A definição do momento para o início do ciclo de queda da taxa Selic pode depender mais da evolução do câmbio do que de outros fatores econômicos. Essa análise é apresentada pela colunista do CNN Money, Solange Srour, que é também diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management.
Srour destaca que, enquanto persistir a indefinição sobre o cenário eleitoral, o panorama internacional terá uma influência mais significativa sobre as decisões de política monetária nacional.
Atualmente, o cenário econômico mostra uma resistência considerável, com dados que se apresentam como ambíguos, o que não indica uma desaceleração consistente da economia brasileira.
Embora existam sinais de fraqueza nos setores de crédito e consumo, outros indicadores se mostram positivos, como na área do emprego e da renda, além de uma melhora na confiança dos agentes econômicos e queda nos preços dos alimentos, que também é um fator relevante a ser observado.
Política fiscal e seus impactos
A política fiscal expansionista implementada nos últimos três anos tem se revelado um fator relevante para a manutenção de um nível aquecido da economia nacional, mesmo frente a taxas de juros reais que permanecem elevadas.
A desaceleração da inflação, quando observada, foi influenciada principalmente por fatores externos, como a desvalorização do dólar e a normalização das cadeias produtivas, as quais foram fortemente afetadas pela pandemia global. Isso indica que a explicação para a queda nos preços não se origina unicamente da demanda doméstica.
No mercado de trabalho, os salários reais vêm apresentando uma tendência de ascensão, uma movimentação que é considerada incompatível com a redução da inflação, o que gera um cenário complexo para a política monetária.
Com o uso praticamente total da capacidade produtiva, a economia se mantém em crescimento em torno de 2% ao ano, mesmo com a taxa básica de juros em níveis altos, uma dinâmica que merece atenção dos especialistas em economia.
Perspectivas para 2026
As análises para o próximo ano de 2026 indicam que o cenário interno deve adquirir uma relevância maior nas decisões econômicas. Isso sugere que as decisões previstas pelo Banco Central estarão mais atentas ao comportamento dos agentes econômicos no Brasil, manifestado por meio das flutuações nas taxas de câmbio e nas expectativas de inflação.
Espera-se que essas expectativas de inflação se tornem mais voláteis à medida que as pesquisas eleitorais avançam, implicando em um ambiente econômico mais dinâmico e com possíveis implicações para a política monetária.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br