Opções de ações de bancos menores que podem se tornar oportunidades na Bolsa – Mercado – As principais notícias do mercado financeiro.

Instituições Financeiras Menores em Ascensão: Uma Nova Realidade no Mercado Brasileiro

A tecnologia transformou o cenário financeiro, permitindo que instituições menores, como os bancos BMG (BMGB4), Pine (PINE4) e Mercantil (BMEB4), lutem por um lugar na preferência dos consumidores. Classificados como “S3” em uma escala que vai de “S1 a S5”, esses bancos têm um porte suficiente para causar impacto no varejo, embora ainda estejam distantes do alcance das grandes instituições financeiras, conhecidas popularmente como “bancões”.

Clive Botelho, diretor executivo do Banco Pine, acredita que, mesmo com sua dimensão, os grandes bancos carecem de soluções que atendam a todas as necessidades dos brasileiros. Assim, há espaço para a atuação das instituições que utilizam tecnologia para oferecer atendimento eficaz e ajudá-los na análise de crédito e na tomada de decisões, mantendo uma estrutura enxuta.

“Os S3 estão com uma oportunidade histórica porque entendem o Brasil e estão conseguindo ter escalabilidade com inovação”, afirma Botelho.

Conforme Botelho, a tecnologia propicia informações mais simétricas, aumentando a eficiência na atuação dos gestores em relação aos seus planos de negócios.

Modelo de Negócios do Banco Pine

Diferentemente de muitos bancos menores, o Pine não se limita a um nicho específico da população. Atualmente, a instituição busca diversificação em sua oferta de produtos financeiros, atendendo tanto empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões quanto o varejo.

No setor de pessoas jurídicas (CNPJ), o foco está voltado a operações estruturadas. No varejo, os principais produtos ofertados incluem transações colateralizadas, como empréstimos consignados e antecipação do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com a inclusão do “consignado CLT” a partir de abril, novas oportunidades surgem para o Pine no mercado de consignado privado.

“É um mercado endereçável grande, mas que, com tecnologia, é possível atender de forma multicanal, algo que, no passado, era bastante restrito”, destaca Botelho, que não almeja que o Pine se torne um S1. “A ambição é ser um S3 super diversificado.”

No segundo trimestre de 2025 (2T25), o Pine reportou um lucro recorde de R$ 83 milhões, um crescimento de 30% em comparação ao mesmo período do ano anterior, com um retorno sobre patrimônio líquido médio (ROAE) de 26,2%, superando concorrentes como o Itaú.

Estratégias do Banco Mercantil e BMG

Os bancos Mercantil e BMG, por sua vez, estão focados no mercado 50+. Adotaram uma estratégia oposta à das grandes instituições financeiras, que têm fechado agências e mudado seus modelos para atrair um público mais jovem. Ambos os bancos investem no atendimento físico, voltando suas atenções para as necessidades da geração “baby-boomer” – pessoas nascidas após a Segunda Guerra Mundial. Na visão dessas instituições, essa população foi deixada de lado durante a transformação digital do sistema bancário brasileiro.

“Há um crescimento grande da população com mais de 50 anos. É um público cada vez mais relevante para o mercado de trabalho e para a economia e que possui uma lacuna de atendimento”, afirma Bruno Simão, vice-presidente de clientes e crescimento do Banco Mercantil.

Com 80 anos de história, o Banco Mercantil, que começou focado em pessoas jurídicas, tem se voltado para o público 50+, concentrando suas operações em consignados. Além dos canais digitais, como seu aplicativo, a instituição oferece serviços pelo WhatsApp e planeja abrir 60 lojas físicas até 2025.

“Enquanto vários bancos retraem os canais físicos, nós entendemos que ele é importante”, reafirma Simão, do Mercantil.

Por sua vez, o BMG compartilha dessa visão em relação às agências. “O nosso principal canal de atendimento é o físico; contamos com mais de 850 lojas help! espalhadas pelo Brasil, além de diversos correspondentes bancários”, afirma a instituição.

