Nível de água em São Paulo atinge menor patamar em 10 anos
O nível de água armazenada nos mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo continua a recuar em agosto, alcançando o menor índice desde a crise hídrica de 2013, conforme dados da empresa de saneamento do estado, Sabesp (SBSP3).
Situação atual dos reservatórios
Na segunda-feira (25), o percentual de água armazenada nos sete sistemas que abastecem a região metropolitana era de 38,4%, e pela primeira vez desde 2015, o nível entrou no patamar de 30%. Em 2015, os reservatórios estavam com menos de 10% de sua capacidade, antes da realização de obras de interligação nos sistemas de abastecimento.
A preocupação com a seca
“É pertinente a preocupação”, afirmou Desirée Brandt, meteorologista e sócia-executiva da consultoria meteorológica Nottus. Ela destacou a necessidade de chuvas significativamente acima da média para recuperar os níveis de água nos reservatórios.
A seca em São Paulo persiste há vários meses. Consoante dados da Agência Nacional de Águas (ANA), em julho, a seca se intensificou no estado, afetando 12% da área, que foi classificada como “grave.” Este foi o pior registro desde outubro de 2024, quando 47% do território paulista enfrentava seca severa. A ANA também informou que São Paulo teve a maior severidade da seca entre os estados do Sudeste em julho.
Nível dos mananciais
Atualmente, a pior situação é observada no manancial de Rio Claro, localizado na região de Salesópolis, a aproximadamente 80 km da capital, que apresenta um nível de 23,2%, abaixo dos 27,8% registrados no mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, o manancial de Cotia é o mais favorecido, com 60,1% da capacidade. Este sistema é composto por três reservatórios e abastece cidades como Embu das Artes e Itapecerica da Serra.
A Sabesp confirmou em um comunicado que o nível total de armazenamento de 38,4% é “abaixo do habitual, reflexo do período de poucas chuvas.” Desde a crise hídrica de dez anos atrás, a companhia tem realizado “obras e investimentos,” incluindo a interligação Jaguari–Atibainha, o Sistema São Lourenço e a transferência de água do rio Itapanhaú.
O sistema Cantareira, o maior entre os mananciais, registrou nesta segunda-feira 35,9% de sua capacidade ocupada, comparado a 41,2% no final de julho e 58,4% em 25 de agosto do ano anterior. O volume armazenado no Cantareira é de 352,6 milhões de metros cúbicos, enquanto os outros seis sistemas totalizam 395,5 milhões.
Expectativas para as chuvas
De acordo com Brandt, os modelos de previsão indicam que chuvas significativas, que poderiam contribuir para a recuperação dos reservatórios, devem iniciar a partir de meados de setembro, “na época certa.” Contudo, a meteorologista alerta que o próximo período úmido pode não oferecer reservas suficientes para enfrentar futuras secas.
Desde 2013, apenas três verões em São Paulo tiveram chuvas dentro ou acima da média histórica. Conforme dados da Sabesp, até agora em agosto, o sistema Cantareira registrou apenas 0,5 milímetros de chuva, em comparação com a média histórica de 34,2 milímetros.
Conscientização sobre o uso da água
Brandt enfatizou a necessidade de um trabalho de conscientização por parte da Sabesp, para que a população evite o desperdício de água. Ela apontou que a volta das chuvas pode levar a uma falsa sensação de segurança, desestimulando a economia de água. “Conscientizar as pessoas que mesmo chovendo é preciso economizar será um grande desafio”, concluiu.