Setor produtivo sinaliza que juros de 15% travam a economia.

Copom Mantém Taxa de Juros em 15% ao Ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. A decisão, que foi unânime, foi anunciada na quarta-feira, 5 de setembro.

Implicações da Decisão

Esse nível de taxa deixa a Selic no seu maior patamar desde 2006. Para representantes do setor produtivo, a manutenção da taxa eleva desafios para a economia, já que a medida pode desacelerar a atividade econômica, impactando diretamente na produção e na geração de empregos.

Em nota, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) salientou que o prolongamento da taxa alta afeta tanto as incorporadoras quanto os consumidores. O presidente da entidade, Renato Correia, destacou que "a construção é um dos setores mais sensíveis ao custo do crédito e à confiança do consumidor". Ele acredita que uma Selic de 15% por um período extenso traz desafios significativos, uma vez que o setor depende de financiamento a longo prazo, tornando muitos projetos inviáveis.

Projeções e Crescimento

Ao final de outubro, a CBIC revisou a projeção de crescimento do setor para 2025, reduzindo de 2,3% para 1,3%. Essa revisão reflete os efeitos negativos do ciclo prolongado de juros altos, que tem limitado o ritmo das atividades na construção civil.

O PIB (Produto Interno Bruto) do setor sofreu uma queda de 0,6% no primeiro trimestre e 0,2% no segundo, em comparação com os períodos anteriores. Correia ainda afirmou que "o setor da construção gera emprego e renda", enfatizando que a manutenção de juros altos por um período extenso poderia levar a uma desaceleração prolongada da economia real.

Impacto sobre a Indústria

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também expressou preocupações em relação à decisão do Copom de manter a taxa elevada, avaliando que esta situação mantém o ambiente econômico sob forte restrição, com efeitos negativos sobre a indústria. Segundo a entidade, o custo alto do crédito impacta diretamente a capacidade das empresas de manter suas operações e realizar novos investimentos.

De acordo com a Fiemg, espera-se uma desaceleração no ritmo de produção e de geração de empregos. A demanda doméstica, segundo a federação, também será afetada, já que com o crédito mais caro as famílias tendem a reduzir compras de maior valor. Isso número impacta diretamente setores como o automotivo e o eletroeletrônico, além da construção civil.

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, afirmou: "Quando o consumo encolhe, a indústria sente o efeito em cadeia, postergando planos de expansão e enfraquecendo a capacidade produtiva do país."

Desafios para a Modernização

Outro problema destacado pela Fiemg é a deterioração do parque industrial. Os empresários adiam a modernização das fábricas e a compra de novos equipamentos, o que compromete a competitividade da indústria nacional. Roscoe ressaltou que "manter os juros elevados por um período prolongado representa um entrave ao crescimento econômico. O Brasil precisa alinhar a política monetária ao esforço de dinamização do setor industrial, sem sufocar a força produtiva da sua economia".

Pesquisas e Dificuldades do Setor

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 80% das empresas do setor apontam a taxa de juros elevada como a principal dificuldade para a obtenção de crédito de curto prazo. Para o financiamento a longo prazo, 71% dos empresários consideram a Selic como a principal barreira.

As empresas também enfrentam um aumento recente nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que contribui para a redução do crédito e dos investimentos. O levantamento revelou que quase metade das indústrias desistiu de contratar ou renovar crédito ou reduziu o volume a ser contratado após o aumento das alíquotas do imposto.

Efeitos na Economia

O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que "a Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda". Ele ressaltou que a taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, ele destacou que o Brasil se mantém com a segunda maior taxa de juros real do mundo, o que penaliza severamente o setor produtivo.

Análise da Firjan

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) concordou com as análises anteriores e afirmou que a atual medida trava o avanço da economia real. Janine Pessanha, especialista em Estudos de Competitividade da Firjan, analisou que "esse patamar impõe um custo elevado para empresas e famílias, reduzindo o consumo, o investimento e a geração de empregos". Ela concluiu que "a política monetária, sozinha, não é capaz de sustentar a estabilidade econômica".

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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