Tanto o BMG quanto o Mercantil, assim como o Pine, estão explorando oportunidades no consignado privado, modalidade de empréstimo que permite desconto em contracheque para trabalhadores com carteira assinada.

No segundo trimestre de 2025, o Mercantil reportou um lucro líquido de R$ 243 milhões, crescimento de 34% em um ano, e uma rentabilidade (ROAE) de 46%, um resultado recorde, semelhante ao do Pine. O BMG, também no primeiro trimestre, teve um lucro de R$ 115 milhões, alta de 21,7%, com ROAE de 12,1%.

Desafios da Liquidez no Mercado de Ações

No mercado acionário, os papéis dos bancos menores ainda não estão em destaque. A baixa liquidez comparada à dos grandes bancos afasta investidores institucionais e fundos estrangeiros, dificultando o desempenho dos ativos em relação aos resultados financeiros.

“O grande desafio é desenvolver a proximidade com o mercado de capitais, melhorar o free float (ações disponíveis no mercado) e aumentar a liquidez dos papéis, além de adesão aos mais altos padrões de governança na B3”, explica Mônica Araújo, economista-chefe da InvestSmart XP. “Aumentar o free float pode ser alcançado com a oferta de ações sem a necessidade de acompanhamento do grupo controlador, o que também aumentaria a liquidez.”

No entanto, isso não significa que as ações dessas instituições financeiras não possam ser interessantes para certos perfis de investidores. Especialmente para aqueles que adotam uma estratégia voltada para small caps, que, por serem de baixa capitalização, geralmente apresentam maior risco, mas também oferecem retornos atrativos.

Perspectivas e Recomendações de Analistas para Investidores

Cartão do Banco BMG; investidores devem observar o custo de capital da empresa. (Foto: Adobe Stock)

Paulo Silva, co-fundador da Consultoria Advisory 360, avalia que, entre os três, o Mercantil tende a ser o mais defensivo. A estratégia voltada para aposentados e pensionistas proporciona uma estabilidade que, somada a uma carteira de crédito concentrada em consignados, diminui o risco de inadimplência.

“Esse nicho é defensivo, especialmente em momentos de incerteza econômica, embora enfrente pressão regulatória. Os resultados recentes revelam um avanço nas margens financeiras e na qualidade dos ativos. Apesar da baixa liquidez das ações, o valuation ainda atrativo pode despertar o interesse de investidores propensos a small caps mais defensivas”, comenta Silva.

Em contraste, o BMG e o Pine são mais adequados para investidores que aceitam maior risco. Apesar de seus resultados estarem melhorando gradualmente, o BMG ainda possui um custo de capital elevado e uma rentabilidade inferior. “Pode ser uma opção interessante para investidores que esperam recuperação operacional”, acrescenta Silva.

A Genial Investimentos recomenda que os investidores mantenham suas ações do BMG em carteira, estabelecendo um preço-alvo de R$ 4,40. “A necessidade de fortalecer o capital através da venda de carteiras pode limitar a expansão do crédito, enquanto os juros altos continuam a pressionar os spreads e aumentar os custos de captação de recursos”, destacou a Genial em relatório sobre o primeiro trimestre de 2025.

Por sua vez, o Pine registra bons números após um período anterior de resultados instáveis, mas ainda exige cautela dos investidores.

“A ação PINE4 é de baixa liquidez e voltada para investidores que buscam reestruturações com potencial de valorização, mas que acarretam maior risco”, alerta Silva.

Entre as ações de bancos menores na Bolsa de Valores, as do Mercantil (BMEB4) acumulam uma valorização de 10% em 2025. Os papéis do Pine (PINE4) apresentam uma alta de 45% no ano, enquanto os ativos do BMG (BMGB4) permanecem mais estáveis, com um aumento de apenas 1%.

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