Ex-diretor de agência de estatísticas afirma que a demissão por Trump representa um “perigo” para a economia.

Acusações sem provas

A ex-comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), Erika McEntarfer, fez seus primeiros comentários públicos desde que foi demitida, em agosto, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em declarações feitas na terça-feira, ela afirmou que a demissão do principal estatístico do governo representa um “passo perigoso” e pode trazer consequências econômicas significativas.

Demissão e suas consequências

Trump dispensou McEntarfer, que havia sido nomeada para o cargo por Joe Biden, no dia 1º de agosto. A demissão ocorreu horas após o BLS ter divulgado um dado de crescimento de emprego que ficou muito aquém do esperado para o mês de julho, além de ter revisado os números de emprego dos meses de maio e junho de forma substancial.

Ao anunciar a demissão, o presidente Trump acusou McEntarfer, sem apresentar provas, de manipular os dados de emprego para fins políticos. Essas alegações foram remetidas durante um evento em uma universidade, conforme relataram veículos de comunicação.

Riscos de perda de confiança

McEntarfer alertou que a decisão de demitir a chefe de estatística do país é um passo que pode trazer sérias consequências econômicas. Ela ressaltou que a lista de países que seguiram esse caminho, como Argentina, Grécia e Turquia, não é alentadora. A perda de confiança nas estatísticas econômicas, segundo ela, levou esses países a enfrentarem crises econômicas severas, inflação elevada e aumento nos custos de empréstimos.

“Se seguirmos um caminho semelhante, todos os norte-americanos sofrerão as consequências”, concluiu McEntarfer. Essa declaração enfatiza a gravidade que ela atribui à confiança nas estatísticas econômicas para a saúde econômica de um país.

Nova indicação

Donald Trump designou E.J. Antoni, economista-chefe do think tank conservador The Heritage Foundation, como o novo chefe do BLS em substituição a McEntarfer. Essa mudança na liderança do bureau ocorre em um contexto sensível para a economia americana.

Revisão de dados econômicos

Na semana anterior, os dados divulgados pelo BLS indicaram que a economia dos EUA possivelmente criou 911.000 empregos a menos nos últimos 12 meses do que havia sido estimado anteriormente. Essas revisões podem impactar as percepções sobre a força do mercado de trabalho norte-americano e a saúde econômica geral do país.

Efeitos das políticas do governo

Assim como outras agências governamentais, o BLS tem enfrentado grandes desafios devido às demissões, aposentadorias antecipadas e o congelamento de contratações promovidos pelo governo Trump. Essas ações fazem parte de uma estratégia sem precedentes da Casa Branca que visa reduzir significativamente o tamanho do governo. McEntarfer destacou que o BLS viu sua força de trabalho diminuída em cerca de 15%, o que afetou sua capacidade de coletar dados.

Além disso, o bureau suspendeu a coleta de dados de determinados setores do índice de preços ao consumidor em várias áreas do país, o que pode comprometer a precisão das informações econômicas disponíveis. Essa interrupção na coleta de dados é uma preocupação para analistas e economistas, que dependem dessas estatísticas para avaliar a saúde econômica e auxiliar na formulação de políticas.

Tais ações de desmantelamento e reestruturação do BLS levantam questões sobre a qualidade e a confiabilidade dos dados econômicos que são cruciais para a tomada de decisões do governo e para a confiança do público e dos investidores.

Esses desafios enfrentados pela agência são um reflexo do clima político e econômico atual, e a demissão de McEntarfer se insere em um contexto mais amplo de debates sobre a integridade e a transparência nas estatísticas econômicas nos Estados Unidos. A situação no BLS se torna um ponto focal nas discussões sobre a maneira como os dados são compilados, analisados e utilizados nas políticas públicas.

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