O Mercado de Ouro e Bitcoin em Alta
Alta em Busca de Proteção
O ouro e o bitcoin atingiram níveis recordes, à medida que os investidores buscam proteção em um mês de outubro que costuma ser volátil para o mercado. A crescente inflação, o aumento da dívida, a desvalorização do dólar americano, o fechamento do governo e o que está sendo chamado de "comércio de desvalorização" em Wall Street contribuíram para a valorização desses ativos, que frequentemente são vistos como alternativas mais seguras em relação a ações e títulos tradicionais.
Fatores que Influenciam o Mercado
Christian Magoon, CEO da Amplify ETFs, comentou sobre como o "comércio de desvalorização" está beneficiando o ouro em uma entrevista para o programa "ETF Edge" da CNBC. Ele destacou que, devido à luta do Federal Reserve contra a inflação e ao aumento da dívida nacional, os investidores estão cada vez mais preocupados com a estabilidade da moeda a longo prazo. Em início de outubro, a dívida federal bruta dos Estados Unidos estava em torno de US$ 3,7 trilhões, segundo dados fiscais do Tesouro. O índice do dólar americano (DXY) caiu cerca de 8% desde o início do ano.
Ouro e Bitcoin como Refúgio
Tanto o ouro quanto o bitcoin estão sendo tratados como ativos de refúgio em um mercado impactado pela inflação e pelos riscos políticos. O ouro ultrapassou pela primeira vez a marca de US$ 4.000 na terça-feira, atingindo um recorde histórico. O metal precioso continua a se valorizar em meio à incerteza que permeia o mercado. O bitcoin também acompanhou essa tendência, superando os US$ 126.000 no início da semana, estabelecendo um novo pico histórico.
Essencialmente, o chamado "comércio de desvalorização" é uma aposta de que o aumento do endividamento governamental e a impressão de dinheiro erodirão o valor do dólar americano, levando mais investidores a buscar ativos de refúgio.
Previsões para o Mercado de Ouro e Prata
Ken Griffin, CEO da Citadel, afirmou à Bloomberg que a inflação está substancialmente acima da meta e isso é um dos fatores que causou a desvalorização do dólar. Ele comentou que o ouro alcançou recordes históricos e que a valorização de outros ativos que são substitutos do dólar, como as criptomoedas, é impressionante.
Desempenho do Ouro e da Prata
O movimento de valorização do ouro não é um fenômeno recente. O metal precioso superou o desempenho de todos os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos até o momento, e também em períodos de um e três anos. O ouro continua a atrair influxos constantes de capital, enquanto a prata, por sua vez, teve um crescimento de aproximadamente 66% desde o início do ano, atingindo US$ 50, um recorde histórico na quinta-feira. Magoon previu que a prata pode variar de US$ 40 para a faixa de US$ 60 nos próximos doze meses, destacando que a oferta restrita e as tendências industriais para a prata permanecem otimistas.
Mudanças nos Portfólios dos Investidores
Historicamente, outubro é o mês mais volátil do ano no mercado financeiro. Jay Jacobs, líder de ETFs de ações da BlackRock, observou que muitos clientes estão reposicionando seus portfólios, migrando para alternativas monetárias globais. Jacobs explicou que alguns traders estão em busca de ativos não soberanos que se comportam de maneira diferente de ações e títulos, incluindo ouro, prata e criptomoedas. Segundo ele, "as pessoas estão procurando ativos que existam fora do sistema tradicional", o que pode enriquecer consideravelmente um portfólio.
Opções de Investimento em Ouro e Prata
Jacobs destacou que o SPDR Gold Trust (GLD) e o iShares Gold Trust (IAU) são opções robustas para exposição ao ouro. Já para a prata, o iShares Silver Trust (SLV) é uma escolha popular, enquanto o iShares Bitcoin Trust (IBIT) está ganhando atenção entre aqueles que buscam exposição regular a criptomoedas. O ETF de bitcoin recentemente superou os maiores ETFs de ações dos Estados Unidos em termos de fluxos semanais.
Perspectivas de Investimento
O bilionário e gestor de hedge funds Paul Tudor Jones comentou em uma entrevista para o programa "Squawk Box" da CNBC que sua estratégia inclui uma combinação de ouro, criptomoedas e ações do setor de tecnologia da Nasdaq até o final do ano, visando aproveitar a recuperação alimentada pelo "medo de ficar de fora". Jones se tornou conhecido após prever e lucrar com o crash do mercado de ações de 1987.
Magoon enfatizou que "mercados em baixa são desafiadores", e que essa pode ser uma forma de se proteger ou lucrar durante períodos de incerteza. No entanto, ele também alertou que "frequentemente, mercados em alta sobem por uma ‘parede de preocupações’". Ele acredita que uma dessas ‘paredes de preocupações’ deve se dissipar, resultando em um quarto trimestre positivo.
Tensions Geopolíticas e Seus Efeitos
Na sexta-feira, as ações caíram acentuadamente à medida que uma nova preocupação surgiu com o aumento das tensões entre os Estados Unidos e a China em relação a elementos terras raras, com o presidente Trump ameaçando novos "tarifas massivas". Jacobs, no programa "ETF Edge", observou que há um forte momentum à frente, incluindo entusiasmo em relação aos lucros corporativos e otimismo relativo a possíveis cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
De acordo com as atas do Fed publicadas na quarta-feira, os formuladores de políticas estavam quase unânimes ao concordar que o banco central deve reduzir as taxas de juros, devido à fraqueza no mercado de trabalho. No entanto, houve discordâncias sobre a quantidade total de cortes a serem realizados neste ano, incluindo um corte de um quarto de ponto percentual aprovado na reunião do mês passado.
Jacobs concluiu que existem razões para que as transações fora do mercado de ações e títulos continuem. "Se continuarmos a ver incerteza geopolítica e incerteza inflacionária, as pessoas estarão buscando ativos que estejam fora do sistema tradicional", afirmou.
Fonte: www.cnbc.com