Negociações Comerciais
O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmou neste sábado (23) que as negociações comerciais com os Estados Unidos continuam, mas que existem limites que Nova Délhi precisa defender. A declaração ocorreu poucos dias antes de tarifas adicionais significativas dos Estados Unidos entrarem em vigor.
Tarifas e Impactos
Produtos indianos estão enfrentando tarifas adicionais americanas que podem chegar a 50%, o que representa uma das mais altas imposições feitas por Washington, devido ao aumento das compras de petróleo russo. Uma tarifa de 25% já foi aplicada, enquanto os 25% restantes devem ser implementados a partir de 27 de agosto.
Uma visita agendada de negociadores comerciais dos EUA a Nova Délhi, prevista para ocorrer de 25 a 29 de agosto, foi cancelada, encerrando as esperanças de que as tarifas poderiam ser diminuídas ou adiadas.
Posições de Negociação
Jaishankar, em um fórum do Economic Times em Nova Délhi, ressaltou: "Temos alguns limites nas negociações, que devem ser mantidos e defendidos", enfatizando a importância dos interesses de agricultores e pequenos produtores no país.
Anteriormente, as negociações comerciais entre a Índia e os EUA não obtiveram sucesso devido à recusa da Índia em abrir seus extensos setores agrícola e de laticínios. O comércio bilateral entre a maior economia do mundo e a quinta maior economia do mundo alcança mais de US$ 190 bilhões.
O ministro declarou: "É nosso direito tomar decisões em nosso ‘interesse nacional’".
Impactos Econômicos
Analistas da Capital Economics apontaram, na sexta-feira (22), que caso as tarifas totais dos EUA entrem em vigor e sejam mantidas, o crescimento econômico da Índia pode ser impactado em 0,8 ponto percentual neste ano e no próximo.
Além disso, alertaram que o dano a longo prazo pode ser ainda mais significativo, pois tarifas elevadas podem comprometer a atratividade da Índia como um centro global de manufatura.
Observações sobre Política Externa
Jaishankar também descreveu os anúncios do presidente dos EUA, Donald Trump, como "incomuns". Ele comentou: "Nunca tivemos um presidente dos EUA que conduzia sua política externa tão publicamente quanto o atual, e isso representa um afastamento da maneira tradicional de conduzir negócios com o mundo".
O ministro indiano observou ainda que a preocupação dos Estados Unidos com as compras de petróleo russo pela Índia não é aplicada a outros grandes compradores, como a China e a União Europeia. Ele enfatizou: "Se o argumento é petróleo, então há (outros) grandes compradores. Se o argumento é quem está negociando mais (com a Rússia), então há negociadores maiores". Jaishankar destacou que o comércio entre a Rússia e a Europa é maior do que o comércio entre a Índia e a Rússia.
Por fim, ele mencionou que as compras de petróleo russo pela Índia não haviam sido abordadas em negociações comerciais anteriores com os EUA antes do anúncio público das tarifas.