Icomex: aumento de tarifas imposto por Trump afeta as exportações brasileiras em agosto.

Desempenho das Importações e Exportações Brasileiras

Pela primeira vez desde abril de 2024, as importações brasileiras apresentaram uma queda em agosto, registrando uma diminuição de 2,0% em valor. Esse resultado sinaliza um arrefecimento da atividade econômica no país. Em contraste, as exportações avançaram 3,9% no mesmo período, evidenciando maior resiliência no comércio exterior. Quando analisado em volume, o contraste é ainda mais perceptível: houve uma alta de 7,3% nas exportações, enquanto as importações recuaram 3,8%. No acumulado do ano até agosto, as importações continuam crescendo em relação às exportações, tanto em valor—com um aumento de 6,9% nas importações em comparação a apenas 0,5% nas exportações—quanto em volume, onde as importações cresceram 8,3% enquanto as exportações aumentaram 2,8%.

Superávit da Balança Comercial

Esse desempenho das importações e exportações levou o superávit da balança comercial em agosto a US$ 6,1 bilhões, um valor que supera os US$ 4,5 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Apesar desse resultado positivo em agosto, no acumulado do ano de 2025, o saldo total de US$ 42,8 bilhões ainda está aquém do saldo observado em 2024, que foi de US$ 53,6 bilhões.

Impactos do Tarifaço Americano

A queda nas exportações brasileiras para os Estados Unidos teve um impacto significativo, derivado do tarifaço implementado pela administração do ex-presidente Donald Trump. As exportações para os EUA caíram 18,5% em valor e 15,4% em volume, o que significou que somente 9,2% do total vendido pelo Brasil foi destinado a este mercado. Em contrapartida, as vendas para a China tiveram um aumento expressivo de 34,6% em volume, impulsionadas especialmente pela demanda por soja. Da mesma forma, as exportações para a Argentina cresceram 45,7% em volume, principalmente sustentadas pelo setor automotivo.

Déficit Comercial com os Estados Unidos

Esse cenário aprofundou o déficit comercial do Brasil com os Estados Unidos, que subiu de US$ 745 milhões até agosto de 2024 para US$ 3,4 bilhões no mesmo período de 2025. Simultaneamente, o superávit com a China caiu de US$ 28,5 bilhões para US$ 19,9 bilhões, enquanto a relação comercial com a Argentina passou de um déficit de US$ 230 milhões para um superávit de US$ 4,1 bilhões.

Desempenho Setorial

No setor industrial, as manufaturas tiveram um desempenho reduzido em agosto, particularmente devido à queda das exportações para os Estados Unidos e Europa. Por outro lado, os setores agropecuário e extrativo tiveram destaque positivo, com a agropecuária avançando 6,1% e a extração mineral, 21,3% em volume exportado. Produtos como carne bovina, soja e petróleo lideraram o crescimento das vendas externas brasileiras.

Efeitos nos Mercados Financeiros

As consequências desse panorama tendem a ser significativas para os mercados financeiros do Brasil. O recuo das exportações para os Estados Unidos aumenta a pressão sobre as empresas que atuam no setor de manufaturados, especialmente aquelas ligadas à metalurgia e à produção de bens industrializados. Em contrapartida, os ganhos no comércio com a China e a Argentina são favoráveis para companhias envolvidas com commodities e o agronegócio, abrangendo produtoras de soja, carne e petróleo.

Cenário da Balança Comercial

No contexto atual, a situação revela que as medidas tarifárias impostas pelo governo americano tendem a manter a balança comercial brasileira sob pressão. No entanto, o Brasil continua procurando alternativas para diversificar seus mercados, o que pode ajudar a suavizar os impactos sobre o câmbio, as negociações de contratos futuros e os títulos públicos. Apesar disso, o cenário permanece envolto em incertezas, exigindo atenção e estratégias adequadas por parte das autoridades e dos investidores.

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