Dólar atinge R$ 5,37 com o mercado internacional atento a questões geopolíticas e às decisões do Fed.

Dólar apresenta alta em meio a incertezas geopolíticas e fiscais

O dólar registrou uma valorização em relação a outras divisas, tanto fortes quanto emergentes, com o mercado voltado para as questões geopolíticas globais e a divergência nas declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed). Os avanços na inflação e a recente derrota do governo brasileiro no Congresso também influenciaram o câmbio.

Nesta quinta-feira, dia 9 de outubro, o dólar à vista (USDBRL) finalizou as negociações cotado a R$ 5,3750, apresentando uma alta de 0,58%.

Esse movimento acompanhou as tendências observadas em mercados internacionais. Por volta das 17 horas, no horário de Brasília, o DXY, um indicador que avalia o desempenho do dólar em comparação com uma cesta de seis moedas globais, incluindo o euro e a libra, apresentou uma alta de 0,49%, alcançando 99,407 pontos.

Fatores que influenciaram a valorização do dólar

A movimentação do câmbio nesta quinta-feira foi significativamente afetada por fatores externos. Uma das principais questões foi a paralisação (shutdown) do governo dos Estados Unidos, que teve início no primeiro dia de outubro e já estava no nono dia, sem uma solução efetiva até o momento. Entretanto, uma nova tentativa de financiamento resultou em mais uma rejeição por parte do Senado norte-americano, marcando a sétima tentativa sem sucesso.

Nessa ocasião, os democratas optaram por bloquear um plano elaborado pelos integrantes do Partido Republicano que visava reabrir o governo. Os impactos dessa paralisação começaram a ser sentidos na economia, incluindo o adiamento de divulgação de importantes dados econômicos.

Além disso, na última quarta-feira, dia 8, o IRS, entidade equivalente à Receita Federal do Brasil, comunicou que irá licenciar aproximadamente metade de sua força de trabalho como consequência da paralisação. A Administração Federal de Aviação (FAA) também se viu obrigada a atrasar voos em função da escassez de controladores de tráfego aéreo.

Adicionalmente, os investidores mantiveram uma atenção redobrada às declarações dos dirigentes do Federal Reserve, cuja autoridade é responsável pela política monetária dos EUA. Michael Barr, um dos diretores do Fed, afirmou que a instituição deve proceder com cautela em relação a cortes na taxa de juros, enfatizando que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) deve abordar os ajustes na política monetária de forma cuidadosa, com o intuito de coletar mais dados, atualizar previsões e avaliar o equilíbrio de riscos envolvidos.

Segundo Barr, a entidade enfrenta “uma posição desafiadora”, onde não há uma direção clara na definição da política monetária, dado o risco elevado de inflação e a situação complicada do mercado de trabalho.

Por outro lado, John Williams, presidente da unidade do Fed em Nova York, defendeu, em entrevista publicada pelo New York Times, a adoção de mais cortes na taxa de juros ao longo deste ano, mencionando o risco de uma nova desaceleração no mercado de trabalho. O presidente do Fed, Jerome Powell, participou de um evento na quinta-feira, mas não abordou a questão da política monetária.

Em termos geopolíticos, um desenvolvimento relevante ocorreu com a assinatura de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino Hamas. Acordos foram feitos para a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, representando a primeira fase de uma iniciativa do presidente dos EUA, Donald Trump, para encerrar o conflito de dois anos em Gaza, que tem causado grandes tensões no Oriente Médio. Movimentações políticas ocorrendo na França e no Japão também foram monitoradas de perto pelos investidores.

Questões fiscais em foco no Brasil

No Brasil, o cenário fiscal continua a ser um ponto de destaque no mercado. Na noite da quarta-feira, dia 8, o governo federal enfrentou uma derrota na Câmara dos Deputados, onde foi aprovada uma proposta que retirou da pauta a Medida Provisória 1.303, a qual tratava da taxação de aplicações financeiras. Essa medida foi encerrada, perdendo a validade, já que não estava prevista para ser analisada pelos plenários da Câmara e do Senado até a data de 8 de outubro.

É importante ressaltar que a medição foi editada com o objetivo de compensar a perda de arrecadação do governo, que havia recuado em relação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A expectativa era que essa proposta poderia resultar em um incremento de pouco mais de R$ 17 bilhões na arrecadação federal prevista para o ano de 2026. Contudo, a rejeição do texto ocorreu sem que o mérito fosse analisado adequadamente.

Como resposta ao contexto do Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que apresentará alternativas de medidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após essa derrota. Em coletiva de imprensa em Brasília, Haddad destacou que a diminuição dos gastos tributários é uma exigência constitucional e que uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que restabeleceu um decreto de Lula em relação ao IOF, após a votação de revogação no Congresso, oferece “conforto” ao governo para encerrar o ano.

O presidente Lula falou que debaterá com o setor financeiro a forma como será o pagamento do imposto devido na próxima semana, como uma alternativa à MP da Taxação, durante entrevista à rádio Piatã, na Bahia, na manhã de quinta-feira (9).

Em relação a dados econômicos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,48%, após um período de deflação de 0,11% registrado em agosto, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã de quinta-feira. Esse foi o incremento mais significativo desde março, quando o índice avançou 0,56%.

A alta acumulada do IPCA em 12 meses passou de 5,13% em agosto para 5,17% em setembro, distanciando-se do teto da meta contínua estabelecida pelo Banco Central, que é de 3,0%, com uma margem de 1,5 ponto percentual. Apesar de estar em ascensão, os números apresentados não atenderam às expectativas do mercado. Especialistas consultados pela Reuters previam que o IPCA deveria registrar um aumento de 0,52% no mês e de 5,22% em 12 meses.

Economistas avaliaram que o avanço do IPCA não deve impactar a decisão do Banco Central em manter a Selic em 15% até o término deste ano. Além disso, a queda superior a 1% no preço do petróleo também impactou negativamente a cotação do real.

Fonte: www.moneytimes.com.br

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