Curva de Juros Tem Viés Misto
Contexto do Mercado
A sessão desta quinta-feira, 16 de outubro de 2025, foi marcada por movimentos cautelosos na curva de juros brasileira, com os juros futuros apresentando operações que se aproximavam da estabilidade. O mercado local reagiu a uma combinação de fatores tanto externos quanto internos: internacionalmente, a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve ajudou a criar um ambiente de menor aversão ao risco. Por outro lado, no Brasil, preocupações fiscais e a divulgação do IBC-Br abaixo do que era esperado mantiveram os investidores em estado de alerta, o que levou a um comportamento mais seletivo.
Variações nos Contratos
Entre os vértices da curva de juros, foi observada uma pequena variação negativa nos contratos mais curtos e intermediários, enquanto os contratos com vencimento mais longo registraram ligeiras altas. O contrato com vencimento em janeiro de 2027 (BMF:DI1F27) caiu 0,11%, fechando em 14,02%, enquanto o de janeiro de 2028 (BMF:DI1F28) também apresentou uma queda de 0,11%, encerrando a 13,36%. Em contrapartida, os desenhos dos vértices longos mostraram avanços: o contrato de janeiro de 2033 (BMF:DI1F33) subiu 0,48%, atingindo 13,72%, enquanto o de janeiro de 2035 (BMF:DI1F35) registrou alta de 0,48%, chegando a 13,74% ao fim do dia.
Liquidez Nos Contratos de Curto e Médio Prazo
Nos contratos de curto e médio prazo, a liquidez se manteve elevada. O DI1F26 (janeiro de 2026) manteve-se estável em 14,895%, movimentando um total de 232 mil contratos. Por outro lado, o DI1F27 (janeiro de 2027) teve um volume ainda maior, com 377 mil negócios. Esses prazos seguem sendo os mais negociados no mercado DI Futuro, refletindo o interesse dos investidores que monitoram a trajetória da Selic nos meses seguintes.
Vértices de Longo Prazo
Para os vértices de longo prazo, que são mais sensíveis a discussões fiscais e políticas, houve uma leve tendência de alta. O DI1F31 (janeiro de 2031) avançou 0,37%, fechando em 13,58%, com 214 mil contratos negociados. Já o DI1F33 (janeiro de 2033) e o DI1F35 (janeiro de 2035) apresentaram volumes menores de negociação — 37 mil e 30 mil contratos, respectivamente — mas ainda assim refletem a cautela dos investidores em relação ao quadro fiscal brasileiro e à trajetória da dívida pública.
Cenário Internacional
Nos mercados internacionais, os rendimentos dos Treasuries norte-americanos permaneceram estáveis, com um leve viés de baixa. O título de 10 anos era negociado próximo a 3,98% após a divulgação de uma pesquisa do Fed da Filadélfia, que indicou um enfraquecimento da atividade econômica na região. Esse movimento reforçou as apostas para um possível corte de juros nos Estados Unidos, especialmente após declarações do diretor Christopher Waller, que defendeu um ajuste de 0,25 ponto percentual já na próxima reunião do comitê do Fed.
Tensões Comerciais e Empreendimentos no Ouro
Além disso, as tensões comerciais entre EUA e China voltaram a ser um tópico de atenção, embora o impacto gerado pelas incertezas fosse limitado devido ao otimismo nos balanços corporativos. Em paralelo, o preço do ouro atingiu um novo recorde, superando US$ 4.300 por onça. Esse contexto contribuiu para a percepção de que o Fed poderá adotar uma política mais flexível, o que poderia favorecer mercados emergentes, como o Brasil.
Ambiente Doméstico
No âmbito doméstico, a curva de juros permaneceu em modo de espera. O IBC-Br de agosto, que serve como prévia do PIB brasileiro, cresceu apenas 0,4%, número que ficou abaixo das expectativas, levando a ajustes pontuais nas taxas do Tesouro Direto e reforçando a leitura de uma economia que continua desacelerada. A B3 também anunciou o lançamento do primeiro índice de títulos do Tesouro Direto, movimento que pode aumentar o interesse por renda fixa e intensificar a liquidez no mercado secundário.
Discussões Fiscais e Expectativa de Investidores
O mercado brasileiro acompanhou com bastante atenção as discussões fiscais em Brasília, além das sinalizações do governo acerca do orçamento de 2026. A incerteza a respeito do equilíbrio das contas públicas continua sendo um dos principais fatores que exercem pressão sobre os vértices longos da curva de juros, especialmente nas faixas de vencimento entre 2031 e 2035, que tendem a reagir de maneira mais sensível a riscos fiscais e políticos.
Comportamento do Pregão
Apesar das oscilações mistas, o pregão dessa quinta-feira foi considerado técnico e moderado, com os investidores aguardando novas informações sobre inflação e atividade econômica para realizar apostas sobre a trajetória da Selic e o ritmo de cortes a ser adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
O investidor pode acompanhar a curva de juros, os vencimentos do DI Futuro e as taxas em tempo real diretamente na página da -.
Fonte: br.-.com