Segundo Giovanne Tobias, ainda em julho, o nível de inadimplência segue elevado, principalmente na carteira rural (Imagem: Reprodução)
Aumento da Inadimplência no Agronegócio: Um Alerta do Banco do Brasil
A persistência da inadimplência no setor do agronegócio, que já se mostrou um dos principais problemas durante o primeiro e segundo trimestres de 2025, pode continuar a impactar os resultados financeiros do Banco do Brasil (BBAS3) no terceiro trimestre. O alerta foi dado pelo CFO da instituição, Giovanne Tobias, em um vídeo publicado no YouTube, onde comentou sobre o desempenho financeiro recente do banco.
Desempenho do Banco no Segundo Trimestre
Durante a última quinta-feira, o Banco do Brasil anunciou um lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões referente ao segundo trimestre de 2025, o que representa uma queda significativa de 60% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Tobias enfatizou que, a partir de julho, a inadimplência na carteira rural continua alta, o que afetará negativamente os resultados financeiros da instituição.
“É importante que os investidores estejam cientes de que não se trata de um problema que pode ser resolvido instantaneamente”, afirmou Tobias, ressaltando a necessidade de um controle cuidadoso sobre a inadimplência, ao mesmo tempo que se busca ampliar as operações de crédito do banco.
Estrategias de Crescimento do Banco do Brasil
Tobias destacou que, para enfrentar os desafios, o banco pretende ser mais seletivo em relação à sua carteira de crédito agro e ao mesmo tempo ampliar o segmento de crédito voltado para pessoas físicas, que tende a trazer maior rentabilidade ao banco. Ele mencionou que as maiores margens e o risco controlado no segmento de pessoas físicas seriam vantagens para esta estratégia.
Inadimplência na Carteira Agro
De acordo com dados recentes, a inadimplência na carteira agro do Banco do Brasil atingiu 3,49% no segundo trimestre. Tobias comentou que essa situação foi um grande problema, resultando na necessidade de criar mais de R$ 7 bilhões em provisões para lidar com esses calotes.
“A força do Banco do Brasil reside em manter uma carteira de crédito bem diversificada entre os setores agro, corporativo, pequenas empresas e pessoas físicas. Em tempos de dificuldades em um setor específico, as outras carteiras podem ajudar a estabilizar o resultado”, destacou ele.
Expectativas do Mercado para o Futuro
Com a divulgação de lucros abaixo das expectativas—R$ 3,8 bilhões—e um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de apenas 8%, o que representa o pior desempenho em décadas, espera-se que a ação do banco enfrente uma nova desvalorização.
Um gestor que atua na cobertura do setor financeiro contou ao Money Times que os resultados do banco foram menos favoráveis do que as estimativas do consenso de mercado, ainda que alguns analistas já tivessem apresentado uma visão pessimista sobre a ação. “Apesar de o resultado ter sido indesejável, ele não foi um completo choque para aqueles que estavam mais pessimistas em relação ao papel”, completou.
Análise Crítica do Documento de Resultados
Foi apontado que a inconsistência entre as orientações do banco pode acentuar as preocupações do mercado. “O banco fala sobre a necessidade de diminuir a geração de crédito, mas ao mesmo tempo indica que deseja acelerar a margem financeira, o que parece contraditório”, disse o analista.
Questões Relacionadas à Qualidade da Carteira de Crédito
Em relação à qualidade da carteira de crédito do Banco do Brasil, os sinais continuam alarmantes. Tobias ressaltou que a inadimplência está aumentando em todas as categorias: pessoas físicas, jurídicas e no setor agrícola. Além disso, há uma ampliação na quantidade de carteiras renegociadas e, especificamente no agronegócio, uma elevação da carteira prorrogada.
“Esses são sinais muito negativos para o futuro. A situação atual não sugere que o pior já tenha passado. Resultados ainda ruins estão por vir, possivelmente até mais severos do que as orientações anteriores do banco”, disse Tobias.
Revisão das Projeções de Lucro
Diante da queda no lucro e das dificuldades enfrentadas, o Banco do Brasil atualizou suas previsões que haviam sido suspensas anteriormente. O lucro líquido ajustado agora é estimado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões para 2025. Anteriormente, o banco havia previsto um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões antes de suspender as projeções em maio.
Conclusão
As informações divulgadas pelo Banco do Brasil em relação à inadimplência e ao desempenho de lucro geram uma onda de incertezas no mercado, principalmente no que tange às expectativas de investidores. A abordagem do banco para conter os altos níveis de inadimplência e, ao mesmo tempo, expandir suas operações de crédito será crítica para sua performance futura e para fortalecer a confiança dos acionistas em um ambiente de desafios financeiros constantes.