A Avenida Faria Lima amanheceu nesta quinta-feira (28) sob uma grande operação policial. Agentes da Polícia Federal e da Polícia Militar, promotores do Gaeco e fiscais da Receita Federal e Estadual cumpriram mandados em prédios da região durante a Operação Carbono Oculto.
A operação abrange dez estados, mas a área da Faria Lima, em São Paulo, concentra grande parte dos esforços: 42 alvos em cinco endereços, incluindo empresas, corretoras e fundos de investimento.
De acordo com o MPSP, a ação visa desarticular um esquema de fraudes bilionárias no setor de combustíveis, parte do qual é controlado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção se uniu a outras organizações criminosas para se infiltrar em cadeias econômicas formais, incluindo o setor financeiro, utilizando distribuidoras, postos, transportadoras e fintechs.
As investigações sugerem que os alvos são suspeitos de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, estelionato e infrações contra a ordem econômica.
Um dos principais eixos do esquema envolve a importação irregular de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR). O produto não era entregue aos destinatários oficiais e era desviado com documentação falsa, em desacordo com normas de segurança. O metanol, altamente tóxico e inflamável, era utilizado na adulteração de combustíveis, aumentando os ganhos da rede criminosa.
Mais de 300 postos investigados
Mais de 300 postos estão sendo investigados por fraudes. Consumidores pagavam por volumes menores de combustível do que o indicado nas bombas ou por produtos adulterados, fora das especificações técnicas da ANP.
Além disso, há relatos de empresários que venderam postos sem receber o pagamento e foram ameaçados de morte ao tentarem cobrar os valores devidos.
Os lucros do esquema eram reinvestidos em uma rede de empresas de fachada, fundos de investimento e instituições de pagamento, ocultando os verdadeiros beneficiários em sucessivas camadas societárias. Parte do dinheiro foi direcionada à compra de usinas sucroalcooleiras, aumentando o controle do grupo sobre a cadeia produtiva.
As transações financeiras eram realizadas por meio de fintechs controladas pelo crime organizado, que operavam com contabilidade paralela. A escolha por esse tipo de instituição, em vez de bancos tradicionais, tinha como objetivo dificultar o rastreamento do dinheiro.
Além das medidas criminais, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo (CIRA-SP) anunciou ações para o bloqueio de bens equivalentes ao valor sonegado, estimado em R$ 7,67 bilhões.
(Notícia em atualização)