Desempenho das Ações da RD Saúde
Com uma alta acumulada de mais de 30% nos últimos três meses, as ações da RD Saúde (RADL3) superaram até mesmo o desempenho do Ibovespa (IBOV). Essa perspectiva positiva é respaldada pela análise do JP Morgan, que considera as ações da empresa “atraentes”.
Revisão de Preço-Alvo
Nesta quarta-feira, 15 de novembro, o banco JP Morgan elevou o preço-alvo das ações da RD Saúde, passando de R$ 24 para R$ 27 até o final de 2026, o que indica um potencial de valorização de 44,1% em relação ao preço de fechamento da véspera, que foi R$ 18,75. A recomendação de compra foi mantida. Os analistas ressaltam que os problemas reputacionais que cercam a tese de investimento da rede de farmácias estão gradualmente diminuindo.
Os analistas Joseph Giordano, Guilherme Vilela, Nicolas Larrain, Giovanni Vescovi e Froylan Mendez mencionaram em relatório que “o foco do mercado está mudando para a melhora dos fundamentos da RD Saúde”, destacando que a empresa possui uma sólida composição de lucros por ação (LPA) de aproximadamente 20%.
Como reflexo dessa mudança positiva, as ações da companhia apresentaram ganhos significativos, com RADL3 subindo 5,55% por volta das 13h10 (horário de Brasília), alcançando o valor de R$ 19,78, o que a tornou a maior alta do Ibovespa. No pico do dia, as ações atingiram R$ 19,88, registrando um crescimento de 6,08%.
Motivos para Comprar RADL3
De acordo com o JP Morgan, a RD Saúde está se destacando em uma tendência diferente do setor de varejo brasileiro, especialmente levando em consideração a performance das ações nos últimos meses. Os analistas afirmam que a execução “sólida” e a reestruturação corporativa estratégica estão impulsionando um crescimento significativo na lucratividade.
Durante o segundo trimestre, a rede de farmácias teve um crescimento de 13% no lucro líquido ajustado, totalizando R$ 402,7 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado registrou um aumento de 7,4% na mesma base, alcançando R$ 885 milhões. Esses resultados superaram as expectativas do mercado.
Além disso, os analistas do JP Morgan apontam que as “dificuldades” operacionais ligadas a roubos e perda de estoque estão sendo amenizadas, proporcionando alívio à pressão sobre a margem bruta. As previsões do banco também incluem uma aceleração no crescimento da receita bruta ao longo do segundo semestre deste ano, auxiliada por um calendário de vendas mais favorável.
Perspectivas de Produtos e Clientes
A companhia, controladora das redes Raia e Drogasil, deve se beneficiar do lançamento do medicamento Monjauro, cuja introdução pode proporcionar maior alavancagem operacional e uma estrutura corporativa mais eficiente. Os analistas destacam que o crescimento da RD, impulsionado pela demanda por produtos associados ao GLP-1, representa não apenas uma oportunidade, mas uma vantagem competitiva.
A RD é considerada a única varejista nacional de medicamentos no Brasil, operando mais de 3,3 mil farmácias em todos os estados e detendo uma fatia de mercado de aproximadamente 16,5%. Sua forte presença, especialmente nos estados do Sudeste, tende a expor a empresa a uma clientela de classes sociais mais altas, capazes de adquirir medicamentos de alto custo “out-of-pocket” (do próprio bolso).
Além disso, a RD, em parceria com a Drogaria São Paulo, que não está listada na bolsa, está bem posicionada para se associar a grandes fabricantes farmacêuticos globais no setor. O JP Morgan acredita que mesmo com a futura concorrência dos medicamentos genéricos como Ozempic e Wegovy, que estarão disponíveis em 2026, os preços devem permanecer elevados, beneficiando a exposição da empresa a clientes de alta renda.
Os analistas também preveem que a demanda por medicamentos genéricos poderá superar a demanda existente, à medida que os consumidores façam a transição de Ozempic e Wegovy para Monjauro, que possui uma eficácia superior na perda de peso.
Expectativas para o 3T25
No terceiro trimestre de 2025 (3T25), o JP Morgan prevê uma aceleração na receita bruta, impulsionada especialmente pelas vendas de medicamentos GLP-1 e pela recuperação do setor de Higiene Pessoal e Cosméticos (HPC). O banco também tem a expectativa de uma melhoria nas margens brutas, dada a redução das pressões relacionadas a perdas e resultados da 4Bio (empresa associada) e regulamentações de preços no setor (CMED).
Os analistas estimam que o GLP-1 continuará sendo uma “pressão” significativa, representando mais de 5% da receita e gerando uma margem bruta de 10%. Para o 3T25, a margem bruta deve apresentar uma contração de 40 pontos-base, enquanto a margem Ebitda ajustada pode cair 15 pontos-base.
O lucro líquido estimado para o 3T25 é de R$ 352 milhões, resultando em um lucro por ação de R$ 0,21. Os resultados do terceiro trimestre de 2025 serão divulgados em 4 de novembro, após o fechamento do mercado.
Perspectivas a Longo Prazo
O JP Morgan avalia que fatores positivos de longo prazo para o setor permanecem “intactos”. Em um mercado que se dobra a cada sete ou oito anos, a RD Saúde deve dobrar sua quantidade de lojas a cada cinco ou seis anos, com um crescimento da base de lojas à taxa composta anual de 10%. Os analistas também acreditam que as iniciativas digitais da empresa e sua execução “superior” irão impulsionar as vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês).
Espera-se que a RD ganhe participação de mercado, superando o crescimento global do setor em cerca de cinco pontos percentuais, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) da receita bruta de 14% nos próximos cinco anos.
Os analistas consideram a RD Saúde como a melhor posicionada para se beneficiar das promissoras perspectivas de longo prazo do mercado brasileiro de medicamentos, especialmente devido ao envelhecimento da população e à provável consolidação do setor. A competição de supermercados e marketplaces online, que está sendo analisada no Congresso, não deve representar um problema significativo a longo prazo, segundo o JP Morgan.
Fonte: www.moneytimes.com.br