentam uma alta de apenas 3,3%, ou uma queda de 1,7% após o ajuste pela inflação, em termos reais.
Nesse mesmo sentido, o ritmo de expansão acumulada em 12 meses deve manter sua trajetória de perda de força, reduzindo-se de 12,3% para 11,0%, o que enfatiza os sinais de acomodação do crédito.