Taxas de Contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) em Alta
No dia 10 de outubro, as taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram a negociação em alta, especialmente entre os contratos com prazos mais longos. Essa tendência reflete os receios dos investidores em relação à política fiscal brasileira e às novas ameaças tarifárias feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à China.
No final da tarde, com o dólar alcançando R$ 5,50, a taxa do DI para janeiro de 2028 foi fixada em 13,41%, um aumento de 1 ponto-base em relação ao ajuste anterior de 13,40%. A taxa para janeiro de 2029 ficou em 13,4%, comparada ao ajuste anterior de 13,343%. Entre os contratos com vencimento mais longo, a taxa para janeiro de 2035 subiu para 13,805%, representando um aumento de 9 pontos-base em relação ao valor anterior de 13,719%.
Contexto da Alta das Taxas
Fatores Internos
A sexta-feira (10) foi, de acordo com alguns analistas, um exemplo de “tempestade perfeita” para os ativos brasileiros, com informações desfavoráveis provenientes tanto do Brasil quanto do exterior. Internamente, o arquivamento, na quarta-feira (8), da Medida Provisória (MP) 1.303, que abordava a taxação de aplicações, continuou a afetar a curva de juros, sendo interpretado por muitos como um revés para os esforços do governo de equilibrar as contas públicas.
A referida MP tinha um impacto fiscal estimado de R$ 14,8 bilhões para 2025 e R$ 36,2 bilhões para 2026, levando em consideração as novas receitas projetadas e os cortes de despesas, conforme informações do Ministério da Fazenda. Durante um evento em São Paulo para o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a rejeição da MP sobre taxação, reafirmando o compromisso de seu governo com a responsabilidade fiscal.
Além disso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enfatizou o empenho da instituição em manter a meta de inflação contínua de 3%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo espera que, até o final de 2026, as condições da política monetária “estejam substancialmente diferentes das atuais.”
No período da manhã, a incerteza dos investidores foi acentuada por uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que afirmava que o pacote de medidas do governo para 2026 poderia totalizar R$ 100 bilhões, sem garantias de que as receitas estivessem asseguradas. As medidas incluiriam a ampliação da isenção do Imposto de Renda, a distribuição de gás de cozinha, a isenção nas contas de energia para determinados setores da população e a concessão de bolsas para estudantes — todos programas já anteriormente anunciados pelo governo e mencionados no projeto orçamentário para o próximo ano.
Mesmo na ausência de novas medidas, os agentes de mercado demonstravam preocupação quanto à possibilidade de que o ano de 2026 fosse marcado por iniciativas destinadas a impulsionar a reeleição de Lula, o que poderia resultar em impactos adversos para as contas públicas. Próximo ao encerramento da sessão, a curva de juros brasileira atribuiu uma probabilidade de 97% à manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), programada para o início de novembro.
Fatores Externos
Para complicar ainda mais o cenário, por volta do meio-dia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aumentar as tarifas comerciais sobre a China e cancelar uma reunião previamente agendada com o líder chinês, Xi Jinping. Trump acusou a China de manter a economia global sob controle, após o país asiático expandir drasticamente seus controles sobre a exportação de terras raras na quinta-feira.
Laís Costa, analista da Empiricus Research, comentou que “o mercado brasileiro entrou em pânico pouco antes do fator global. Contudo, após a informação sobre a possibilidade de Trump aumentar as tarifas da China, a curva de juros se alterou e o dólar subiu ainda mais.” Ela acrescentou que “o Brasil opera China”, referindo-se ao impacto que as declarações de Trump têm sobre os ativos brasileiros.
Com esse contexto, na ponta mais longa da curva de juros — onde a atuação dos investidores estrangeiros costuma ser mais acentuada —, a taxa do DI para janeiro de 2035 atingiu a máxima de 13,935% às 14h08, representando um aumento de 22 pontos-base em relação ao ajuste do dia anterior. Embora as taxas tenham desacelerado um pouco até o fechamento da sessão regular, elas encerraram a negociação em alta na maioria dos vencimentos.
Esse movimento se opôs ao dos Treasuries dos Estados Unidos, cujos rendimentos diminuíam à medida que os investidores buscavam segurança nos títulos norte-americanos. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos, que serve como referência global para decisões de investimento, caiu em 10 pontos-base, fixando-se em 4,051%.
Fonte: www.moneytimes.com.br