Descubra a estratégia para adquirir carro e casa e evitar juros

Participação dos Jovens em Consórcios Aumenta

De 2023 para 2024, a participação de jovens de 18 a 29 anos em consórcios cresceu 8,9%, conforme dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Especialistas apontam que essa tendência reflete um comportamento financeiro mais prudente da Geração Z, que evita dívidas onerosas e adota o planejamento como meio para alcançar objetivos a médio e longo prazo.

“O aumento no número de jovens em consórcios vem muito de uma mudança de comportamento: eles hoje são mais avessos a dívidas com juros altos, mais conscientes sobre finanças e estão em busca de alternativas para adquirir bens sem comprometer tanto o orçamento. Além disso, muitos deles não têm pressa para adquirir um carro ou imóvel imediatamente, o que torna o consórcio mais atrativo como planejamento de médio e longo prazo”, avalia Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital.

Para aqueles que não podem pagar à vista e desejam evitar os elevados custos de um financiamento, em um cenário onde a Selic está em 15% ao ano, o consórcio apresenta-se como uma alternativa viável, desde que o consumidor compreenda previamente seu funcionamento. No vídeo a seguir, um resumo de como funciona um consórcio.

Características do Consórcio

Uma das principais características do consórcio é o tempo de espera para acessar o crédito: a contemplação pode ocorrer em poucos meses, mas também pode demorar anos. Portanto, é fundamental ter paciência e evitar agir apressadamente.

No caso de Borba, a espera foi curta. Ele foi contemplado já no terceiro mês após oferecer um lance — mecanismo que permite antecipar parte das parcelas e acelerar a liberação do crédito.

Atualmente com 33 anos, ele recorda que a compra do carro foi um marco em sua trajetória. Vindo de uma família humilde, tornou-se o gerente mais jovem promovido em sua antiga empresa e posteriormente abriu sua própria corretora de consórcios. Confira seu relato:

O Que Saber Antes de Investir em um Consórcio

O consórcio é uma forma de compra planejada em grupo, que não envolve juros, mas possui taxas de administração que variam de 10% a 20% do valor total da carta de crédito (o valor contratado), diluídas ao longo do prazo.

Antes de aderir a um consórcio, o consumidor deve ter clareza sobre seu objetivo: adquirir um carro, um imóvel, uma moto ou até contratar um serviço. Os participantes contribuem mensalmente para um fundo comum, que é utilizado para contemplar os integrantes através de sorteios ou lances.

O consorciado escolhe o valor da carta de crédito e o número de parcelas em que deseja pagar. Quanto maior o prazo, menor será a parcela mensal, mas isso pode aumentar o tempo de espera para a contemplação.

A seguir, confira uma lista com pontos essenciais que você deve discutir com o corretor antes de assinar o contrato.

Consórcio x Financiamento: Qual é a Melhor Opção para os Jovens da Geração Z?

O consórcio funciona como uma compra programada e se diferencia do financiamento, no qual o cliente recebe o bem de imediato, mas enfrenta parcelas que incluem juros.

Diante da Selic em 15% ao ano, elevando os juros dos financiamentos e reduzindo o poder de compra dos brasileiros, o consórcio se torna uma alternativa viável para quem planeja a compra.

Segundo Bergamo, gerações anteriores conseguiam, em tenra idade, adquirir casas, carros e construir patrimônio com maior facilidade, especialmente em épocas de crédito acessível e salários com maior poder de compra.

“Hoje, com a renda mais comprimida e os bens proporcionalmente mais caros, o consórcio surge como uma alternativa realista e acessível para os jovens da Geração Z se planejarem. Oferece uma sensação de conquista e progressão financeira sem depender de financiamentos com juros altos, servindo como uma resposta à frustração por não ter os mesmos acessos que os pais”, avalia Bergamo.

Por outro lado, Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, explica que o valor final do consórcio depende do tempo de contemplação e do índice de correção, o que torna inviável prever o custo total desde o início. Já no financiamento, o comprador tem clareza sobre quanto irá pagar, mesmo que os juros sejam altos.

“Além disso, o consórcio não oferece desconto para quitação antecipada, algo que costuma ser possível no financiamento, o que limita o poder de negociação do consumidor”, acrescenta Patzlaff.

Embora Borba considere que, mesmo com as variações dos juros, o consórcio pode ser um aliado no planejamento financeiro futuro e uma ferramenta de educação para os jovens da Geração Z, proporcionando uma “obrigação mensal”. Confira:

Como Funciona o Tempo de Contemplação

No consórcio, o tempo de contemplação é o período que o participante deve aguardar até ser sorteado ou efetuar um lance vencedor para receber a carta de crédito.

A contemplação pode demorar meses ou até anos, dependendo do contrato. Em alguns casos, o consorciado só receberá o crédito ao final do plano, quando todos os participantes já foram atendidos.

A analista de treinamento e desenvolvimento, Gabriela Rodrigues, de 28 anos, completou um ano de consórcio no início deste mês e compartilha como lida com a ansiedade até ser contemplada.

Consórcios como Ferramenta de Disciplina Financeira

Especialistas consultados ressaltam que o consórcio não deve ser encarado como investimento no sentido tradicional, visto que não oferece rentabilidade sobre o capital aplicado. “No entanto, pode ser uma ferramenta de planejamento financeiro eficiente, especialmente para aqueles que têm dificuldade em poupar individualmente ou que desejam evitar o endividamento com juros altos“, diz Bergamo.

Na visão de Patzlaff, outro aspecto importante é a disciplina financeira que o consórcio impõe. “Muitos jovens passaram a vê-lo como uma maneira de ‘investir’ porque exige pagamentos mensais regulares e cria um compromisso de longo prazo com um objetivo definido”, explica.

O publicitário André Amaral, de 29 anos, exemplifica essa mudança de mentalidade. Antes de aderir ao consórcio, organizou suas finanças, analisou receitas e despesas, destinou uma parte do orçamento à reserva de emergência e somente então definiu quanto poderia comprometer com o consórcio. Para ele, a modalidade representa também uma forma de investimento em disciplina e futuro. Confira seu relato:

“É comum que jovens tenham maior dificuldade para guardar dinheiro sozinhos. Portanto, o consórcio pode atuar como uma ferramenta de ‘poupança forçada’, proporcionando um planejamento ideal de médio a longo prazo para aqueles que não têm urgência em adquirir o bem”, avalia Lucas Buffon, especialista em finanças e sócio da GT Capital.

Consequências do Cancelamento do Consórcio

A principal dúvida da analista Rodrigues ao entrar em um consórcio era sobre o que aconteceria caso desistisse da cota. “O mais importante para mim era ter a garantia de que receberia meu dinheiro e saber que poderia vender o consórcio se não quisesse mais esperar a contemplação”.

Pela legislação brasileira, o cliente tem direito a reaver os valores que já destinaram ao consórcio, desprezando as taxas de administração e a multa de cancelamento, que varia conforme a administradora. O prazo para reembolso pode mudar conforme cada contrato. Também é possível vender a cota para outra pessoa antes da contemplação. Além disso, é permitido comercializar a carta contemplada para outra pessoa.

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