Queda do Ibovespa
O Ibovespa registrou forte queda nesta terça-feira, marcando seu recuo diário mais intenso desde abril de 2025. O setor financeiro apresentou seu pior desempenho desde novembro de 2022, afetado por ações de bancos, em meio a um movimento de aversão ao risco causado pela escalada das tensões entre Brasil e Estados Unidos em torno da Lei Magnitsky.
Decisão do STF
O ministro do STF Flávio Dino reiterou a decisão da véspera, afirmando que leis estrangeiras e atos jurídicos precisam de aprovação do tribunal para terem efeito no país. Isso intensificou a preocupação do mercado com possíveis punições a instituições financeiras brasileiras.
Desempenho do Índice Bovespa
O índice Bovespa fechou com queda de 2,10%, a 134.432 pontos, e volume de negócios de R$ 15,5 bilhões, alinhado à média móvel das últimas 50 sessões, que foi de R$ 15,1 bilhões.
Mercado de Juros
No mercado de juros, os vértices da curva encerraram próximos das máximas do dia, com alta de até 22 pontos-base, acompanhando a tendência de alta da véspera, enquanto os Treasuries norte-americanos apresentaram queda.
Leilão do Tesouro Nacional
O Tesouro Nacional realizou um leilão mais enxuto de títulos pós-fixados, vendendo integralmente 1,3 milhão de NTN-Bs e 900 mil LFTs, abaixo da oferta da semana anterior, que totalizou 2,4 milhões de NTN-Bs e 900 mil LFTs.
Câmbio
No câmbio, o dólar futuro fechou em alta de 1,18%, a R$ 5,521, enquanto o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de divisas, avançou 0,14%, a 98,27 pontos. O real teve o pior desempenho frente ao dólar em uma cesta de 23 moedas acompanhadas pela Mover.
Setor Financeiro
Apesar de um volume de negociação abaixo da média, o setor financeiro foi o destaque negativo. O Índice Financeiro (IFNC) caiu 3,82%, a maior retração entre os segmentos da B3 e a maior queda intradiária desde novembro de 2022, diante do temor de sanções adicionais dos EUA.
Ações dos Grandes Bancos
Entre os grandes bancos, as ações do Banco do Brasil lideraram as perdas. Em nota, o BB afirmou estar preparado para lidar com questões “complexas e sensíveis” relacionadas a regulamentações globais e garante operar “em total conformidade” com a legislação brasileira e padrões internacionais.
Comentários de Especialistas
Pedro Albuquerque, CIO do fundo TC, comentou à TC News que as decisões recentes do STF colocam o mercado em “região cinzenta e opaca”, dificultando a operação com determinados papéis. O fundo TC Cosmos, segundo ele, já não possui alocação em ações do Banco do Brasil.
Reações Políticas
No front político, ministros do STF reforçaram críticas à postura dos bancos diante da pressão americana, afirmando que as instituições financeiras devem “sair da zona de conforto” e que “o país não pode se curvar”. Propostas para a migração de contas de magistrados para cooperativas de crédito foram rejeitadas, sendo consideradas uma “capitulação” frente às pressões externas.
Relatos indicam que parte dos ministros entende que Dino desejava enviar um recado aos bancos, proibindo sanções a determinadas autoridades e sinalizando punições a quem desobedecer.
Análises Econômicas
O professor de Economia da UnB, Roberto Ellery Jr., afirmou que o impacto da decisão de Dino pode ser “muito maior que tarifas” aplicadas por Donald Trump. O jornalista Paulo Figueiredo, em publicação no X, informou que autoridades brasileiras alertaram o Tesouro americano sobre bancos não aplicando a Magnitsky localmente, levando à promessa de “rápidas providências”.
Notícias Corporativas
A Raízen registrou queda, devolvendo parte da alta recorde da véspera, após a Petrobras negar negociação de aquisição. A Cosan, que controla a Raízen junto à Shell, também apresentou forte queda. Na Braskem, Nelson Tanure e Novonor não devem renovar o acordo de exclusividade para a venda da companhia.
Destaques de Queda e Alta
Entre os maiores detratores do Ibovespa estiveram as PN do Itaú (-3,05%), ON do Banco do Brasil (-6,03%) e ON da B3 (-4,79%). Destacaram-se quedas da Raízen PN (-9,57%), Cosan ON (-6,41%) e Banco do Brasil ON (-6,03%). Em contrapartida, ON da Minerva (+2,93%), Suzano ON (+0,78%) e Hypera ON (+0,48%) registraram alta.
Mercados Internacionais
Nos mercados internacionais, o petróleo Brent caiu 1,08%, a US$ 65,88 por barril, em meio a expectativas de que negociações entre Rússia, Ucrânia e Estados Unidos possam suspender sanções ao petróleo russo. Donald Trump anunciou uma reunião com Putin e Zelensky, destacando avanços das lideranças europeias e sugerindo garantias de segurança para a Ucrânia, sem inclusão do país na OTAN.
Os contratos futuros do minério de ferro recuaram 0,64%, a US$ 107,30 por tonelada na bolsa de Dalian, impactados por uma dinâmica de oferta e demanda mais fraca no curto prazo.
Ranking de Papéis Negociados na B3
Confira o ranking completo de todos os papéis negociados na B3.
Destaques Corporativos
- Bemobi (BMOB3) – Anunciou a substituição de seu formador de mercado, encerrando contrato com o UBS e iniciando parceria com o Itaú Corretora de Valores.
- Klabin (KLBN11) – Anunciou a assinatura de acordos que totalizam R$ 1,2 bilhão em transportes adicionais para o projeto Plateau.
- Lupatech (LUPA3) – Anunciou acordo que encerra litígios de longa data e assegura recebimento de R$ 43,7 milhões.
- Monteiro Aranha (MOAR3) – Anunciou aprovação da emissão de 115.000 Notas Comerciais, totalizando R$ 115 milhões.
- Petrobras (PETR3/PETR4) – Negou investimento em etanol ou parceria com a Raízen.
- Suzano (SUZB3) – Anunciou a emissão de 2 milhões de cédulas de produto rural no valor total de R$ 2 bilhões.
- Taurus Armas (TASA3/TASA4) – Anunciou férias coletivas para cerca de 40 funcionários devido ao aumento das tarifas norte-americanas sobre exportações.
- Vale (VALE3) – Anunciou autorização da ANM para a redução do nível de emergência da barragem Forquilha III de 3 para 2.
- XP – Divulgou resultados do 2T25, com um lucro líquido ajustado de R$ 1,321 bilhão.