O Dólar Encerra o Dia em Alta
Na última quinta-feira, dia 30, o dólar à vista (USDBRL) fechou a sessão cotado a R$ 5,3812, apresentando uma valorização de 0,40%. Este movimento reflete um dia de cautela, influenciado pela recente decisão sobre política monetária dos Estados Unidos, um acordo comercial entre Washington e Pequim, bem como dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que superaram as expectativas.
Tendência Externa e DXY
A valorização do dólar acompanha uma tendência observada no mercado internacional. Por volta das 17h, horário de Brasília, o DXY, que é um indicador que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis moedas globais, incluindo o euro e a libra, mostrava uma alta de 0,33%, alcançando 98,548 pontos.
Fatores que Influenciaram o Dólar
O fortalecimento do dólar ocorreu em meio a uma reavaliação das apostas em relação à trajetória futura da taxa de juros nos Estados Unidos, além de um acordo comercial entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping que se deu sem surpresas. Isso contribuiu para a elevação da moeda americana.
Decisão do Federal Reserve
Na quarta-feira, dia 29, o Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC), equivalente ao Comitê de Política Monetária (Copom) brasileiro, decidiu reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, ajustando-a para o intervalo de 3,75% a 4,00% ao ano, conforme esperado pelo mercado. Durante a coletiva de imprensa que se seguiu a essa decisão, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotou um tom conservador (conhecido como hawkish) e sinalizou que o ciclo de afrouxamento monetário, que teve início em setembro, pode ser interrompido na próxima reunião do FOMC, programada para dezembro.
Powell declarou: “Uma nova redução da taxa básica de juros na reunião de dezembro não é uma conclusão precipitada. Longe disso, a política monetária não está em uma trajetória predefinida. […] Cortamos 25 pontos-base nas últimas duas reuniões e há um forte sentimento de que é hora de pausa [no ciclo de cortes]”.
Acordo Comercial entre EUA e China
Nesta quinta-feira, Donald Trump informou que chegou a um acordo com Xi Jinping sobre a redução de tarifas impostas à China. O objetivo é que Pequim impeça o comércio ilícito de fentanil, retome as compras de soja norte-americana e mantenha o fluxo de exportações de terras raras. Trump indicou que as tarifas sobre importações chinesas irão cair de 57% para 47%.
A China, em contrapartida, decidiu pausear os controles de exportação de terras raras, elementos essenciais para a fabricação de veículos, aeronaves e armas, os quais se tornaram uma importante ferramenta na disputa comercial com os Estados Unidos.
Dados de Emprego no Brasil
No cenário brasileiro, os investidores reagiram a novos dados sobre o emprego. O Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), revelou que foram criadas 213.002 vagas formais em setembro, superando as expectativas apresentadas por economistas, que projetavam uma criação líquida de 180.750 vagas.
Entretanto, este número ficou abaixo do que foi registrado no mesmo mês do ano anterior, quando o saldo de novas vagas foi de 252.237.
Análise dos Economistas
Segundo Antonio Ricciardi, economista do Banco Daycoval, levando em conta o ajuste sazonal, o Caged aponta para a criação líquida de 101 mil novos postos formais. Apesar do aumento mensal, ele observa que o valor também representa uma queda de 14% na comparação anual.
“Ao analizar a média móvel trimestral, não parece haver uma mudança significativa. O cenário continua indicando o início de um ciclo de desaceleração no mercado de trabalho,” comentou Ricciardi.
Na mesma linha, André Valério, economista sênior do Inter, observa uma tendência de acomodação no mercado de trabalho, destacando que o saldo acumulado nos últimos 12 meses é o menor registrado no ano.
“De modo geral, o dado é consistente com um mercado de trabalho ainda forte, com a taxa de desocupação em mínimas históricas. Esperamos que essa acomodação continue nas próximas análises,” disse Valério em nota.
Cenário Fiscal e Projeto de Lei
Hoje, o cenário fiscal também foi um ponto de debate, com o Congresso Nacional aprovando o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 1/2025. Essa proposta busca alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 para permitir que a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais seja mantida por tempo indeterminado.
Essa proposta de isenção já havia passado pela Câmara dos Deputados no início deste mês e agora aguarda a análise no Senado, com a votação prevista para a próxima semana.
Além disso, o texto aprovado também incluiu um dispositivo para alterar a LDO, assegurando a execução orçamentária no piso da meta fiscal. Os parlamentares permitiram ao governo buscar o cumprimento do piso estabelecido, com o objetivo de evitar questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), que defende a busca pelo centro da meta.
Fonte: www.moneytimes.com.br