Desempenho dos Principais Bancos Privados do Brasil no 2T25
No segundo trimestre de 2025, os três principais bancos privados brasileiros — Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) — reportaram lucros acumulados de R$ 21,234 bilhões. Esse resultado representa um crescimento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar de um ambiente caracterizado por uma maior prudência nas concessões de crédito, não houve grandes surpresas relacionadas à inadimplência e as provisões para devedores considerados duvidosos permaneceram controladas.
Destaque do Itaú Unibanco
O Itaú se destacou novamente entre os seus concorrentes, apresentando um lucro total de R$ 11,5 bilhões, superando, portanto, a soma dos ganhos do Bradesco e do Santander. Além disso, o Itaú alcançou um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 23,2%, um desempenho positivo se comparado ao Santander, que reportou 16%, e ao Bradesco, que ficou com 14%. Este último, diga-se de passagem, está passando por um processo de reestruturação interna que, por enquanto, está dando resultados. É interessante notar que há um ano, o retorno do Bradesco era de apenas 11%.
Os líderes dos bancos não pressionam no sentido de esperar impactos significativos no setor de crédito em decorrência da recente política tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, há a consciência de que as tarifas podem ter efeitos adversos em setores específicos. O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, afirmou que "os impactos das tarifas são imateriais na carteira de crédito do banco".
Cautela no Crédito
O segundo trimestre também foi marcado pela cautela na concessão de crédito. O Itaú e Bradesco procuraram optar por linhas de crédito com garantias, enquanto o Santander adotou uma postura mais conservadora, resultando numa contração de 1% na sua carteira de crédito quando comparado ao trimestre anterior. O Itaú, por sua vez, registrou um crescimento de 0,4%, e o Bradesco, 1,3%.
Situação Econômica
O contexto econômico mais desafiador, que sugere uma desaceleração robusta, foi um tema ressaltado por Marcelo Noronha, presidente do Bradesco, que enfatizou a importância de manter a cautela no setor e garantir a qualidade das novas concessões de crédito. O Bradesco, no entanto, registrou o maior crescimento na carteira de crédito, com um avanço de 11,7% em 12 meses, enquanto o Itaú teve 7% e o Santander apenas 1,5%. Mesmo assim, a instituição se mostrou mais seletiva, utilizando linhas de crédito consignado privado que aguardam ajustes técnicos e operacionais antes de liberar novos empréstimos.
O balanço do Bradesco foi amplamente esperado por analistas e investidores devido ao seu processo de reestruturação. Noronha afirmou que as transformações estão gerando resultados tangíveis, embora o processo ainda não tenha se encerrado, indicando que a instituição está otimista em relação às suas práticas.
Resultados do Itaú e Expectativas
Em relação ao Itaú, as análises esperavam um resultado sólido, e isso se confirmou. Analistas da Genial Investimentos, Eduardo Nishio e Nina Mirazon, classificaram o desempenho do banco como "sólido e consistente", reforçando sua liderança em escala, eficiência e lucratividade em comparação aos seus pares. Maluhy declarou que o banco novamente apresentou resultados robustos, mantendo a inadimplência sob controle. O indicador de inadimplência do Itaú, que reflete os atrasos superiores a 90 dias, ficou estável em 1,9% durante o trimestre.
O CEO do Itaú anunciou que a instituição possui a capacidade de gerar uma boa rentabilidade, com a expectativa de que esse índice possa superar 20%. A operação de atacado, por sua vez, alcançou um retorno impressionante de 30% no segundo trimestre.
Perspectivas Futuras e Juros
O cenário para o segundo semestre de 2025 ainda permanece desafiador, principalmente devido à taxa de juros que alcançou 15% ao ano. Maluhy expressou cautela em relação à atividade empresarial, afirmando que "com o nível de juros que estamos vendo, é difícil imaginar que se abrirá uma janela para ofertas de ações no segundo semestre". Ele previu um volume "baixíssimo ou nulo" de operações nesse setor. O Brasil, cabe destacar, completa quatro anos sem ofertas iniciais de ações (IPO).
Resumo das Ações e Estratégias dos Bancos
Os três maiores bancos privados do Brasil, em seus relatórios do segundo trimestre de 2025, apresentaram estratégias que refletem uma abordagem cautelosa em um ambiente econômico incerto. Enquanto o Itaú Unibanco se destaca por sua rentabilidade e eficiência, o Bradesco mostra um crescimento notável em sua carteira de crédito, apesar de sua seletividade. O Santander, por outro lado, adota uma postura mais conservadora, o que reflete a dinâmica geral do setor bancário brasileiro antecrise econômica e incertezas globais.
Performance e Comparações
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Itaú Unibanco (ITUB4):
- Lucro: R$ 11,5 bilhões
- ROE: 23,2%
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Bradesco (BBDC4):
- Crescimento na carteira de crédito: 11,7%
- ROE: 14%
- Santander (SANB11):
- Crescimento na carteira de crédito: 1,3%
- ROE: 16%
Implicações Finais e Considerações
O desempenho desses bancos reflete não apenas inúmeras variáveis macroeconômicas, mas também os esforços internos de cada um para se adaptarem às condições desafiadoras do mercado. Além disso, as funções de liderança e estratégias adotadas têm um papel vital nas maneiras como eles se posicionam para o futuro. Considerando as incertezas econômicas, um acompanhamento contínuo das ações e reações que cada banco terá em resposta às mudanças no cenário econômico será essencial para entender melhor suas operações e lucro a longo prazo.
Neste contexto de recuperação econômica e reajuste às novas normativas e taxas, o papel dos principais bancos brasileiros é fundamental para o avanço e estabilidade do sistema financeiro nacional. A performance apresentada no 2T25 é um indicativo de que, apesar das adversidades, um futuro promissor pode estar à frente para as instituições financeiras que souberem se adequar e inovar.