Protesto e Demissão na Amazon
Demissão de Engenheiro Palestino
Amazon demitiu um engenheiro palestino que havia sido suspenso no mês passado após protestar contra o trabalho da empresa com o governo israelense. Ahmed Shahrour, que atuava como engenheiro de software na divisão Whole Foods da Amazon em Seattle, recebeu um e-mail na segunda-feira informando sobre sua demissão. A suspensão de Shahrour, que ocorreu em setembro, foi justificada pela Amazon com base em mensagens que ele postou no Slack, criticando os vínculos da empresa com Israel.
Justificativa da Amazon
A empresa declarou que sua investigação concluiu que Shahrour havia violado os padrões de conduta da empresa, a política de comunicação escrita e a política de uso aceitável. Segundo a Amazon, ele "usufruiu indevidamente dos recursos da empresa, inclusive postando várias mensagens não relacionadas ao trabalho sobre o conflito Israel-Palestina".
Em uma mensagem obtida pela CNBC, um funcionário de recursos humanos da Amazon escreveu a Shahrour: "Nas próximas 24 horas, você receberá um e-mail com informações detalhadas sobre sua demissão, incluindo informações sobre seus benefícios e pagamento final. Agradecemos as contribuições que você fez durante seu tempo na Amazon e desejamos sucesso em suas futuras empreitadas".
Reação do Grupo de Funcionários
Um grupo de funcionários associado a Shahrour emitiu um comunicado à imprensa informando que sua demissão ocorreu após uma suspensão de cinco semanas e foi em razão do seu protesto contra o contrato de 1,2 bilhão de dólares da Amazon com o governo e o exército israelense, conhecido como Projeto Nimbus. Shahrour alega que esse contrato representa uma colaboração no "genocídio em Gaza".
Protestos e Solicitações
Shahrour vinha pressionando a empresa para que abandonasse o contrato, que envolve a provisão de ferramentas de inteligência artificial, data centers e outras infraestruturas ao governo israelense. Além disso, ele realizou protestos e distribuiu panfletos na sede da Amazon no centro de Seattle.
Em uma declaração à CNBC, Shahrour afirma que sua demissão é "um ato flagrante de retaliação destinado a silenciar vozes palestinas dentro da Amazon e proteger a colaboração da empresa no genocídio de uma fiscalização interna".
Declaração da Amazon
Brad Glasser, porta-voz da Amazon, informou à CNBC que a empresa não tolera "discriminação, assédio, ou comportamento ou linguagem ameaçadora de qualquer tipo em nosso ambiente de trabalho". Ele acrescentou que, quando qualquer conduta desse tipo é reportada, a empresa investiga e toma as medidas apropriadas com base nas conclusões.
Contexto do Conflito
A demissão de Shahrour coincide com a liberação dos sete primeiros reféns israelenses sobreviventes pelo grupo militante palestino Hamas, marcando a primeira fase de um acordo de cessar-fogo mediado com a ajuda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Neste acordo, está prevista também a libertação de quase 2.000 palestinos detidos e prisioneiros ao longo do dia.
O conflito teve início há pouco mais de dois anos, quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, resultando em cerca de 1.200 mortes e centenas de reféns. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva contínua que resultou em mais de 67.000 mortes de palestinos, incluindo milhares de civis, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza.
Vozes na Indústria de Tecnologia
Dentro da indústria de tecnologia, trabalhadores tornaram-se cada vez mais críticos em relação aos negócios realizados com o exército israelense.
Em uma recente demissão, um engenheiro da Microsoft, que estava na empresa há 13 anos, deixou a companhia afirmando que a Microsoft ainda vende serviços de nuvem para o exército israelense e que a alta administração não discute o conflito em Gaza. Scott Sutfin-Glowski, um engenheiro principal de software, informou aos colegas em uma carta que "não posso mais aceitar a possibilidade de estar facilitando o que pode ser as piores atrocidades de nosso tempo".
Na mesma carta, Sutfin-Glowski se referiu a uma matéria da Associated Press de fevereiro, que revelou que o exército israelense tinha pelo menos 635 assinaturas ativas da Microsoft.
Retaliação e Demissões em Grandes Empresas
A Microsoft efetivou a demissão de dois funcionários em agosto que participaram de um protesto dentro da sede da empresa. Em abril de 2024, o Google demitiu 28 empregados após uma série de protestos contra as condições de trabalho e sua participação no Projeto Nimbus.
A Amazon não reconheceu publicamente o contrato do Nimbus, além de afirmar que fornece tecnologia a clientes "onde quer que estejam localizados". O Google já ressaltou anteriormente que presta serviços de computação em nuvem disponíveis ao governo israelense que não estão "direcionados a cargas de trabalho altamente sensíveis, confidenciais ou militares". A Microsoft, por sua vez, informou em agosto que a maior parte de seus trabalhos com as Forças de Defesa de Israel envolve cibersegurança e que a empresa pretende fornecer tecnologia de maneira ética.
Fonte: www.cnbc.com