Nubank (ROXO34), agora o 3º maior banco do Brasil em número de clientes, volta seus olhos para o México em busca de mais 65 milhões; e quando os dividendos chegam?

Transição na Liderança do Nubank no México

O foco do Nubank em expandir suas operações no México vem acompanhado da troca na presidência da operação no país. No dia 2 de setembro, Armando Herrera assumiu o cargo de CEO, substituindo Ivan Canales, que esteve à frente da empresa nos últimos três anos. A transição está sendo conduzida por Guilherme Lago, diretor financeiro da companhia.

Oportunidades no Mercado Mexicano

Em um videocast, Lago informou que o México conta com mais de 50% da população desbancarizada e que a empresa tem a intenção de alcançar grande parte desse público, que equivale a aproximadamente 65 milhões de pessoas, tendo em vista que o país possui cerca de 130 milhões de habitantes atualmente.

De acordo com o CFO do Nubank, a instituição tem potencial para obter uma participação de mercado na filial mexicana superior ao que foi alcançado no Brasil. Essa situação daria ao Nubank a oportunidade de definir as regras locais sem enfrentar grandes pressões de concorrência ou taxas, tornando assim a operação mexicana mais rentável do que a brasileira.

“Estamos muito animados com a oportunidade de fornecer essas soluções aos mexicanos e poder compartilhar um pouco da nossa experiência aqui e construir o que acreditamos que pode ser a maior franquia de banco digital da América Latina”, declarou o executivo.

Para atingir essa meta, a empresa está implementando a estratégia de crédito conhecida como “low and grow”, que propõe iniciar cada cliente com limites de crédito modestos e aumentá-los conforme mais dados sobre o consumidor são coletados. Para a instituição, essa abordagem promove uma concessão de crédito mais conservadora e incentiva a educação financeira.

Até o momento, o Nubank já anunciou um investimento total de US$ 1,4 bilhão no México.

Perspectivas de Lucro e Crescimento no México

Segundo análises do BTG Pactual, o Nubank apresenta boas perspectivas no México, que é a segunda maior economia da América Latina. O crescimento das operações neste território tem ganhado escala e ajudado a compensar a desaceleração dos produtos mais lucrativos no Brasil.

Os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura afirmam que acreditam que a estratégia do banco no México está sendo executada com sucesso e agora possui força crescente. Eles observam que a expansão internacional continua sendo um dos principais fatores para que investidores considerem adquirir as ações da companhia.

Além do crescimento fora do Brasil, a empresa deve também se beneficiar do cenário doméstico. O BTG prevê que o segmento de clientes de baixa renda será favorecido até 2026, devido à continuidade de programas públicos de transferência de renda, como o Bolsa Família. Outras medidas esperadas em um ano eleitoral, como a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas com rendimentos de até R$ 5 mil mensais, podem igualmente impulsionar os resultados.

“Nossos números atualizados agora refletem essa dinâmica de curto prazo, ao mesmo tempo em que sustentam o otimismo em relação à lucratividade e às perspectivas de crescimento a longo prazo. Assim, estamos elevando nossas estimativas para 2026 e 2027 em cerca de 5%, para R$ 3,4 bilhões e R$ 4,3 bilhões, respectivamente”, destacam os analistas.

Gestão do Nubank e Expectativas do Mercado

A atual trajetória do Nubank também se baseia em melhorias significativas em seu balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25). A empresa reportou um lucro líquido de US$ 637 milhões, com um crescimento de 42% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que mede a rentabilidade da empresa, foi de 28%, superando todos os quatro principais bancos brasileiros, inclusive o Itaú (ITUB3; ITUB4), que mostrou ROE de 23,3%.

O mercado estava preocupado com uma possível alta da inadimplência e das provisões do Nubank em um cenário macroeconômico difícil, caracterizado por juros a 15% ao ano e inflação elevada. No entanto, essa preocupação não se concretizou, e o banco teve um aumento de apenas 0,1 ponto percentual na inadimplência acima de 90 dias, que subiu para 6,6%.

