Subsídios da União diminuem pela primeira vez em quatro anos.

Queda nos Subsídios da União

Pela primeira vez em quatro anos, os subsídios da União apresentaram um recuo, conforme divulgado nesta terça-feira (19) pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. A diminuição ocorreu tanto em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) quanto em valores reais, descontada a inflação.

No ano passado, os subsídios federais totalizaram R$ 678,4 bilhões, apresentando uma redução de 2,71% em relação a 2023, quando atingiram um pico de R$ 697,3 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. A proporção de subsídios em relação ao PIB caiu de 6,1% em 2023 para 5,78% em 2024.

Componentes dos Subsídios

Os subsídios da União incluem os seguintes itens:

  • Renúncias fiscais com benefícios tributários;
  • Benefícios financeiros, que cobrem parte dos custos de empréstimos com recursos do Orçamento ou transferem a gestão de dívidas para a União;
  • Benefícios creditícios, referindo-se a subsídios implícitos, por meio de juros mais baixos em linhas de crédito financiadas pelo Tesouro fora do Orçamento Federal.

Causas da Queda

Segundo o Ministério do Planejamento, a principal razão para a queda nos subsídios em 2024 foi o término da desoneração sobre combustíveis, que custou R$ 31,3 bilhões à União em 2023. Em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro zerou as alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre gasolina, etanol, diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha.

No dia 1º de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma medida provisória que restabeleceu a alíquota original sobre gasolina e etanol ao longo daquele ano e reonerou os demais combustíveis em 1º de janeiro de 2024.

Evolução dos Subsídios

Em 2015, o volume de subsídios da União tinha atingido R$ 644 bilhões, correspondendo a 6,66% do PIB. O valor caiu para R$ 458,2 bilhões em 2020, representando 4,66% do PIB. No entanto, os subsídios começaram a aumentar nos anos subsequentes, alcançando os seguintes valores antes do recuo em 2024:

  • 2021: R$ 565,2 bilhões (5,26% do PIB);
  • 2022: R$ 672,3 bilhões (6,11% do PIB);
  • 2023: R$ 697,3 bilhões (6,1% do PIB);
  • 2024: R$ 678,4 bilhões (5,78% do PIB).

Redução de Benefícios Tributários

Para diminuir os subsídios federais e viabilizar o cumprimento do arcabouço fiscal, a equipe econômica defende a redução dos benefícios tributários. Durante as negociações para encontrar alternativas ao decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), parte do Congresso sugeriu um projeto de lei que propõe uma redução linear de 10% nos subsídios da União, aplicável a todas as despesas. Contudo, essa proposta enfrenta resistência no Parlamento.

A queda nos subsídios no ano passado poderia ter sido mais acentuada se o Congresso não tivesse prorrogado a desoneração da folha de pagamento até 2027. O Ministério do Planejamento informou que essa decisão resultou em uma renúncia de arrecadação de R$ 26,4 bilhões no ano passado, sendo R$ 15,8 bilhões relacionados à desoneração para 17 setores da economia e R$ 10,6 bilhões ligados à contribuição de pequenos municípios para a Previdência Social.

Outros incentivos prorrogados pelo Congresso também contribuíram para o aumento dos subsídios federais. A prorrogação do Perse, programa de ajuda para empresas do setor de eventos, que foi extinto este ano, causou uma perda de arrecadação de R$ 17,7 bilhões no ano passado.

Desafios Atuais

Embora o Poder Executivo tenha revertido parte dos incentivos fiscais em 2023 e 2024, outros benefícios aumentaram, principalmente os relacionados ao Imposto de Renda da Pessoa Física. A renúncia fiscal com rendimentos isentos e não tributáveis subiu de R$ 51,6 bilhões em 2023 para R$ 57,7 bilhões em 2024, em valores nominais, sem ajuste pela inflação. As deduções legais no Imposto de Renda, como as relacionadas à saúde e educação, mostraram um aumento de R$ 34,2 bilhões para R$ 38,3 bilhões na mesma comparação.

Crédito

A diminuição dos subsídios foi mais acentuada nos benefícios creditícios, que reduziram de R$ 86,5 bilhões (0,76% do PIB) em 2023 para R$ 49,8 bilhões (0,42% do PIB) em 2024, ajustados pela inflação. Essa queda foi influenciada, principalmente, pelo menor custo implícito relacionado à cobertura de juros mais baixos em operações financiadas pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) e pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

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