Resultados Financeiros do Banco do Brasil no Segundo Trimestre de 2025
É o primeiro recuo dos números após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro
No segundo trimestre de 2025, o Banco do Brasil (BBAS3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A informação foi divulgada em um comunicado enviado ao mercado nesta quinta-feira, dia 14 de agosto de 2025.
Expectativas de Mercados Não Atingidas
O resultado ficou aquém das expectativas de analistas, que, segundo levantamento realizado pela LSEG, projetavam um lucro líquido de R$ 5,279 bilhões. Este desempenho negativo representa o segundo recuo consecutivo após um longo período de 16 trimestres de crescimento contínuo no lucro anual.
Além disso, o Banco do Brasil foi o único entre os grandes bancos a apresentar uma redução no lucro, o que levanta preocupações sobre sua performance futura.
Causas da Queda no Lucro
Um conjunto de fatores contribuiu para essa diminuição do lucro, incluindo:
- Piora na inadimplência do agronegócio
- Nova resolução da CMN nº 4.966/2021, que endureceu as normas e exigiu que os bancos aumentassem as provisões para calotes
Esses elementos transformaram o Banco do Brasil de uma instituição admirada no mercado para um grande ponto de interrogação. A situação no agronegócio se agrava, com um aumento considerável no número de recuperações judiciais no setor.
Desempenho em Análise de Lucros
Em maio, o Banco do Brasil reportou um lucro de apenas R$ 500 milhões, o que representa uma queda significativa em relação aos R$ 1,7 bilhão registrados em abril, resultando em uma diminuição de 70% mês a mês e de 85% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Esses números indicam uma tendência preocupante que vem se intensificando desde o terceiro trimestre.
Qualidade dos Ativos e Inadimplência
Dados do Banco Central (BC) revelam que a qualidade dos ativos rurais atingiu o nível mais baixo já registrado, apresentando números alarmantes de inadimplência:
- 3,5% de inadimplência em 90 dias
- 2,9% de inadimplência antecipada (15 a 90 dias)
Esse cenário traz à tona a fragilidade do setor agrícola, que é um dos pilares da economia brasileira. Com a crescente inadimplência, o Banco do Brasil enfrenta desafios significativos para recuperar a confiança de investidores e do mercado como um todo.
Piora no Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
Outro aspecto negativo dos resultados financeiros é a drástica queda do ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que fechou o trimestre em 8,4%. A média das expectativas de cinco analistas consultados pelo Money Times era de que esse índice ficasse em torno de 11%.
Histórico de Rentabilidade
Segundo análises da Elos Ayta, trata-se do pior nível de rentabilidade desde pelo menos 2010. O Banco do Brasil não apenas perdeu o patamar considerado ideal de 20% de rentabilidade — um número muito almejado pelo mercado —, mas também finalizou o período com resultados inferiores aos de seus principais concorrentes:
- Itaú (ITUB4): ROE de 23%
- Santander (SANB11): ROE de 16%
- Bradesco (BBDC4): ROE de 14,6%
Esses dados indicam uma competição acirrada entre os bancos e destacam a necessidade do Banco do Brasil ajustar suas estratégias para reverter esse quadro desafiador.
Desafios Futuros e Expectativas do Mercado
Com a conjuntura atual, o Banco do Brasil precisa enfrentar uma série de desafios importantes. Entre eles estão:
- Recuperação da rentabilidade e da confiança do mercado
- Adaptação à nova norma do CMN que exigirá maiores provisões e poderá impactar ainda mais a lucratividade
- Gestão da inadimplência no agronegócio, que, como demonstrado, está em níveis críticos
Se o Banco do Brasil não agir rapidamente e de forma eficiente, corre o risco de afetar sua posição de mercado e, por consequência, a percepção de investidores e analistas. Para isso, serão necessárias medidas focadas em reestruturação da carteira de crédito, aumento da eficiência operacional e estratégias de mitigação de riscos.
Conclusão
A redução do lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre de 2025 sinaliza não apenas um ponto de inflexão para a instituição, mas também um alerta para o setor bancário e para a economia como um todo. A tendência de alta inadimplência e desafios no agronegócio exigem atenção imediata e ações contundentes por parte do banco para evitar que esse cenário se agrave. A recuperação da rentabilidade e a restauração da confiança do mercado serão fatores cruciais para o futuro da instituição.