TAG Investimentos Lança Fiagro para Médios Produtores Rurais
A TAG Investimentos, através de seu hub de inovação TAG Edge, apresentou seu primeiro Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agropecuárias (Fiagro) voltado para o médio produtor rural. O principal diferencial desse fundo é a criação de um motor de crédito, que realiza uma análise individualizada do agricultor.
Inovações no Modelo de Crédito
Conforme Francisco Perez, diretor do TAG Edge, ao observar uma revenda ou cooperativa, nota-se que há uma série de produtores rurais conectados a essas estruturas. “Nesse sistema, você encontra tanto produtores de boa qualidade como aqueles que apresentam resultados inferiores, além de revendas com desempenhos variados. Não é mais aceitável realizar uma análise estatística genérica para determinar taxas de crédito”, ressalta Perez. Para solucionar este desafio, a startup Sette foi incorporada ao motor de crédito. Com essa tecnologia, é possível acessar dados como produtividade histórica, informações sobre microrregião e macrorregião, condições climáticas e índice de desmatamento.
A segunda inovação apresentada é um arranjo de pagamento que utiliza um cartão denominado “Prazo Safra”, desenvolvido em parceria com a startup E-ctare. Este cartão, que é entregue nas revendas, agroindústrias ou cooperativas, é personalizado com a marca da revenda, apresentando-se como a emissora do cartão ao agricultor.
Limites Personalizados de Crédito
O sistema de crédito opera de maneira personalizada, estabelecendo limites específicos para cada produtor rural, com valores que podem variar entre R$ 200 mil a R$ 800 mil, dependendo do caso. A proposta do fundo é analisar a vida do produtor de forma individual, possibilitando uma relação de crédito mais ajustada. Diferente do modelo anterior, onde a revenda estruturava a carteira de crédito e a cedia para o CRA ou o Fiagro, neste novo modelo, a revenda atua apenas como avalista da operação.
Fidelização do Cliente e Modelo Offbalance para Revendas
A gestora do fundo informa que o novo arranjo de pagamento ajuda as revendas a fortalecerem o relacionamento com seus clientes. Ao invés de conceder crédito diretamente para a compra de suprimentos, elas transferem um limite para o cartão que pode ser utilizado pelo produtor em diversas situações. O Fiagro já está em operação em um formato fechado, não sendo listado na bolsa de valores.
“O cartão não possui restrições de uso; o produtor pode gastar conforme sua necessidade. Além disso, implementamos uma operação que é offbalance para a revenda, considerando que muitas delas enfrentam dificuldades de alavancagem financeira. Geralmente, as operações de crédito ficam registrados nos balanços contábeis e, ao longo dos anos, isso pode se tornar uma situação insustentável”, explica Perez.
Aproximação entre Mercado de Capitais e Startups
A vertical TAG Edge foi criada com o intuito de conectar o mercado de capitais, representado pela “Faria Lima”, ao ecossistema de startups. Esta interação é considerada complexa, visto que as startups, embora ágeis, muitas vezes são frágeis em termos de estrutura organizacional, linguagem e objetivos de negócio. Segundo Perez, a TAG Edge é pioneira nesse modelo de atuação, que até então não era evidente em gestoras independentes. A primeira liquidação de ativos do fundo ocorreu com a cooperativa Minas Sul, utilizando ativos de café. Após a implementação do Fiagro, a expectativa é que sejam lançadas novas verticais, abrangendo Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), varejo, saúde e iniciativas voltadas para mudanças climáticas.
Relação Financeira e Garantias
A relação financeira proposta pelo fundo não inclui barter (troca direta por grãos), mas é fundamentada em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CPRs) financeiras, que podem ou não contar com penhor de safra como garantia. Na prática, os produtores que mais se beneficiarão do sistema são médios e grandes agricultores, que requerem em torno de R$ 5 milhões por safra, dos quais aproximadamente 20% seriam financiados pelo Fiagro.