Dólar em Alta Contínua
O dólar registrou sua terceira alta consecutiva, refletindo a atmosfera de incerteza fiscal, em meio a rumores sobre um potencial novo programa social e a paralisação do governo dos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira (2), o dólar à vista (USDBRL) fechou as negociações cotado a R$ 5,3395, apresentando uma alta de 0,20%. Durante a sessão, a moeda chegou a ser negociada a R$ 5,3726, o que representa um aumento de 0,83%.
Esse movimento acompanhou a tendência observada no mercado internacional. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas estrangeiras, incluindo o euro e a libra, mostrava um aumento de 0,16%, atingindo 97,868 pontos.
Factores que Impactaram o Dólar
A pressão sobre o real surgiu de preocupações relacionadas ao cenário fiscal. Investidores começaram a precificar rumores sobre a possibilidade de que o governo federal avance com a proposta de isentar as tarifas de ônibus em todo o Brasil, rumores que ganharam força após uma matéria publicada no jornal Diário do Grande ABC, de acordo com Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil.
Segundo essa reportagem, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que iniciasse os estudos para implementação e lançamento do programa ainda no presente ano.
Além disso, o mercado reagiu positivamente à aprovação de uma proposta que prevê a isenção do Imposto de Renda (IR) para rendimentos até R$ 5 mil, um “desconto” para os contribuintes que recebem até R$ 7,3 mil, e a imposição de uma alíquota de 10% sobre os rendimentos dos chamados “super-ricos”. Contudo, muitos analistas temem as repercussões fiscais desta medida, além de seu impacto nas eleições de 2026.
A paralisação (ou shutdown) do governo dos Estados Unidos, que teve início na quarta-feira (1º), continua sendo um fator relevante para a movimentação do câmbio.
Embora as expectativas indiquem que o shutdown não dure várias semanas, o processo tende a atrasar a divulgação de dados econômicos importantes, como o payroll, que estava programado para ser divulgado amanhã (3).
Em uma entrevista concedida à CNBC pela manhã, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, comentou que o crescimento econômico do país poderá “ser afetado”, ressaltando que “esta não é a maneira adequada de conduzir as discussões: paralisar o governo e, consequentemente, reduzir o PIB”.
A expectativa em relação a potenciais cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) se manteve praticamente inalterada nesta quinta-feira (2).
Ao final do dia, os agentes financeiros indicavam uma probabilidade de 97,8% de que o BC dos EUA implementasse uma redução da taxa de juros em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC), agendada para 29 de outubro. Na sessão anterior (1º), a estimativa era de 99,4%. Atualmente, a taxa de juros se encontra na faixa de 4,00% a 4,25% ao ano.
Em destaque, a presidente da unidade do Fed de Dallas, Lorie Logan, manifestou que o Banco Central tomou precauções adequadas contra possíveis deteriorações acentuadas no mercado de trabalho ao promover o corte nas taxas de juros do mês passado, mas que precisa ser “cauteloso” com futuros cortes, visto que a inflação continua acima da meta e está em ascensão.
“Precisamos adotar uma postura de extrema cautela em relação aos cortes de juros a partir deste ponto e garantir que calibramos a política de modo a não flexibilizar excessivamente as condições, o que poderia resultar na necessidade de reverter essa estratégia, algo que seria muito doloroso para restabelecer a estabilidade dos preços”, declarou Logan a estudantes de Economia na escola de pós-graduação em administração da Universidade do Texas, em Austin.
Fonte: www.moneytimes.com.br