Dólar inicia outubro em expectativa
O dólar começou o mês de outubro sob expectativa, aguardando a decisão sobre a política monetária no Brasil, em meio a dados econômicos da indústria local e de outros países.
Nesta segunda-feira (3), o dólar à vista (USDBRL) fechou a sessão cotado a R$ 5,3574, registrando uma queda de 0,43%.
Esse movimento foi contrário à tendência observada no cenário externo. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas globais, incluindo o euro e a libra, apresentava uma alta de 0,07%, alcançando 99,869 pontos.
Fatores que influenciaram o dólar
A expectativa em torno da decisão de política monetária no Brasil foi um dos principais fatores que impactaram o mercado de câmbio. Na próxima quarta-feira (5), o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano.
De acordo com a análise da XP, o Banco Central (BC) não apresenta motivos para agir com pressa. O Copom recebeu boas notícias referentes à inflação de curto prazo desde sua última reunião, porém, existiriam razões para adotar uma postura mais cautelosa, segundo a equipe de economistas em relatório divulgado nesta segunda-feira (3).
As expectativas sobre a inflação também refletiram nas operações do mercado. No último Boletim Focus, economistas consultados pelo BC ajustaram as projeções para a inflação de 2025 pela sexta semana consecutiva.
Atualmente, a estimativa é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche este ano em 4,55%, levemente inferior à projeção anterior de 4,56% da semana anterior. Esse novo valor se aproxima do intervalo de tolerância da meta estabelecida pela autarquia, que é de 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual.
Os dados econômicos passaram para um segundo plano. Em destaque esteve a desaceleração da atividade industrial no Brasil, que perdeu força em outubro. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) para o setor industrial brasileiro, elaborado pela S&P Global, subiu para 48,2 em outubro, em comparação a 46,5 em setembro, ainda permanecendo abaixo da marca de 50 que divide crescimento de contração pelo sexto mês consecutivo.
Política monetária nos Estados Unidos
No cenário internacional, a política monetária foi um tema em evidência entre os investidores, especialmente em relação à trajetória dos juros nos Estados Unidos.
O presidente da unidade do Federal Reserve (Fed) em Chicago, Austan Goolsbee, declarou que não há pressa para realizar cortes nos juros novamente, uma vez que a inflação ainda se encontra muito acima da meta de 2% estabelecida pela autoridade monetária.
Goolsbee, em entrevista ao Yahoo Finance, revelou que “não estou decidido quanto à reunião de dezembro” e que “meu limite para cortes é um pouco mais alto do que nas duas últimas reuniões”. Ele acrescentou que “estou preocupado com a inflação, que permanece acima da meta há quatro anos e meio e se dirige para a direção errada”.
Por sua vez, o diretor do Fed, Stephen Miran, mencionou que é incorreto atribuir grande importância à força dos mercados de ações e de crédito corporativo na avaliação da política monetária, que, segundo ele, ainda se apresenta bastante restritiva e aumenta o risco de um desaceleramento econômico.
“Os mercados financeiros são impulsionados por várias questões, não apenas pela política monetária”, disse Miran durante o programa de televisão Bloomberg Surveillance. Na semana anterior, ele foi um dos votos dissidentes, optando por uma redução de 0,50 ponto percentual.
Na última quarta-feira (29), o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc) do Fed — que corresponde ao Comitê de Política Monetária (Copom) brasileiro — decidiu diminuir os juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo a faixa de 3,75% a 4% ao ano, conforme esperado pelo mercado, e essa decisão não foi unânime.
O presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom conservador (hawkish) e sinalizou que o ciclo de afrouxamento monetário, que teve início em setembro, pode ser interrompido na próxima reunião do Fomc, agendada para dezembro.
Fonte: www.moneytimes.com.br