Juros Futuros Caem em Toda a Curva com Dados de Inflação no Brasil e nos EUA

Taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) em Queda

No fechamento da sessão desta sexta-feira, 24 de outubro, as taxas referentes aos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) apresentaram uma tendência de queda. Esse movimento reflete a percepção de que o Banco Central se encontra mais próximo de implementar cortes na taxa Selic, especialmente após a divulgação de índices de inflação que ficaram abaixo das expectativas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

No final da tarde, a taxa do DI com vencimento em janeiro de 2028 foi registrada em 13,09%, apresentando uma redução de 7 pontos-base em relação ao ajuste anterior que foi de 13,164%. Por outro lado, a taxa para janeiro de 2035 estava em 13,515%, com uma diminuição de 9 pontos-base em comparação ao ajuste anterior que era de 13,602%.

Em um contexto internacional, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, conhecidos como Treasuries, se recuperaram levemente após terem perdido força em reação aos dados de inflação. Às 16h37, o rendimento do Treasury com vencimento em dez anos, que é usado como referência global para decisões de investimentos, subia 1 ponto-base, alcançando 3,997%.

Fatores que Influenciaram os DIs

A abertura dos pregões teve como um dos marcos a divulgação dos dados referentes ao IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial e foi publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este índice apresentou uma alta de 0,18% em outubro, uma redução em relação aos 0,48% registrados no mês anterior. O resultado ficou aquém da expectativa de especialistas consultados em pesquisa pela Reuters, que indicavam um aumento de 0,25%.

A taxa acumulada do IPCA-15 em 12 meses até outubro foi de 4,94%, o que se mostra inferior aos 5,32% registrados em setembro, além de estar abaixo da projeção que os economistas tinham em relação ao índice, que era de 5,01%.

Outro aspecto positivo que emergiu a partir da análise do indicador foi a diminuição do índice de difusão, que caiu de 53,1% para 50,95%. Este índice indica a proporção de itens que estão em ascensão no IPCA-15.

A expectativa gerada pela divulgação do IPCA-15, que foi inferior ao esperado, permitiu uma diminuição nas taxas dos DIs. Esse movimento foi reforçado ainda pela liberação dos dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos referentes ao mês de setembro. O Departamento do Trabalho dos EUA reportou que o CPI aumentou 0,3% em setembro, após ter registrado uma alta de 0,4% em agosto. Nos 12 meses que antecederam setembro, o CPI teve uma alta de 3,0%, comparado ao incremento de 2,9% previsto para agosto. Economistas esperavam que o aumento fosse de 0,4% no mês e de 3,1% em relação ao ano anterior.

Quando os preços dos componentes voláteis de alimentos e energia foram desconsiderados, os preços aumentaram 0,2% em setembro, após um crescimento de 0,3% em agosto. O núcleo do índice mostrou uma elevação de 3,0% em relação ao ano, uma leve diminuição em comparação com os 3,1% registrados em agosto.

Após a divulgação dos dados do CPI, os rendimentos dos Treasuries sofreram uma queda significativa, impulsionando os investidores globais a elevar as expectativas de cortes sucessivos de juros pelo Federal Reserve.

Esse cenário resultou em uma taxa do DI com vencimento em janeiro de 2027 atingindo a mínima de 13,815% (-6 pontos-base) às 9h44, coincidentemente quando tanto o IPCA-15 quanto o CPI já haviam sido divulgados. A taxa do DI para janeiro de 2035 também atingiu uma mínima de 13,510% (-9 pontos-base) às 15h39.

A analista Laís Costa, da Empiricus Research, comentou sobre as mudanças na curva de juros: “A baixa da curva se deve à expectativa de queda de juros no Brasil. Se antes havia uma ceticismo considerável quanto à possibilidade de o Banco Central cortar a Selic antes do primeiro trimestre de 2026, os dados apresentados hoje são um marco significativo em direção ao corte”.

Ela também acrescentou: “Janeiro está se tornando um consenso. Nas últimas comunicações rígidas do Banco Central, a impressão era a de que dois cortes estavam voltados para março e, talvez, abril. Agora, mais de 50% das probabilidades apontam para um corte em janeiro, com uma chance maior de redução em março”.

José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, também mencionou a recente redução no preço da gasolina promovida pela Petrobras, como um fator que pode impactar a política monetária. Ele destacou: “A possibilidade de um corte na Selic ocorrer em janeiro aumentou consideravelmente em virtude do IPCA-15 de hoje, combinado com a redução do preço da gasolina”.

Ainda que a curva tenha começado a refletir chances mais robustas para cortes na Selic começando em janeiro, muitos economistas do mercado mantiveram uma postura cautelosa após os resultados divulgados nesta sexta-feira, 24. Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, comentou: “O resultado do IPCA-15 apoia as revisões de previsão de inflação, mas não altera o cenário global nem oferece confiança adicional para o processo de desinflação”.

Ela ressaltou, ademais, que “isso não deve mudar a linha de atuação do Banco Central, que seguirá com uma postura cautelosa e manterá os juros em níveis contracionistas por um período prolongado.”

Perto do encerramento do pregão, a curva de juros indicava uma probabilidade de 00% para a manutenção da Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ocorrerá no início de novembro.

Fonte: www.moneytimes.com.br

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