EUA se dirige para uma autocracia reminiscentes dos anos 1930, adverte o bilionário Ray Dalio.

Análise de Ray Dalio sobre a Política dos EUA

Os Estados Unidos estão se encaminhando para uma política autocrática similar àquela observada na década de 1930, conforme alertou o bilionário Ray Dalio. O fundador da Bridgewater Associates, um dos maiores fundos de hedge do mundo, expressou sua preocupação em entrevista ao Financial Times, onde fez uma comparação do contexto atual com eventos históricos.

Intervenção Estatal e Autocracia

Dalio mencionou que a intervenção do governo no setor privado, exemplificada pela recente decisão da administração Trump de adquirir uma participação de 10% na fabricante de chips Intel, indica uma forma de "liderança autocrática forte". Segundo ele, essa ação é promovida pelo desejo de assumir o controle da situação financeira e econômica do país. Essa perspectiva foi compartilhada em uma longa entrevista publicada na terça-feira, dia 2.

Críticas às Políticas de Trump

O bilionário tem sido um crítico frequente das políticas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos. Em junho, Dalio se opôs à agenda de política interna denominada "One Big Beautiful Bill Act", argumentando que as dívidas do governo americano se aproximavam de um ponto crítico, o que poderia representar uma ameaça à estabilidade da maior economia do mundo.

Desigualdade e Populismo

Em sua conversa com o FT, Dalio destacou que as crescentes disparidades de riqueza e valores, juntamente com a erosão da confiança nas instituições, estão levando a um aumento de políticas consideradas "mais extremas" nos EUA. Ele comentou que, em tempos de crise, "a maioria das pessoas permanece em silêncio porque teme retaliações caso critiquem as autoridades".

Ele também acrescentou que, classicamente, o aumento das desigualdades de riqueza e valores resulta em um crescimento do populismo, tanto à direita quanto à esquerda, criando divisões irreconciliáveis que não podem ser resolvidas pelo processo democrático. Essa situação enfraquece as democracias e dá espaço para uma maior liderança autocrática surgindo, já que uma parte significativa da população passa a desejar que os governantes assumam o controle do sistema para que ele funcione de maneira eficaz.

Perigos para o Federal Reserve

Dalio também alertou sobre os riscos associados à perda de independência por parte do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Ele afirmou que, se o Fed ceder a pressões políticas para manter as taxas de juros em níveis baixos, isso "minará a confiança no Fed" como defensor do valor do dinheiro, além de tornar menos atrativo manter ativos de dívida denominados em dólar.

Internacionalmente, já há sinais de que investidores estão começando a mover seus investimentos de títulos do Tesouro americano para o ouro, conforme observado por Dalio.

Conflito com a Administração Trump

Ao longo dos últimos meses, o Federal Reserve tem enfrentado críticas sem precedentes por parte do presidente Trump, que tem pressionado para redução dos custos dos empréstimos, enquanto o banco central busca medidas para combater a inflação. Além disso, Trump está tentando afastar a governadora Lisa Cook do Fed.

Os comentários de Dalio sobre a necessidade de independência do Fed surgem em um momento em que Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, alertou que a influência de Trump sobre as decisões do Fed em relação às taxas de juros constituiria um "perigo muito sério" tanto para a economia americana quanto para a economia global.

Impacto Global

Lagarde enfatizou em uma entrevista de rádio que, se a política monetária dos Estados Unidos deixar de ser independente e passar a depender de "ditames pessoais", isso representaria uma preocupação significativa para a economia americana. Como resultado, suas consequências seriam sentidas globalmente, uma vez que a economia dos EUA é a maior do mundo.

Solicitação de Comentários

A CNN Internacional entrou em contato com a Casa Branca para solicitar comentários sobre as declarações feitas por Ray Dalio.

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