Indicadores Econômicos entre 5 e 10 de Outubro de 2025
Entre os dias 5 e 10 de outubro de 2025, diversos dados econômicos do Brasil e dos Estados Unidos surpreenderam os mercados. A China ainda estava em processo de recuperação após o feriado da Golden Week, enquanto uma paralisação parcial do governo dos EUA limitava a divulgação de informações oficiais.
Análise dos Dados Econômicos no Brasil
Durante esse período, o Brasil apresentou indicadores econômicos significativos, com foco na inflação e no comércio externo. De acordo com o Boletim Focus, as expectativas de inflação foram ajustadas para 0,52% em setembro, um pouco abaixo da projeção de 0,52%, mas representando um aumento em relação à taxa do mês anterior, que foi de -0,11%. No acumulado dos últimos doze meses, a inflação chegou a 5,17%, sugerindo que, apesar de algumas variações em determinados setores, a inflação se mantém dentro da meta estipulada.
Além disso, a produção e as vendas de veículos no Brasil mostraram um desempenho notável. A produção caiu 1,5% em setembro, após um crescimento de 3,0% em agosto. Em contrapartida, as vendas registraram um aumento positivo de 7,9%, em contraste com uma retração de 7,3% no mês anterior. Este comportamento sugere uma demanda ainda resistente, mesmo diante dos ajustes na produção industrial.
A balança comercial do Brasil apresentou um superávit de US$ 2,99 bilhões, valor superior à expectativa de US$ 2,65 bilhões, porém inferior aos US$ 5,86 bilhões obtidos em agosto. Este resultado demonstra a capacidade do setor exportador de manter receitas estáveis, ainda que influenciadas por fatores externos, como as flutuações cambiais e a desaceleração na economia global.
Situação Econômica nos Estados Unidos
Nos EUA, a ausência de indicadores oficiais como consequência do shutdown restringiu o acesso a dados cruciais, como os relacionados a emprego e produção industrial. Contudo, relatórios de instituições privadas e do Federal Reserve (Fed) ajudaram a traçar uma interpretação do cenário econômico. O GDPNow do Fed de Atlanta manteve sua previsão de crescimento para o terceiro trimestre em 3,8%, sem mudanças em relação à semana anterior, o que reforça as expectativas moderadas para a economia americana.
A confiança do consumidor, medida pelo índice de Michigan, apresentou uma leve queda, atingindo 51,2, em comparação ao esperado 51,7. As condições atuais, no entanto, mostraram uma melhora, subindo para 61,0, acima da projeção de 60,0. Isso sugere que, apesar do shutdown, a percepção do consumidor permanece robusta, embora com uma pitada de cautela em relação às expectativas futuras de inflação, estimadas em 4,6% para o ano seguinte.
Nos mercados de petróleo, observou-se um ajuste nos estoques, que aumentaram em 3,715 milhões de barris, superando a expectativa de 2,250 milhões. Essa elevação destaca a volatilidade do setor energético, em meio a ajustes tanto na produção quanto na demanda global. Adicionalmente, os leilões de títulos do Tesouro americano mostraram um ligeiro aumento nos rendimentos, o que reflete a tensão entre liquidez limitada e a demanda por ativos considerados seguros.
Indicadores da Europa
Na Europa, os dados econômicos apresentaram um quadro misto. A Alemanha registrou uma queda de 4,3% na produção industrial de agosto, um resultado pior do que a previsão de redução de 1,0%. A produção anual também apresentou uma diminuição de 4,2%, evidenciando um desaquecimento estrutural. A Itália anunciou uma retração de 2,4% na produção industrial mensal e 2,7% anual, também aquém das expectativas, enquanto a França observou uma leve queda na confiança do consumidor, mas teve um superávit na balança comercial de €1,5 bilhão.
O Reino Unido, por sua vez, viu uma recuperação no setor automotivo, com o licenciamento de novos veículos em setembro aumentando em 13,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior, indicando um dinamismo no setor, apesar da retração nos preços de imóveis. O PMI de construção subiu levemente para 46,2, superando as projeções e sinalizando sinais contidos de expansão neste setor.
Situação na Ásia e Outras Regiões
Na Ásia, os indicadores foram impactados pelo feriado prolongado da Golden Week na China e pelo Festival de Meados de Outono no Japão. O PMI Industrial de Hong Kong fechou em 50,4, ligeiramente abaixo da leitura anterior. No Japão, os gastos domésticos, tanto anuais quanto mensais, mostraram uma recuperação moderada, com reservas internacionais e transações correntes permanecendo estáveis, resultado de uma gestão prudente das políticas cambiais.
Na Austrália e Nova Zelândia, foram observados sinais de desaceleração nos setores de consumo e construção, com a inflação mensal em ambos os países superando as expectativas. Na Nova Zelândia, o Banco de Reserva manteve a taxa de juros em 2,50%, sinalizando cautela diante da desaceleração econômica verificada nos últimos trimestres.
No México, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou levemente abaixo das expectativas, com uma inflação mensal de 0,23% em comparação à projeção de 0,27%. O núcleo da inflação manteve-se estável em 4,28%, mostrando um equilíbrio entre preços administrados e a demanda interna. A produção industrial mexicana recuou 0,3% em agosto, num desempenho pior que a projeção de 0,4%, o que sinaliza desafios para o setor de manufatura.
Desempenho do Mercado de Trabalho no Canadá
No Canadá, dados de emprego apresentaram surpresas positivas, com a criação de 60,4 mil novas vagas, substancialmente acima da previsão de 2,8 mil. A taxa de desemprego se manteve em 7,1%, estável, mas a variação no emprego de tempo integral, que chegou a 106,1 mil, reforça a resiliência do mercado de trabalho. Além disso, o PMI Ivey alcançou 59,8, bem acima da expectativa de 51,2.
Fluxo Cambial e Expectativas Futuras
Olhando para os indicadores globais de confiança, o PCSI Thomson Reuters/IPSOS mostrou uma leve deterioração nos Estados Unidos (48,3) e no Reino Unido (48,3), ao mesmo tempo em que houve um aumento na China (74,19). Essa mudança sugere que os consumidores asiáticos mantêm um nível elevado de otimismo, mesmo após a pausa provocada pela Golden Week. Na Europa e no Japão, as leituras foram mistas, indicando uma postura cautelosa em relação à retomada econômica regional.
Ao final da semana, o fluxo cambial estrangeiro no Brasil registrou uma saída de R$ 1,056 bilhão, revertendo a entrada de R$ 1,141 bilhão da semana anterior. Este movimento destaca a sensibilidade do mercado brasileiro em relação à percepção de risco global e à política monetária interna.
A semana foi marcada por uma resiliência nos indicadores econômicos brasileiros, uma estabilidade moderada nos Estados Unidos mesmo com o shutdown, e indicadores mistos na Europa e na Ásia. Os investidores permanecem atentos a dados econômicos futuros, especialmente nos Estados Unidos, que podem influenciar as expectativas sobre política monetária e crescimento econômico global.
Fonte: br.-.com