A economia brasileira cresceu 0,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre. Este resultado evidencia uma desaceleração, uma vez que, no primeiro trimestre, o crescimento foi de 1,3%.
As estimativas são do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB), um estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgado nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro.
O levantamento apresenta estimativas sobre o comportamento do PIB, que abrange todos os bens e serviços produzidos no país, e serve como prévia do dado oficial, que é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem de maio para junho, também foi registrada uma expansão de 0,5%, de acordo com a FGV. Esses dados são dessazonalizados, ou seja, foram eliminadas variações sazonais para evitar distorções causadas por fatores do calendário, como a diferença no número de dias úteis.
O Monitor do PIB aponta que a economia brasileira cresceu 2,4% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período de 2024. No acumulado de 12 meses, a expansão é de 3,2%. Em termos monetários, a FGV estima o PIB do primeiro semestre em R$ 6,109 trilhões.
Freio dos juros altos
Juliana Trece, economista do Ibre, destacou que o crescimento do segundo trimestre deve-se ao desempenho positivo dos setores de serviços e da indústria. Nos serviços, de acordo com ela, “este crescimento foi disseminado na maior parte das atividades”.
Na indústria, o desempenho favorável foi concentrado na atividade extrativa, o que revela uma certa fragilidade do setor.
Segundo Trece, a “relevante desaceleração” do crescimento no segundo trimestre pode ser atribuída à ausência da forte contribuição positiva da agropecuária que ocorreu no primeiro trimestre, assim como ao “efeito defasado do elevado patamar dos juros na atividade econômica”.
O levantamento revela que o consumo das famílias, apesar de mostrar crescimento, apresenta números em declínio desde o fim de 2024. No quarto trimestre de 2024, a expansão foi de 3,7%. No primeiro trimestre de 2025, atingiu 2,6%; e no segundo trimestre, 1,5%. Todas as comparações são em relação ao mesmo período dos anos anteriores.
Por que juros altos?
A alta dos juros começou em setembro do ano passado, quando a taxa básica (Selic) passou de 10,5% ao ano e, gradualmente, alcançou o atual patamar de 15%, nível mais alto desde julho de 2006 (15,25%).
A taxa Selic é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e é a principal ferramenta do governo para trazer a inflação para a meta estabelecida ─ de 3% ao ano, permitindo uma variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Desde setembro de 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está acima do teto da meta (4,5%).
Um efeito do juro alto é o impacto contracionista, que tem como objetivo combater a inflação. A elevação da taxa torna os empréstimos mais caros, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, e desencoraja investimentos, já que pode ser mais vantajoso manter o capital rendendo juros altos do que aplicá-lo em atividades produtivas.
Esse conjunto de efeitos tende a desacelerar a economia. Como resultado, menos atividade geralmente se traduz em menor emprego e renda. De acordo com o Banco Central, o impacto da Selic na inflação leva de seis a nove meses para se manifestar de forma significativa, coincidindo com as observações feitas pelo Monitor do PIB.
PIB oficial
O Monitor do PIB é um dos estudos que servem como termômetro da economia brasileira. Outro levantamento é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também divulgado nesta segunda-feira (18), que indicou uma expansão de 0,3% na passagem do primeiro para o segundo trimestre. Em 12 meses, o IBC-Br cresceu 3,9%.
O resultado oficial do PIB é divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A divulgação referente ao segundo trimestre ocorrerá no dia 2 de setembro.