Decisão da Aneel e Impactos para a Light
As ações da Light (BOV:LIGT3) apresentaram leve queda na bolsa de valores nesta terça-feira, 4 de novembro, após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovar a renovação da concessão da distribuidora por um período adicional de 30 anos. Essa decisão, que agora será encaminhada ao Ministério de Minas e Energia (MME), estende o direito de operação da companhia até 2056, mediante confirmação.
A renovação considera que a empresa atendeu aos requisitos legais e regulatórios, incluindo indicadores de continuidade no fornecimento e critérios de solvência econômico-financeira. A Aneel ressaltou que, apesar das dificuldades recentes, incluindo o término do processo de recuperação judicial em 2024, a Light demonstrou capacidade de reorganização e um compromisso evidente com melhorias operacionais.
Desafios Enfrentados pelo Setor de Distribuição de Energia
O setor de distribuição de energia enfrenta forte pressão em diversas regiões, especialmente em áreas com alta taxa de perda elétrica. A renovação do contrato representa uma aposta regulatória na capacidade de recuperação da companhia, o que pode trazer previsibilidade para o seu plano de investimentos e diminuir as incertezas relacionadas à continuidade dos serviços prestados.
O relator do processo, diretor Gentil Nogueira, afirmou que a Light apresentou documentação fiscal, jurídica e técnica que confirma a conformidade da empresa, além de um plano de gestão considerado apropriado para enfrentar os desafios associados à inadimplência e à eficiência operacional. Contudo, essa decisão ainda está sujeita à aprovação final do MME.
Desempenho das Ações e Situação Atual do Mercado
Às 15h45, as ações da Light (LIGT3) eram transacionadas ao preço de R$ 6,14, representando uma queda de 0,97%. No pregão de hoje, os papéis abriram a R$ 6,18, chegaram a atingir uma máxima de R$ 6,49 e tocaram o menor valor de R$ 6,06, com um volume financeiro em torno de R$ 2,26 milhões. A volatilidade observada reflete a percepção de que, embora a renovação ajude a mitigar riscos, os desafios operacionais persistem como um fator relevante.
A Light (LIGT3) se destaca como uma das principais distribuidoras de energia elétrica do Brasil, atendendo a consumidores na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A companhia atua em segmentos que abrangem a distribuição, geração e comercialização de energia, competindo em um setor regulado e essencial para a infraestrutura do país.
Se a renovação da concessão for confirmada pelo MME, isso pode sinalizar uma fase de estabilização para a Light, mitigando incertezas de longo prazo relacionadas à operação da empresa.
Visão do Mercado e Expectativas Futuras
Para o banco Morgan Stanley, a aprovação da renovação da concessão, embora já esperada após a análise técnica realizada pela Aneel duas semanas atrás e o voto público do diretor Gentil Nogueira em 3 de novembro, é considerada um passo significativo para a Light. Embora a decisão ainda dependa da validação final pelo Ministério de Minas e Energia, já representa um avanço importante para a companhia. Na sessão anterior, as ações LIGT3 chegaram a registrar uma alta de quase 9%.
Com esse sinal verde inicial, a empresa poderá dar continuidade ao seu plano de recuperação judicial, que inclui a previsão de um aumento de capital a ser realizado em até 90 dias após a validação da renovação, um movimento que tende a fortalecer sua estrutura financeira.
Por outro lado, o banco enfatiza que ainda existem incertezas em relação ao tratamento regulatório das perdas de energia, um assunto que poderá impactar diretamente o equilíbrio econômico da concessão nos próximos anos. Os analistas destacam que diretrizes mais claras a respeito desse tema seriam essenciais para desbloquear valor e melhorar a previsibilidade do negócio.
A expectativa é que a Aneel defina novas regras sobre esse tema até o final de 2026, antecedendo a próxima revisão tarifária da Light, programada para março de 2027.
Contexto da Concessão e Considerações Finais
A concessão da empresa integra um conjunto de cerca de 20 contratos de distribuição com vencimento entre os anos de 2025 e 2031, os quais tiveram orientações gerais de renovação estabelecidas pelo Decreto 12.068/2024. Durante o processo de renovação, a Aneel deverá emitir uma recomendação baseada em critérios de qualidade e indicadores financeiros, enquanto a decisão final permanecerá sob a alçada do Ministério de Minas e Energia.
O Morgan Stanley mantém sua recomendação “equalweight” para as ações LIGT3, equivalente a uma postura neutra em relação ao mercado. Para os analistas do banco, a Light tem se configurado como um dos casos mais complexos e em constante transformação dentro de seu campo de cobertura.
Os analistas apontam que a recuperação judicial possibilitou uma reestruturação significativa da dívida, assim como uma estrutura de capital mais equilibrada. A renovação da concessão também se posiciona como um marco importante na trajetória da companhia. No entanto, o tratamento futuro das perdas de energia continua sendo um aspecto de baixa visibilidade, com potencial para influenciar o desempenho financeiro da empresa no médio prazo.
Fonte: br.-.com