Desafios da Diversificação na Gestão de Investimentos
Um dos desafios que têm se tornado cada vez mais comum entre os investidores é a dificuldade de consolidar a carteira de investimentos em uma única tela para acompanhar a rentabilidade e a alocação em tempo real. Este fenômeno é impulsionado pelo crescente número de contas que os investidores mantêm em diferentes bancos e corretoras. Nos últimos dez anos, o número de contas por investidor aumentou consideravelmente, passando de duas para até oito, conforme afirmado por Cassio Bariani, sócio-fundador da SmartBrain, empresa que oferece soluções para assessores de investimento.
Bariani explica que, no passado, um investidor costumava ter conta em um ou dois bancos. Atualmente, é comum que ele possua uma conta em um banco, além de três corretoras, uma distribuidora, entre outras opções. Essa diversificação nas plataformas financeiras possibilita que os investidores busquem diferentes produtos de investimento disponíveis no mercado, mesmo que permaneçam investindo em renda fixa. Entre esses produtos, as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, conhecidas como LCIs e LCAs, apresentam a vantagem da isenção do Imposto de Renda, com taxas de retorno que variam conforme o emissor.
A influenciadora financeira Elisiane Moreira destaca que, muitas vezes, um mesmo título pode ser emitido por diferentes bancos, apresentando variações na rentabilidade. Ao observar essas diferenças, o investidor pode obter vantagens adicionais para a sua carteira e, atualmente, a facilidade em diversificar investimentos fora do Brasil também abre novas oportunidades ao investidor, aumentando a relação com diversas plataformas financeiras.
O Papel do Apoio Profissional na Gestão de Patrimônio
De acordo com Claudio Ianface Junior, economista e sócio da The Hill Capital, a abertura de contas em diferentes instituições financeiras pode ser uma boa estratégia para a busca de melhores taxas e produtos. Porém, isso também torna a gestão do patrimônio de forma consolidada mais complicada. “É essencial ter clareza sobre o patrimônio total e, sempre que possível, buscar o apoio de um assessor de investimentos. Esse profissional pode ajudar a consolidar os dados e garantir uma estratégia que esteja alinhada aos objetivos de longo prazo”, comenta ele.
No mercado atual, existem ferramentas que oferecem recursos gratuitos para a integração das informações financeiras. Exemplos incluem Status Invest, Hub3, Investidor10 e Kinvo. A plataforma Gorila, originalmente focada no investidor final, alterou seu foco para o modelo B2B, atendendo aos profissionais do mercado financeiro. Segundo Bariani, a dificuldade normalmente enfrentada pelo cliente pessoa física se dá porque as ferramentas que realizam o processo automático de importação de dados geralmente não são 100% completas.
Bariani observa que nem todas as informações sobre as movimentações de investimentos são integradas automaticamente. Essa limitação significa que a visão geral das carteiras em plataformas gratuitas fica comprometida. Em muitos casos, os dados devem ser registrados manualmente, seja através de sistemas de boletagem ou pela importação de arquivos, um processo que normalmente é realizado pelos assessores de investimentos. Como resultado, as ferramentas acessíveis ao público acabam mostrando apenas uma parte dos ativos do investidor.
Evolução do Open Finance e Perspectivas Futuras
O conceito de Open Finance surge como uma solução, pois permite que os investidores consolidem suas informações financeiras em uma única plataforma. Isso possibilita a visualização da evolução de suas carteiras diretamente na conta do banco ou corretora de preferência. Atualmente, muitos bancos e corretoras já oferecem esse serviço aos clientes na tela inicial dos aplicativos. Para utilizar essa funcionalidade, o interessado precisa apenas autorizar o compartilhamento de dados, que são automaticamente buscados em diferentes instituições.
Empresas como a SmartBrain e Gorila estão se beneficiando desse processo, já que foram contratadas por bancos e corretoras para fornecer a tecnologia necessária para viabilizar essa integração. No entanto, o sistema ainda está em processo de evolução e deverá passar por melhorias significativas quando as APIs – interfaces que possibilitam a comunicação entre sistemas distintos – estiverem padronizadas.
Atualmente, existem lacunas de dados e integrações parciais, e nem todas as instituições financeiras estão adequadamente equipadas tecnologicamente ou têm suas funcionalidades plenamente homologadas. A evolução gradual desse sistema está prevista nas normas e cronogramas do Banco Central, que tornarão esses serviços obrigatórios em um futuro próximo, forçando os bancos a integrarem informações de forma padronizada. Bariani afirma que isso irá facilitar, e muito, a captura de dados, permitindo uma visualização da totalidade da carteira de investimentos com muito mais precisão e agilidade.