Crise de empréstimos do NDFI no Brasil: Você deve se preocupar?

O impacto das dificuldades em bancos regionais no mercado

As dificuldades enfrentadas por dois bancos regionais, que contribuíram para a queda do mercado de ações na última quinta-feira, podem ter causas específicas e isoladas. No entanto, é evidente que Wall Street está em alerta para riscos sistêmicos de crédito. As ações caíram na quinta-feira, com o índice Dow Jones Industrial Average encerrando em queda superior a 300 pontos, influenciado pelas preocupações em relação à saúde dos bancos regionais. O ETF SPDR S&P Regional Banking (KRE) registrou uma queda superior a 6%. As ações do Zions Bancorporation, localizado em Utah, e do Western Alliance, em Arizona, que se encontraram no epicentro da turbulência, diminuíram mais de 13% e 10%, respectivamente.

Análise das situações específicas

A análise inicial de especialistas em bancos sugere que os eventos que afetaram Zions e Western Alliance são casos isolados. O que ocorreu nesses bancos parece estar relacionado a um pequeno número de tomadores de empréstimos problemáticos, conforme afirmam especialistas, ao invés de representar um risco amplo para o crédito privado que foi destacado pelas recentes falências da First Brands e da Tricolor Holdings. Na sexta-feira, a Baird elevou a classificação das ações do Zions de neutra para outperform, argumentando que o banco sofreu uma punição indevida; no entanto, a ação ainda é considerada uma recomendação de "manter" por outros analistas em Wall Street.

A rápida sucessão de empréstimos problemáticos, combinada com a reação negativa do mercado de ações, demonstra que os investidores estão agora mais atentos a riscos maiores. Essa sensação de alerta foi expressa de forma contundente pelo CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, que mencionou que pode haver mais problemas em potencial na indústria, após o maior banco do país ter registrado significativas desvalorizações no terceiro trimestre devido à exposição à Tricolor. Mike Mayo, analista bancário de Wall Street, relatou que quando questionou Dimon sobre esses problemas, o executivo indicou que, ao se observar um "barata", existe a probabilidade de haver mais.

Preocupações em relação aos NDFIs

A preocupação maior diz respeito à quantidade de empréstimos concedidos a instituições financeiras não depositárias, ou NDFIs. Essas entidades, que incluem empresas hipotecárias, seguradoras e gestores de ativos privados, oferecem aos tomadores de empréstimos uma fonte alternativa de capital, além dos bancos tradicionais. Contudo, os NDFIs não possuem a mesma transparência ou regulamentação que os bancos convencionais, gerando um risco de alavancagem não conhecida, que poderia ter repercussões para o sistema financeiro mais amplo.

De acordo com o Federal Reserve, os empréstimos a NDFIs por bancos comerciais em 2025 aumentaram mais de 50% em relação ao ano anterior, representando a maior alteração nos dados desde 2016. Peter Corey, estrategista-chefe de mercado da Pave Finance, mencionou que "o elemento assustador dessa história é que, com os padrões de empréstimo menos rigorosos dos NDFIs, devemos supor que há mais riscos ocultos". Ele destacou que, devido à opacidade do crédito privado, há o risco de uma onda significativa de preocupação sem realmente saber se há um problema efetivo.

Corey observou que o argumento de que Tricolor e First Brands eram eventos isolados perde rapidamente credibilidade à medida que surgem notícias sobre o Zions e a Western Alliance Bancorp, e a situação poderá se agravar com qualquer nova informação.

O impacto da economia e dados de empregos

Além disso, o crédito privado é uma classe de ativos que ainda não foi testada em um ambiente econômico em deterioração, o que enfatiza a importância dos futuros dados sobre o emprego, atualmente suspensos devido à paralisação do governo. Os defensores do crédito privado não antecipam riscos sistêmicos provenientes das recentes notícias. Macrae Sykes, gerente de portfólio do Gabelli Financial Services Opportunities ETF (GABF) na Gabelli Funds, destacou que o contexto macroeconômico atual é favorável aos bancos, citando a redução nas taxas de juros, espíritos empresariais mais elevados e uma economia ainda robusta.

Sykes afirma: "Acreditamos que é um ambiente bastante positivo para a posse de ações de bancos". Ele enfatizou a importância de que os investidores realizem uma análise minuciosa da liderança individual, da história de concessão de crédito dos bancos, para assegurar que não ocorram erros, e para se sentirem confortáveis com os portfólios e os balanços patrimoniais das instituições. Ele permanece otimista em relação aos grandes bancos, como JPMorgan e Wells Fargo, assim como alguns regionais, como First Citizens Bank e M&T Bank.

No entanto, é inegável que os investidores agora estão mais vigilantes em relação aos riscos que podem surgir devido a consequências inesperadas de empréstimos que não se concretizaram conforme o planejado. Mike Mayo comentou sobre a situação atual, afirmando que "isso apenas demonstra que há uma margem de erro baixa caso e quando esses incidentes ocorrerem".

Fonte: www.cnbc.com

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