Trump Cancela Reunião com Líderes Democratas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou, nesta terça-feira (23), uma reunião prevista com os principais líderes democratas do Congresso, cujo objetivo era discutir a questão do financiamento do governo. A decisão aumenta a probabilidade de uma paralisação parcial dos serviços federais, que pode ocorrer a partir da próxima semana.
Conflito entre Democratas e Republicanos
Democratas e o presidente, que integra o Partido Republicano, estão em lados opostos em relação à responsabilidade pela possível paralisação do governo. Essa situação gera preocupações sobre a interrupção de diversos serviços federais e a potencial licença temporária de centenas de milhares de funcionários públicos.
Em uma postagem em sua rede social, Trump afirmou: “Decidi que nenhuma reunião com os líderes democratas do Congresso poderia ser produtiva”.
O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, junto ao líder na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, relataram anteriormente que Trump havia acordado participar de uma reunião na Casa Branca ainda esta semana, antes do vencimento do prazo para o financiamento do governo, que se encerra em 30 de setembro.
Os parlamentares enfrentam um desacordo em relação ao financiamento discricionário, que é responsável por cerca de um quarto do total aproximado de US$ 7 trilhões do orçamento federal.
Resposta dos Democratas
Schumer, em uma declaração, destacou que os democratas estão preparados para trabalhar e evitar a paralisação, afirmando: “Trump e os republicanos estão mantendo a América como refém”.
O ponto central da discussão gira em torno de como obter votos suficientes no Congresso, que está fragmentado, a fim de aprovar um projeto de lei temporário que assegure o funcionamento do governo no novo ano fiscal, que se inicia em 1º de outubro.
Créditos Fiscais em Jogo
Além disso, Schumer enfatizou a urgência de que o Congresso prorrogue um crédito fiscal que amplia os prêmios de seguros de saúde subsidiados pelo governo federal, cujo vencimento está programado para 31 de dezembro. Segundo a organização sem fins lucrativos KFF, os pagamentos dos prêmios, pagos do próprio bolso, devem aumentar mais de 75% no plano do Obamacare que entra em vigor no dia 1º de outubro. Schumer observou que essa questão é crucial: “É a diferença entre uma família conseguir pagar a hipoteca e ter acesso à saúde”.
Líderes republicanos, por sua vez, indicaram que não são contrários à prorrogação do crédito fiscal, mas argumentam que um projeto para financiamento temporário não seria o modo adequado de tratá-lo. Na semana anterior, a Câmara dos Representantes, que está sob controle republicano, aprovou um projeto que buscava estender o financiamento do governo até 21 de novembro. Contudo, a proposta não teve sucesso no Senado, onde os republicanos ocupam 53 das 100 cadeiras.
Ataques de Trump aos Democratas
Em uma extensa postagem em sua rede social, Trump criticou os democratas, afirmando que estaria disposto a se reunir com os líderes dos partidos apenas “se eles se tornarem sérios quanto ao futuro de nossa nação”. Apesar de não especificar suas condições, Trump mencionou que “tudo o que os democratas do Congresso querem fazer é aprovar políticas radicais da esquerda que ninguém votou, altos impostos, fronteiras abertas, nenhuma consequência para criminosos violentos, homens nos esportes femininos, cirurgia ‘TRANS’ financiada pelos contribuintes, e muito mais”.
A Posição dos Democratas sobre Fronteiras
Os democratas, em termos gerais, têm apoiado iniciativas voltadas para a segurança da fronteira dos Estados Unidos com o México. Entretanto, têm criticado as táticas unilaterais adotadas por Trump, como as deportações que ocorrem sem o devido processo legal. Também se opuseram ao uso da Guarda Nacional de estados em cidades sob controle democrático, que supostamente teria como finalidade reduzir os índices de criminalidade.
A posição de os democratas se opondo a projetos que visam manter o governo funcionando coloca-os em uma situação surpreendente, uma vez que Schumer frequentemente criticou ao longo dos anos os republicanos por votarem contra as chamadas resoluções contínuas, como a que foi aprovada pela Câmara na semana passada.
Possibilidade de Paralisação
O governo federal já enfrentou paralisias parciais 14 vezes desde 1981, porém ainda não é claro quais operações continuarão em funcionamento e quais serão interrompidas a partir do dia 1º de outubro, caso o financiamento não seja renovado. O Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) ainda não divulgou os planos de contingência que englobam as agências.
É importante destacar que os gastos obrigatórios, como os benefícios da Previdência Social e do Medicare, assim como os pagamentos de juros sobre a dívida pública dos Estados Unidos, que atualmente está na faixa de US$ 37,5 trilhões, continuariam em vigor na eventualidade de uma paralisação.
Fonte: www.moneytimes.com.br