Acordo de Livre Comércio entre União Europeia e Mercosul
Apresentação do Acordo
O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul será apresentado pela Comissão Europeia nesta quarta-feira, dia 3 de outubro, para aprovação. Essa iniciativa mobiliza a Alemanha e outros países da UE que buscam novos mercados, tendo em vista o impacto das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se tornaram uma preocupação para a França, a principal crítica ao acordo, e seus aliados.
Negociações Concluídas
As negociações entre a União Europeia e o bloco do Mercosul, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, foram concluídas em dezembro do ano passado, aproximadamente 25 anos após o início dessas discussões complexas.
Processo de Aprovação
O acordo agora passará pelo processo de aprovação da União Europeia, que inclui uma votação no Parlamento Europeu e requer uma maioria qualificada entre os governos dos países membros. Isso significa que pelo menos 15 dos 27 membros da UE devem apoiá-lo, representando 65% da população da União Europeia. É importante destacar que não há garantia de que a aprovação ocorrerá nas duas instâncias.
Objetivos do Acordo
A Comissão Europeia e os países favoráveis ao acordo, como Alemanha e Espanha, defendem que essa parceria representa uma oportunidade para compensar a perda de comércio resultante das tarifas impostas pelos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência da China, especialmente em relação a minerais essenciais.
Busca por Alianças Comerciais
Desde a reeleição de Trump, em novembro do ano passado, a União Europeia tem se esforçado para fortalecer suas alianças comerciais. Isso inclui a aceleração das negociações com países como Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos, além do aprofundamento das relações com parceiros comerciais tradicionais, como Reino Unido, Canadá e Japão.
Importância do Acordo
O executivo da UE declarou que o acordo com o Mercosul representa o maior tratado já firmado em termos de reduções tarifárias e é uma parte crucial dos esforços da União Europeia para diversificar suas relações comerciais.
Críticas ao Acordo
A França, sendo o maior produtor de carne bovina da UE e uma das principais vozes críticas do acordo, qualificou o tratado como "inaceitável". Além disso, agricultores europeus têm realizado protestos, argumentando que o acordo poderá resultar na importação de commodities sul-americanas a preços reduzidos, especialmente carne bovina, que não estaria em conformidade com os padrões de segurança alimentar e ambientais da União Europeia. A Comissão Europeia refutou essas alegações.
Oposição de Grupos Ecológicos
Além das críticas de agricultores, grupos ecologistas na Europa se mostraram contrários ao acordo. A organização Amigos da Terra, por exemplo, descreveu o tratado como um "acordo destruidor do clima". Esses grupos esperam que o acordo enfrente obstáculos tanto no Parlamento Europeu, onde a oposição dos verdes e da extrema direita é significativa, quanto entre os governos da UE. É possível que se um bloco de países, como Polônia e Itália, se aliar à França, a maioria necessária para a aprovação não seja alcançada.
Vantagens ao Setor Europeu
Os defensores do acordo na União Europeia enxergam no Mercosul uma oportunidade para expandir o mercado europeu de produtos como carros, máquinas e produtos químicos. Além disso, o Mercosul é visto como uma fonte confiável de minerais essenciais para a transição verde do continente, como o lítio metálico, vital para a produção de baterias, da qual a Europa atualmente depende da China.
Benefícios Agrícolas Apercebidos
Os defensores do acordo também destacam benefícios potenciais para o setor agrícola europeu, uma vez que o tratado poderia facilitar um maior acesso aos mercados da UE e a redução de tarifas em produtos como queijos, presunto e vinho provenientes da União Europeia.
Contexto Final
Esta situação atual revela a complexidade do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, envolvendo interesses variados e apresentação de benefícios e desvantagens distintas para os países envolvidos.
Reportagem de Philip Blenkinsop