Expectativa do Setor de Carnes
O setor de carnes brasileiro aguarda a retirada de tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos à carne bovina, com expectativa de que isso ocorra em um prazo de até 60 dias. A afirmação foi feita por Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em entrevista à CNN.
Negociações em Andamento
Perosa acredita que "em um prazo entre 30 e 60 dias, isso deve estar equacionado". Essa esperança surge após uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que ocorreu no dia 26 de outubro, em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
Na reunião, ambos os líderes acordaram em iniciar imediatamente as negociações para revisar tarifas e sanções aplicadas a produtos brasileiros. Isso inclui a carne bovina, que atualmente enfrenta tarifas adicionais que podem chegar a 40% sobre as exportações brasileiras para os EUA. Essa é uma das poucas medidas que ainda permanecem em vigor após a reaproximação diplomática iniciada em setembro, na cúpula das Nações Unidas.
Abertura de Diálogo
Perosa estava presente na Malásia durante a reunião e afirmou que a sinalização política do encontro proporcionou uma oportunidade para acelerar o diálogo técnico entre Brasil e Estados Unidos, além de elevar o otimismo do setor de carnes. "Nós estamos muito otimistas com as negociações do Brasil com os Estados Unidos", disse ele. "Já houve várias reuniões além da dos presidentes, e acredito que, em breve, teremos boas notícias, com eventuais retiradas de tarifas adicionais, para que se retome o fluxo comercial da carne bovina".
Impacto das Tarifas
O executivo lembrou que antes da imposição das tarifas, que aumentaram significativamente os custos de importação, o Brasil registrava recordes de embarques de carne bovina para os Estados Unidos. Ele ressaltou que essa dinâmica foi abruptamente interrompida com a aplicação das tarifas. "Com a retirada, a gente pode retomar esse volume de exportação, criando oportunidades para as indústrias e para toda a cadeia pecuária, retomando o protagonismo da carne brasileira nos Estados Unidos", declarou.
Perosa enfatizou que a medida que impõe essas tarifas é injustificada do ponto de vista comercial. “O Brasil exporta mais carne para os Estados Unidos do que importa deles. Não há razão para manter essas tarifas. O momento político ficou para trás — agora é o momento de estratégia e de negociação do governo brasileiro com o governo americano”, afirmou.
Prioridade do Abastecimento Interno
Apesar do otimismo em relação à possível reabertura do mercado, Perosa reforçou que a prioridade do setor ainda é o abastecimento do mercado interno. "O Brasil mantém cerca de 70% da produção no mercado doméstico e exporta 30%. Os cortes menos consumidos no Brasil são os mais valorizados na Ásia, e isso ajuda a equilibrar o preço interno sem desabastecer o consumidor", ressaltou.
Resumo da Situação
A expectativa do setor de carnes em relação às tarifas impostas pelos Estados Unidos é otimista, com fontes afirmando que negociações estão em curso e podem levar a resultados positivos nos próximos meses. A preocupação com o mercado interno permanece uma prioridade, refletindo a necessidade de atender à demanda local enquanto se busca restabelecer a participação brasileira no mercado externo de carne bovina.
A jornalista que redigiu este conteúdo viajou a convite da Abiec.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br