Cenário Atual do Brasil e Expectativas Futuras
O Brasil inicia o mês de outubro observando atentamente o início do ciclo eleitoral de 2026 e as decisões do Banco Central. De acordo com uma análise da UBS, os próximos seis meses serão cruciais, pois os investidores começam a avaliar os efeitos das políticas monetárias implementadas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, além de possíveis alterações na política econômica em decorrência das eleições.
Crescimento Econômico Moderado
O cenário econômico apresenta um crescimento moderado. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um avanço de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços, que cresceu 0,6%, e pela indústria, que aumentou 0,5%, enquanto a agricultura permaneceu estável.
Desemprego e Inflação
O índice de desemprego caiu para 5,6% em julho, o menor nível desde 2012, embora a criação de novos empregos tenha mostrado uma desaceleração. Em relação à inflação, a situação se mantém sob controle: em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma queda de 0,11% em comparação a julho, enquanto a inflação núcleo se manteve em 0,3% mês a mês.
Política Monetária e Taxa Selic
O Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15%, adotando uma postura rígida frente a possíveis pressões inflacionárias. Contudo, sinais de uma desaceleração econômica indicam a possibilidade de cortes futuros na taxa. Paralelamente, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, reduziu a taxa de juros em 25 pontos-base em setembro e sinalizou novos cortes. A expectativa é de um corte total de 75 pontos-base até o primeiro trimestre de 2026, podendo, em caso de deterioração das condições econômicas, haver cortes que variem entre 200 e 300 pontos-base até meados do ano. Essas ações podem impactar a valorização do real em relação ao dólar e afetar o mercado doméstico.
“O fortalecimento do real pode aumentar a probabilidade de o Banco Central iniciar seu próprio ciclo de afrouxamento monetário. Além disso, a economia sinaliza uma desaceleração e a inflação está em queda. Acreditamos que, com base nesse cenário, títulos nominais terão um desempenho superior nos próximos meses, movendo essa classe de ativos de ‘Pouco Atraente’ para ‘Neutro’”, afirmam os analistas da UBS.
Perspectivas Eleitorais e Desempenho Econômico
Em relação às eleições, a UBS observa que, com as pesquisas indicando uma corrida presidencial muito apertada, a disputa tende a ser bastante equilibrada, com o resultado a ser definido apenas ao final do processo eleitoral.
Segundo o relatório da UBS, a expectativa é que a economia brasileira desacelere na segunda metade do ano, pressionada por uma política monetária mais rigorosa e pela falta de novos catalisadores de crescimento.
“Pagamentos governamentais determinados pela Justiça podem proporcionar um alívio temporário, mas um crédito mais restrito e exportações mais fracas provavelmente limitarão o crescimento do PIB. O mercado de trabalho também apresenta indícios iniciais de desaceleração, sugerindo um arrefecimento gradual da economia brasileira”, destacam os analistas.
Ajustes na Alocação de Ativos
Na alocação tática de ativos, a UBS apontou mudanças significativas: os títulos nominais passam para uma avaliação neutra, enquanto as ações brasileiras se tornam atraentes. Os títulos de taxa flutuante deixaram de ser prioridade na carteira. Fundos imobiliários e ativos globais mantêm uma postura neutra, enquanto os títulos indexados à inflação continuam a ser considerados atraentes, oferecendo proteção contra possíveis pressões inflacionárias.
Mercado Acionário e Investidores Estrangeiros
O mercado acionário brasileiro tem se beneficiado do retorno de investidores internacionais, além do início do ciclo de afrouxamento monetário global. O Ibovespa acumula uma alta de 20% em 2023, impulsionado por fundamentos corporativos sólidos e uma perspectiva de crescimento no lucro em 2026. Atualmente, o índice é negociado a 8,3 vezes o lucro projetado, com um retorno sobre patrimônio de 16,6%, um patamar superior à média dos mercados emergentes.
“Os fluxos de investidores estrangeiros têm sido robustos em 2023, atingindo máximas plurianuais. Dados de posicionamento indicam que fundos voltados para mercados emergentes estão agora com a maior exposição ao Brasil em quase 20 anos, e até mesmo fundos globais mudaram de uma subponderação persistente para uma posição mais neutra ou levemente sobreponderada”, afirmam os analistas da UBS.
Importância dos Próximos Meses
A UBS reforça que os próximos seis meses são fundamentais, à medida que o mercado avalia os impactos dos ciclos de afrouxamento monetário, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, além de observações das possíveis modificações na política econômica após as eleições.
Situação do Mercado de Títulos
No que diz respeito ao mercado de títulos, fatores como crescimento econômico, política de juros e demanda por crédito são os principais determinantes de curto prazo. Ao mesmo tempo, as preocupações fiscais de longo prazo têm exercido menor influência. Títulos de qualidade devem permanecer sustentados nos próximos meses, apresentando rendimentos estáveis e um potencial de ganhos de capital, caso a economia desacelere ainda mais.
Expectativas para o Dólar
Após um período de estabilidade, há expectativas de que o dólar recue nos próximos meses. Essa movimentação será influenciada por cortes de juros mais ágeis pelo Federal Reserve, grandes investimentos estrangeiros não protegidos, bem como déficits em conta corrente e fiscal da economia brasileira. Ativos globais, fundos de hedge e fundos imobiliários mantêm uma avaliação neutra na alocação tática de ativos.
Fonte: www.moneytimes.com.br