Com esse número, as Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) do Nubank cresceram 1% no trimestre, sem considerar o efeito do câmbio, totalizando US$ 1 bilhão. Este aumento foi inferior ao do Banco do Brasil (BBAS3), que viu suas provisões aumentarem 103,8% no mesmo período. Essa questão era uma das principais preocupações que analistas do Citi tinham, e, após os resultados, eles elevaram a recomendação do Nubank de venda para compra.

“Apesar das preocupações com o ambiente macroeconômico (que acreditamos estar se mostrando melhor do que o esperado), consideramos que os trimestres recentes evidenciam a habilidade do banco em não apenas navegar com competência, mas também em acelerar em carteiras-chave enquanto mantém uma boa qualidade de ativos”, afirmam os analistas Gustavo Schroden, Brian Flores e Arnon Shirazi em relatório.

Dividends and Future Projections

Embora existam expectativas de lucros para os acionistas, os analistas acreditam que o Nubank ainda possui um longo caminho a percorrer para se tornar um banco que distribui dividendos atrativos. Régis Chinchila, analista de Research da Terra Investimentos, comenta que, apesar do banco digital ter uma base significativa de mais de 122 milhões de clientes na América Latina, tornar-se maior que os quatro grandes bancos em termos de volume de negócios no Brasil parece improvável em um futuro próximo.

“É possível que o Nubank avance em participação de mercado em segmentos específicos, como cartões de crédito, crédito pessoal e produtos digitais. O grande diferencial do Nubank em relação aos bancos tradicionais é sua eficiência tecnológica e a capacidade de penetrar em públicos que historicamente foram menos atendidos”, explica.

Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus, observa que o banco ainda não possui uma forte presença no segmento de atacado, o que dificultaria a concorrência em igualdade de condições com outras instituições no Brasil. O Itaú, por exemplo, encerrou o 2T25 com uma carteira de crédito de R$ 1,38 trilhão, com 32,5% desse total concentrado em pessoas físicas, enquanto os 67,5% restantes se dividem entre pequenas e médias empresas (PMEs) e grandes corporações.

Em contrapartida, o Nubank teve uma carteira de crédito de US$ 27,3 bilhões, composta apenas por cartão de crédito e empréstimos para pessoa física, sem qualquer envolvimento com empresas. “Portanto, é difícil visualizar o Nubank superando os bancos tradicionais no segmento de atacado, mesmo a longo prazo”, conclui Quaresma.

Para analistas, o Nubank (ROXO34) tem um longo caminho a percorrer para se tornar um pagador significativo de dividendos, enquanto a empresa concentra seus esforços na expansão no México. (Foto: Adobe Stock)

De qualquer forma, o foco na expansão no México pode levar a empresa a investir significativamente na estratégia de “low and grow” nesse país. As análises indicam que a empresa pode não disponibilizar dividendos expressivos nos próximos dois anos.

Gabriel Mollo, analista do Banco Daycoval, prevê um início gradual da política de distribuição de dividendos do Nubank a partir de 2026, com retornos modestos em um primeiro momento, mas com perspectiva de aceleração conforme o ciclo de crescimento da empresa amadurecer.

A Empiricus projeta o dividend yield (retorno de dividendos) do Nubank em 0% para 2025 e 2026, de acordo com similar previsão do BTG, que acredita que a mudança ocorrerá apenas em 2027, quando o retorno chegaria a 3,3%. Por outro lado, a Terra Investimentos estimula que o rendimento em proventos seja de 0,5% em 2025, 1% em 2026 e entre 1,5% e 2% em 2027. Tais cifras são inferiores às oferecidas pelos principais bancos tradicionais brasileiros, que costumam apresentar dividendos mais robustos, conforme observa Chinchila da Terra.

Portanto, as recomendações para as ações do Nubank (ROXO34) continuam centradas na valorização do ativo. O planejamento expansionista no México e as políticas que elevam a renda das famílias de menor poder aquisitivo sustentam o otimismo do mercado, especialmente após um desempenho positivo em um cenário difícil para empresas que atuam na concessão de crédito às classes D e E.

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